Puxa, você não sabe ainda que tudo isto foi seqüencial? Estou eu jogando sinuca no bar com dois amicíssimos e uma amicíssima. De súbito chegam três usuários, a cheirar "a coca" como animais, fungando endiabradamente, sonoras puxadas, porcos focinhando. Um deles se vai. Ficam: um cara de vinte e poucos e uma mina nessa faixa. Entram no banheiro feminino: transam como se estivessem na selva. Saem, primeiro ela, depois ele. Ninguém viu nada. Boca fechada. Não satisfeitos, voltam os dois ao mesmo banheiro sugismundo. De novo a emitir brados de prazer do interior do recinto, supostamente para higiene pessoal. Perco a concentração, despeço-me dos amigos. No banco do metrô, distraído e puto da vida em ter visto pessoas se auto-destruindo, sento, sem prestar atenção, na urina de alguém bem-educado por nossa fábrica social. Quarenta minutos de metrô, mais cinco andando até chegar em casa - ainda com a bunda muitíssimo bem-hidratada (ela me dizendo: "obrigada!") com a volumosa solução de uréia alheia. Em mente o desejo de pedir uma pizza, para comê-la junto de meu irmão ao chegar. Ele está roncando quando finalmente chego ao lar, doce lar. Não importa - "vou tomar banho". Nem preciso dizer que já havia tomado durante o dia, mas a surgida ocasião me fez ladrão de água... Depois do banho venho pro PC. Descubro que o que chamei de relacionamento está findado. Estou até agora estupefato, retardado, imbecil, um palhaço sem sorriso, um gesto friso. Preciso lhe dizer quão maravilhoso é receber notificação de fim de namoro via orkut!
Não reclame, amigo, se você não passou pelo que passei. Felicite-se por jamais ter tido de agüentar 40 minutos de urina de outrem pregando as tuas ancas à cueca e à calça, porque, a não ser que tu te despisses em público, mostrando tuas vergonhas, não haveria como não passar pelo mesmo. E felicite-se por não ter recebido notificação de fim de um relacionamento - que se diz mútuo, convenhamos - por orkut, sendo que a pessoa em questão teria como ter te ligado, pois tem seu número de telefone. Enfim, felicite-se, porque "fundo do poço", disse a sabedoria fraterna, é conceito para os que acham que sofrimento tem fim. Ter, tem. Mas só sabem algumas poucas pessoas, que muito, e digo: muito muito muito sofreram nesta vida.
Chega de pregar-lhe sermões. Cada qual, cada um, aliás, estamos no capitalismo selvagem. Aqui não tem choro nem vela. Tua tristeza e mazela, disso não me importo. Com licença, preciso dar uma fungada - no papel higiênico, esteja claro. Boa vida!
Há 4 horas
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