sábado, 31 de maio de 2008

Um breve tour pelo "Carandiru" (atualizado em 03/03/2009)!)


Hoje, eu, colegas e professoras do meu técnico de Museu fizemos um tourzinho pelo Parque da Juventude e nossa escola. Descobrimos várias coisas: que é frio no sábado de manhã no Parque, que nós temos que obter autorização para tirar fotos lá dentro (o que felizmente tínhamos em mãos) e, principalmente, que ao se retirar placas de lã de vidro é obrigatório o uso de óculos de proteção, máscara e luvas.

Após verificarmos o que se encontrava sobre as placas de lã de vidro de várias salas, com a devida autorização da diretoria, deve-se dizer, e acompanhados das nossas professoras para o procedimento, terminamos com três pinturas (realizadas por presos?) encontradas. Uma era a bandeira dos Estados Unidos, a outra da Inglaterra, e, por final, na sala dos professores, encontramos um belo pássaro azul retratado. A bandeira dos Estados Unidos tinha uma característica peculiar, entretanto: ao invés das usuais 51 estrelas, a que encontramos possuía incríveis 96! Apesar do erro quanto ao número de estados, ela estava bem simétrica para seu tamanho e a (baixa) qualidade da tinta utilizada.

Eis as fotos da nossa investigação:




Fora isso, o que me interessou mais foi ter a sensação direta de encontrar-me dentro de uma cela, com a porta fechada. Além da cela ser escura, possui também um quê fantasmagórico, sombrio, quando você está dentro dela, sozinho, entre quatro paredes e uma grade e uma porta, diametricamente opostas. Muitos dizem que a solitária acaba por deixar o indivíduo louco. Não duvido mais.



E quando eu olho a foto acima, não imagino como se poderia dormir sobre o cimento, duro, frio, sem o mínimo comforto que eu julgo necessário para se conseguir dormir. Certamente, não defendo ninguém que se encontre preso, porque infringiu alguma lei - descontando os realmente inocentes -, variando desde roubar um queijo ou um pãozinho - que se for para matar a fome, não vejo porque a pessoa deveria ficar presa durante anos esperando julgamento - até os crimes hediondos, que realmente devem ser punidos com a detenção do indivíduo, e seu isolamento da sociedade. Se os crimes hediondos não fossem punidos, acho que a sociedade viveria miseravelmente, tendo em vista a gravidade desses crimes. Na wikipédia tem um apanhado bem resumido sobre o que são os crimes hediondos. Genericamente falando, são crimes moralmente condenados pela sociedade, desprovidos de ética, e ofensivos à qualquer pessoa que se encontre plenamente sã. Tortura, homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte), entre outros. E é óbvio que eu considero o estupro o mais horrendo de todos os crimes.

Algumas fotos das celas e de nossa equipe:




Enfim, é por isso que quando nós olhamos para as pinturas que encontramos, não sentimos piedade dos presos. Eu, por exemplo, nunca fiz nada para ir preso. Mas há pessoas que o fazem. E a sociedade estaria em uma situação muito pior caso tais pessoas não fossem separadas de quem nada cometeu contra a moral vigente. O Genocídio dos Armênios, que ocorreu entre 1915 e 1917, sob a ótica de vários países que poderiam tê-lo impedido ou mesmo parado, ficou notório por causa de um detalhe muito assustador: foram libertados 12.000 presidiários turcos, que cumpriam as penas mais diversas, para dar cabo da matança, do morticínio, da hecatombe de 1 a 1,5 milhão de inocentes civis armênios: idosos, crianças, mulheres grávidas, ninguém foi poupado. Mas como o tema é forte, quem quiser saber mais, acesse o link acima, que dá para a wikipédia, inclusive citando a libertação dos 12 mil detentos para levarem a cabo o primeiro genocído do século XX.

"Massacre" - Jansem Hovhannes Semerdjian (nascido em 1920)

E o que mais me assustou, após eu ter lido um chocante livro sobre o assunto, foi a brutalidade dos crimes. A cada preso libertado era fornecido um sabre, para economizar balas. Agora imagine, se você puder, o que é dar-se de cara com um exército fardado, mas cujos homens não merecem o respeito que uma farda impõe. São pessoas que acabaram de sair do presídio, sem cumprir suas penas, e na posse de armas - e, o pior, em grande número. Muitos falam da crueldade do Holocausto, e eu confirmo: foi cruel. Morreram cerca de 6 milhões de judeus. Agora não ouço na escola sequer a menção do Genocídio Armênio, no qual foram trucidadas 1,5 milhão de vidas inocentes. É 1/4 do Holocausto. E o pior do Genocídio Armênio é a falta de ponto de referência. Morreram 1,5 milhão de armênios, mas a resistência armênia era virtualmente impotente contra o numeroso e bem-armado exército turco, e as baixas turcas devem ser irrisórias, não alcançando nem uma centena. O Holocausto, por outro lado, envolveu a morte de 6 milhões de judeus, mas inscreve-se num período histórico em que morreram +66 milhões de pessoas, das quais 6 eram judeus. É um número alto? Com certeza. Mas há pelo menos uma perspectiva de que a 2ª Guerra e todos os conflitos por ela desencadeados nesse período histórico ceifaram +60 milhões de vidas, o que faz do Holocausto um evento terrível, mas que não deveria ser o foco do historiador.

Aperta-me a garganta falar desse Genocídio, mas quem não aprende com os erros passados (da História humana, por exemplo), tende a repeti-los no futuro, até que se aprenda a não cometê-los mais. Só que tal teoria tem um pequeno probleminha, ao menos no que se refere a esse caso particular: o Genocídio Armênio não foi um erro. Ele foi friamente calculado, assim como a libertação desses presos, e o fornecimento de fardas para esses indivíduos, e de sabres devidamente afiados, ou fuzis, em menor número. Os líderes turcos que decidiram, em uma reunião formal - à qual compareceram personalidades ditas eminentes, ditas respeitáveis, e de fato influentes - a morte de tantas almas, o fizeram como quem joga xadrez. Toda a sanguinolenta estratégia foi decidida dentro de uma salinha, e nada de sentir-se mal pelo extermínio no qual tiveram participação total, tendo sido eles os desencadeadores do massacre.



Muitos judeus não sofreram metade do que os armênios sofreram. Eu realmente acho que é hora desse Genocídio ser exposto por professores de História, uma vez que até a França, recentemente, condenou a Turquia pelas atrocidades cometidas. A França tomou a honrável decisão de tornar a negação do Genocídio Armênio punível por lei. Sim, eles criaram uma Lei para quem ousa negar um fato relatado por correspondentes de diversos países, ingleses, americanos e alemães que deixaram o mundo perplexo com o relato da desumanidade cometida contra a população armênia. É claro que o presidente francês de então era Jacques Chirac, que também se recusou a mandar reforços franceses para uma guerra ilícita e mentirosa, também conhecida como Guerra do Iraque. Não sonhemos que Nicolas Sarkozy faça o mesmo. Ele já mostrou o desprezo pessoal que tem pelos direitos humanos. Como dissse um jornalista, ele põe o dinheiro à frente de considerações morais. Em visita à Tunísia, o país mais rico do norte da África, e cujo governo é conhecido por oprimir manifestações e opiniões contrárias, ostentando um regime equiparável a uma semi-ditadura, Sarkozy assinou um contrato para venda de 19 aviões para a companhia de aviação Tunis Air, sendo o valor da venda superior a 1 bilhão de euros. Sobre direitos humanos, não respirou uma palavra.

Faz tempo que li uma frase, que cada dia faz mais e mais sentido quando vejo o que ocorre na política, na economia, enfim, em praticamente qualquer área de atuação: "não é o poder que corrompe os homens; são os homens corrompidos que se tornam ainda mais corruptos com o poder."

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Cuida Bem do Que é Teu (ou:) Segue teu destino, Prometeu

Fui péssimo na prova de Matemática hoje. Sentir-me-ia muito mais feliz se não tivesse sequer pegado no livro? Sei lá. O fato é que cada um sabe o quanto estudou, e eu tenho plena consciência de quanto eu estudei. O que me espanta é o nervosismo e a tensão que me acometem durante uma prova de Matemática. Nossa, é desgastante.

Talvez este esteja sendo um período de provações para mim: como conciliar meus amplos interesses fora do restrito mundinho escolar com o que a escola exige de mim como aluno, nomeadamente: presença, trabalhos, provas. Se for partir à análise desses três componentes da minha "vida escolar" neste ano, concluirei que minhas faltas estão sob controle (sim, eu as conto bimestre a bimestre para não chegar próximo ao limite), estou com um ou outro trabalho a fazer, e nas provas não estou me dando mal o suficiente para me preocupar. Isso quer dizer que estou atingindo a média mínima sem Recs, por enquanto.

Mas se eu quiser fazer algo por mim mesmo, eu também já conclui que esse algo não tem qualquer relação com a escola. Eu tenho dezenas de livros já selecionados para leitura em casa, e não encontro tempo para lê-los. Além disso, minha wishlist de livros já está passando dos 40, e esse é um patamar um pouco alto para minhas atuais condições financeiras... Resultado: Sem o poder econômico para comprar os livros que eu agora estaria lendo ao invés de postar (possivelmente), não posso lê-los. Sem tempo para lê-los (ou a falta de uma administração inteligente deste, pelo menos), de que adiantaria comprá-los? Quando vem alguém em casa eu realmente não suporto agir como pesssoas que se passam por cultas fazendo "uma brevíssima introdução" ao número de livros que possui em casa. Prefiro lê-los a mostrá-los, e pegar emprestado da biblioteca a comprá-los, sem dúvida.

O que me aflige está diretamente relacionado a isso. Há anos, ou ao menos desde minha entrada na Federal, venho pensando neste termo: "falta de tempo". O engraçado é que até a 8ª série eu não tinha noção do que significava, mesmo fazendo olimpíadas pelo Objetivo aqui e acolá, além do japonês e do inglês, e a escola, obviamente. E mesmo assim, minha média não ficava abaixo dos 8,5 na escola, fiquei em 9º no Concurso Literário Interno do Colégio Objetivo(CLICO 2005) - que envolve participação de alunos de todos os Colégios da rede Objetivo espalhados por São Paulo; passei de nível com nota máxima na prova de final de ano do Nihongakko da ACESA, com a Kobayashi sensei, além de ter obtido meu FCE (First Certificate in English) naquele ano também. O que mudou tanto, então? É isso que me corrói nas entranhas, incessantemente, dia-a-dia. E eu ainda arranjava tempo para treinar escrever com a mão esquerda, não sei pra quê (com bons resultados, deve-se dizer). Enfim, hoje eu "só" faço técnico à noite + médio de manhã, portanto qual seria a diferença?

Já que é para chutar o balde, eu digo mesmo: se for para passar de ano de forma medíocre, eu passo. Porque eu sei do meu potencial para passar no vestibular, assim como eu passei na Federal e provavelmente no concurso da FUNDAP, cuja prova realizei recentemente, no dia 18/05. Eu sei do que eu sei, mas não é ao conhecimento obtido na escola que me refiro. É a tudo que se pode aprender nos livros - e ler muito não exclui trabalhar para se sustentar, razão porque fiz a prova da FUNDAP para estagiário, ganhando algo merrecas, mas capaz de saciar minha voracidade por livros, por ora.

Meu desprezo pela escola está muito bem fundamentado. Evitando citar nomes, creio que poderia ter topado com melhores professores de Química numa instituição dita top class, ou a "elite cultural', como se referiu a ela um caro amigo meu, em um artigo acadêmico. Assim como poderia ter encontrado uma maior estabilidade em relação a professores de Física, porque seis em três anos é assustador, considerando que o normal e aceitável seria um por ano. Deixo bem entendido, sobretudo, que só considero um desses seis (não estou implicando que o sexo dele é masculino, porque não é) como um verdadeiro professor, tendo em vista que os outros cinco não me auxiliaram no aprendizado, ao menos não no que tange ao aprendizado dentro da sala de aula - por suposição o local onde o aluno deveria aprender. O que eu aprendi em muitas matérias ao longo dos dois anos passados e este que estou cursando foi devido, em primeiro lugar, a um ferrenho autodidatismo e, em segundo lugar, à sorte, que se tornaram meu pão de cada dia desde minha incursão no sistema educacional público brasileiro - isto é, desde 2006, meu primeiro ano no CEFET-SP.

Depois da Federal, pode vir qualquer coisa. No meu primeiro ano me meti em tiroteio de bala de verdade, então as balas de borracha são fichinha agora. É como o slogan da camiseta do IME-USP diz: "Entrar no IME é fácil, difícil mesmo é sair!!!". Entrar na Federal não requeriu um QI de +140 (que eu felizmente não tenho ou então tem sido um segredo muito bem guardado dentro de mim até hoje). Por outro lado, ir bem nas 14 matérias do 1º, 13 do 2º e 12 do 3º ano (não estou dizendo manter-se na média), em todos os bimestres, é - desculpem-me a força da gíria - osso. E, pra mim, finalizar o Ensino Médio na escola e passar na FFLCH-USP e no técnico e no concurso da FUNDAP já está bom demais. Se algum desses falhar, que falhe. A vida é mais multifacetada do que imaginamos. Guardem bem o que eu digo: prevalece nesta Terrinha a visão unilateral, a perspectiva limitada e o escopo finito do homem. Mas, observando-se as estrelas, descobre-se que no universo as coisas são muito mais excitantes, e a multilateralidade é regra...


Anyway, as the saying goes, "From the fire comes light..."

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Como sempre, todo bastão tem duas pontas...

3º dia consecutivo sem comparecer à escola, mas o 1º em que fiquei mal mesmo. Fora um pequeno corte não muito preocupante na boca por incidente banal, após o banho matinal meu olho esquerdo ficou vermelho como fogo e lacrimejando sem parar. De mala pronta e trocado, não acreditei naquilo. O dia em que finalmente iria quebrar o jejum com a escola aparece-me um obstáculo desses! Pois bem, pensei, já passa - tenho tempo para lavá-lo até voltar ao normal. Ledo engano: depois do olho (que não desavermelhou e deixou de escorrer lágrimas senão após uma hora, deve-se dizer) foi a vez do nariz: meros minutos de banho tomado e ele resolve fazer uma greve com adesão de 100% dos componentes. Resultado: Obstrução nasal total, olho esquerdo lacrimejando e vermelho como ferro em brasa - não se preocupem, nada de hemp/cannabis/shilom (popular maconha) comigo. Fazer o quê, né?

Bem, eu não fiquei desesperado. Sei há algum tempo - e pratico sempre que preciso ou sinto-me inusitadamente com vontade - que a meditação ajuda a respirar nesses momentos em que suas narinas simplesmente se recusam a trabalhar como de costume. Na praia entrei numa fria uma noite, mas a meditação salvou o restante - portanto, por que não tentar, não é mesmo? Vamos lá: marco 22 minutos no relógio, sento-me e procuro me concentrar, calmamente, em um ponto entre meus dois olhos - um pouco acima - com ambos fechados. Impossível! Não consigo respirar e na meditação não se deve forçar ou controlar a respiração - razão por que não se recomenda praticá-la quando doente, li certa vez. Bem, resumindo: levantei-me, calmo, porque tentei fazer o que podia (e bebi muita água, claro), deitei-me no sofá e liguei o rádio na insubstituível rádio Cultura (FM:103,1/AM:1200kHz).

Estou deitado no sofá, com a Mel (cachorra) no chão, ao lado, me cutucando com o focinho para acariciar sua cabeça. E a rádio ligada, tocando cordas, violino, cordas, violoncelo, cordas, cordas, cordas. E eu simplesmente amo cordas! Que bom, o bastão está virando, agora relaxa. De repente *oiço*, em meio à programação musical: "Promoção para os dias 3 e 4 de junho, Teatro Cultura Artística, sorteio de cinco pares de ingressos para o Vilnius Festival Orchestra, regido por Krzysztof Penderecki, para os participantes premiados,... a ser realizado na Sala São Paulo... liguem para um dos números de telefone, ouvintes... XXXX-XXXX e o outro YYYY-YYYY". Corro para o aparelho, telefono para ora um ora outro - não perco a paciência (aliás, quero ver tirarem minha paciência após a meditação). De repente uma luz: "Por que você não tenta ligar para o segundo(número), ao invés de ficar que nem uma barata tonta ligando a torto e à direita, a esmo, sendo que ambas as linhas encontram-se sempre ocupadas com esse método nada eficaz?"... Não poderia recusar tal insight surgido do nada, né?

Alternando os números eu tinha tentado cerca de 10, 20 vezes (perdi a conta com a repetição monótona). Tentando somente o segundo número consegui, adivinhem... na 3ª vez! Pois bem, penso, que presságio bom esse que apareceu de súbito na cabeça.... a cachola está funcionando para algo, afinal! Dou meu nome completo, RG e número de contato para o simpático e bem-humorado sujeito do outro lado da linha, que inclusive fez-me rir com uma piadinha amigável sobre o meu sobrenome Januário. Caramba, livrei-me daquele blues que se apossara de mim quando vi meus esforços de acordar cedo para ir à escola irem água abaixo.

Bom, pensei (como eu penso, credo!), que tal estudar um pouco de Matemática? A sugestão não poderia ter sido mais benvinda... a questão se resumia a, matematicamente falando, calcular as coordenadas X eY do baricentro de um triângulo, dados os pontos A(X1, Y1), B(X2, Y2) e C(X3, Y3). Foi fornecida a forma geral da equação da reta, portanto precisava-se apenas fazer a operação X1+X2+X3/3 (encontrando a coordenada X que se devia substituir na incógnita X da equação da reta) e Y1+Y2+Y3/3 (substituindo esse valor encontrado na incógnita Y da equação da reta). A equação estava na seguinte forma 13X + 5Y + 8 = 0. Bom, a resposta era que os valores encontrados para X e Y não correspondiam à igualdade (=0) definida pela equação da reta.

Foi terminar o exercício acima e escutei a menção de um tal de "Fernando Pimenta" em uma voz de radialista. Estava absorvido já no próximo problema e só fui me dar conta que meu nome estava sendo dito pela segunda vez, dentre os sortudos participantes sorteados! Segundo a radialista, estariam entrando em contato conosco em breve, para maiores informações. Haha! E eu ganhei um par de ingressos para dois dias, 3 e 4 de junho! Não precisarei ficar duas horas em pé numa fila para conseguir, nos últimos dez minutos de espera, os suados ingressos por R$10,00, ainda com muita dificuldade (esperam dar 10 minutos para começar o concerto para começarem a vender para os estudantes, já que estudantes com menos de 30 anos pagam R$70/80,00 a menos por cada ingresso, e há sempre aqueles com *melhores condições econômicas* (nada como um eufemismo, ham, ham) que podem comprá-los no preço original). Enfim, políticas *capetalistas* antiéticas à parte, de três vezes que eu fui (este domingo, segunda e terça, respectivamente), só consegui ingresso no domingo, mesmo chegando à Sala São Paulo com antecedência. Duas idas e voltas com as mãos abanando, acabando com a minha exígua cota escolar no processo.

Julguem agora minha sorte: Economizarei R$40,00 - pois normalmente meu irmão não tem grana no dia e eu empresto pra ele - quando eu tenho, aliás -, terei o nobre($) privilégio de chegar cinco minutinhos antes do concerto, somente perdendo, em contrapartida, algum ou alguns pontos de química... De qualquer forma, ir ou não à escola não é exatamente uma escolha quando tu estás no meu lugar(e isso eu não desejo a ninguém)... Sorte ou azar à parte, o que vale mesmo é aquele antigo provérbio, tirado das ruínas soçobradas da Arca de Noé, ou mesmo d'antes disso: "Todo bastão tem duas pontas." O bom e velho Yin-Yang. Aliás, o universo tem tudo a ver com balanço... por mais que a vida pareça injusta enquanto pouco sabemos dos mecanismos desta impressionante infinitude.

Adieu, caros leitores. Agora à Matemática.

Para os que não sabem: Estou vivo ainda!

Olá! Faz muito tempo que não posto... Pois é: esta semana passou como um relâmpago para mim. Depois da volta de Bertioga, tudo mudou. Minha percepção das coisas, minha força de vontade (seja lá o que isso for), tudo.

Não sei se é porque não estou indo muito à escola, mas passei a ficar mais tranqüilo, a olhar as coisas com perspectiva, calmo e atento. Ah! estou lendo Madame Bovary, de Gustave Flaubert, também.  

Em português, quando li o livro há um ano, aproximadamente, foi bastante suave a leitura, sem dificuldades quaisquer. A versão que eu estou lendo agora, em inglês, é o oposto da minha primeira incursão pelas personagens do mundo criado por Flaubert, no entanto... Não sei se é porque a tradução do francês para o inglês exigiu uma utilização absurda de adjetivos e substantivos nunca antes vistos por mim (ou então esquecidos) na língua anglófona...

É capaz mesmo que minha viagem à Bertioga tenha me mudado completamente. Completamente não, vai. Deixou-me um pouco mais realista quanto à minha realidade escolar. O que estou aprendendo? Por quê? Devo me preocupar com o vestibular (*não*!)?

Enfim, prefiro viver uma vida minha do que querer ser como muitas pessoas que acabem ficando insanas por causa de um vestibular. Passar no vestibular não quer dizer nada além do que: "você agora cursará um ensino superior (de qualidade)". Não quer dizer que você é inteligente, nem que você está acima da média (não me importa se tu queres Medicina, Direito, Jornalismo ou RI). Ser inteligente envolve muito, mas MUITO mais do que responder maquinalmente a questões manufaturadas tendo como base uma grade curricular falha, gasta, e extrapolada... Ser inteligente é saber, ao mesmo tempo, afiar uma faca e fazer matemática, montar um cavalo e ser poliglota na própria língua, falar línguas estrangeiras sem sotaque algum e não deixar de lado a Física e a Química, enfim, ser inteligente não é algo que possa ser comprovado pelo vestibular, muito menos por testes de QI.

Sabe por quê? Porque eu passei na Federal sem estudar- e não me orgulho disso, pois sei que muitos outros amigos e conhecidos meus passaram dessa mesma forma - e não sou nem um pouco inteligente. Aliás, quase repeti o primeiro ano (devendo 8,5 pontos em Física, 4,5 em Matemática e 3,0+ em Química - deve ser algum recorde dentro da Federal...), e o terceiro tem sido meu ano mais vagabundo - se for levar em conta minha freqüência escolar. Nos outros campos - técnico, leituras e concertos -, entretanto, você verá que minha vida não é delimitada pelo âmbito escolar. Minha vida é a antítese da escola: não gosto de prazos - porque aprender é algo duradouro, é para a vida toda, e não termina com a escola, ou com o último emprego antes da aposentadoria.

Ãh, ãh, meu amigo. Os padrões escolares não deveriam deixar nenhum aluno depressivo, como eu fiquei no primeiro. Eles são um lixo. Apesar d'eu quase ter repetido de ano em 2006, foi um ano de leituras mil (Macunaíma, Feynman, etc), um ano em que passei no FCE (First Certificate in English), além de ter participado de um concurso de oratória em japonês e ter passado igualmente na prova do técnico. Será que valeria a pena repetirem-me de ano? Creio que não. Sabe por quê? Por tudo em que obtive sucesso nesse conturbado período, enquanto me ferrava em Física, Química e Matemática...

Mais sábio é Jesus (não, eu não pertenço a qualquer religião, fiquem seguros todos ateus ou agnósticos ou espirituais leitores do meu blog - se há), que disse: "Não julgueis e não serás julgado". Se me dão licença, opto por viver segundo minhas próprias medidas. Chega de comparar-me com os outros. A comparação é a pior medida de felicidade possível. Se cada um olhasse um pouco mais para o seu umbigo, seria capaz de limpá-lo logo, ao invés de ficar procurando a sujeira nos buracos umbilicais da vida dos outros.

Não quero dizer com isso que ignoro o sofrimento diário dos palestinos, dos iraquianos, dos afegãos e de boa parte dos africanos. Ao contrário, já chorei muito por causa das mais de 850 milhões de pessoas que estão passando fome no mundo enquanto escrevo. Só não acho que minhas notas escolares serão de qualquer auxílio ao infortúnio de vidas alheias que me chocam. E ficar obcecado com a minha carreira profissional não me ajuda a ter empatia com quem sofre. Pôr-me no sapato dos outros é árduo, é doloroso. Mas isso não me impede de tentar fazê-lo.

Eu não irei ignorar, por escolha, o sofrimento de milhões de crianças famélicas ao redor do mundo. Parar de pensar no que os outros pensam de mim (quando falto à escola, por exemplo), por outro lado, tem o incrível potencial de fazer-me sentir menos egoísta... Talvez eu esteja sendo menos egoísta quando paro de pensar em mim mesmo, por brevíssimos, porém valorosos, intantes. São aqueles raros átimos em que a vida passa em frente aos nossos olhos como um filme. Momentos que, vivê-los, vale uma vida toda. Ver o que fizemos e o que deixamos de fazer, e as conseqüências que minhas ações (ou ausência de) surtiram na vida de familiares, amigos, próximos, e todos que já passaram ou ainda estão fazendo parte do meu círculo vital.

É por esses momentos que eu vivo. Momentos em que a Matrix falha, e eu posso pensar com claridade, como se os grilhões não estivessem lá, ou se seu peso tivesse sido mitigado por algum Hércules escondido nas entranhas da minha mente.  A leveza que toma conta do meu ser - por alguns segundos ou minutos - é incrivelmente capaz de alterar todo um dia. Poder estender esses momentos a princípio efêmeros é minha meta. Vivenciá-los todos os dias seria começar a viver, o renascer das cinzas que jazem no meu imo. Seria reencontrar a minha Fênix interna.

Que meu post seja um grito de liberdade aos que sofrem com as medidas equívocas de um sistema educacional fraudulento!


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Tow Sawyer ou... Aprontar é Viver!


Acabei de ler Tom Sawyer, do escritor Mark Twain. Como Twain já dizia, a história contada no livro é um hino à juventude e às liberdades que fazem dela o tema de numerosas poesias do Romantismo. A nostalgia que muitos adultos sentem por não terem aproveitado, tudo quanto podiam, quando crianças, não é à toa: Tom Sawyer imagina-se pirata, ladrão, um apaixonado - tudo que sua fértil imaginação é capaz de produzir, frente a um ambiente de punição iminente dentro da sala de aula, e a uma sociedade que não entende as saudáveis peripécias infantis.

Se a coragem apresenta seus primeiros sinais na infância, então Tom personifica o arauto da coragem. Não só isso: sua criatividade se ramifica em diversos campos, porque ele é mestre em negociar suas obrigações domésticas, convencendo brilhantemente; o que não exclui o fato dele tornar-se um explorador, caçador de tesouros e um grande companheiro de aventuras.

E o livro, para imortalizar essa audaz personagem, termina com sua jovialidade intacta. Porque não poderia ser de outra forma. Veja bem, se a história foi escrita como uma homenagem à aurora da vida, que é a juventude, seria muito arriscado adentrar na futura vida adulta, carregada de responsabilidades burocráticas que poderiam enterrar o tesouro de criatividade encontrado na feliz infância; aliás, como um menino aspirador, esperto e ousado, com suas "malícias inocentes", se encaixaria no papel de um respeitável homem de negócios, ou noutra posição igualmente notória? A notoriedade é o fim da criatividade, já dizia alguém...

Torna-se evidente a conexão entre Tom Sawyer e Ronin Hood, o herói que pratica o bem - dando uma mãozinha aos mais pobres - com o dinheiro dos ricos é claro... Comunismo, alguém? Brincadeira à parte, Tom Sawyer é um livro maravilhoso. A coragem e a ousadia encarnadas em um personagem têm o inabalável poder de transformar uma simples estoriazinha em uma grande história. E é assim que Mark Twain se consagrou como o criador do mito da juventude, nessa obra-prima que escreveu em 1876, exatos cem anos após ser declarada a Independência dos Estados Unidos. Alguns inclusive apontam para esse fato como sendo uma indicação de que a obra foi escrita em alegoria à "juventude" do próprio país, com seus moços cem anos de existência, à época.

E talvez seja tudo isso, por que não? Que o leitor descubra as entrelinhas desse grande livro - não em dimensões, porque tem pouco mais de 200 páginas, mas em apelar ao que há de melhor dentro de nós - o que se resume, a meu ver, a ser sempre um jovem por dentro, apesar da idade e das restrições sociais. Pois a mocidade, meus caros leitores, tem residência fixa somente no interior de nós...

Long live Tom Sawyer!

P.S.: Aliás, como Joe me apontou, não é o Robin Hood que vive sempre jovem. Seria o Peter Pan.

As Crianças de Huang Shi


Acabei de assistir a um filme emocionante: The Children of Huang Shi(2008). Imagine um homem muito corajoso, com fortíssimos ideais e que tenha conseguido, em vida, alcançá-los todos. Ele arrisca a própria pele salvando a vida de jovens e adolescentes chineses - quando a China é invadida por soldados japoneses - dando-lhes novas condições de vida - aquele mínimo de dignidade que falta a muitas crianças neste mundo.

É admirável a coragem e o caráter que ele demonstra ao realizar um trabalho tão humanitário fora de seu país natal, sendo obrigado a aprender uma língua cujo alfabeto é totalmente diferente - o chinês - somente para poder se comunicar diretamente com as crianças que tanto ama e ajuda. É um filme que mostra a que ponto uma pessoa pode se sacrificar, sem se revoltar contra a própria situação, lidando calmamente com os desafios mais diversos, e, acima de tudo, desenvolvendo a capacidade de ver o mundo de outra forma...

No fim do filme há relatos das crianças que ele salvou, hoje idosos, que falam dele como um grande homem. George Hogg foi um missionário que não salvou as crianças para convertê-las à sua religião, muito menos inculcar nelas algum tipo de dogma. Ele as ajudou pelo gesto - sacrificou-se em prol delas, apenas. E os relatos dos velhinhos - outrora crianças - são magníficos. Um deles conta que Hogg estava sempre sorrindo, e fazendo o melhor que pudesse, não importando as condições em que se encontrasse.

Foi um grande homem e, sobretudo, um grande exemplo do que é ser humano - não importe onde você viva, onde more ou onde esteja: Ser humano não traz impedimentos desse tipo. Aliás, a questão é a velha e boa "ser ou não ser". Ei-la, mais viva do que nunca... pois as chamas dessa eterna questão jamais se apagarão com o vento soprado pelo tempo.

sábado, 17 de maio de 2008

Violência policial


Fiquei puto com a foto acima, tirada em 10 de dezembro de 2006 pelo fotógrafo Eduardo Maia, do Diário de Natal. A foto tem o título “PMs reagem com força à ação de bandidos” e foi a ganhadora do 29º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, realizado em fins de 2007. Será que sou o único que fica indignado com esssa violência policial indiscriminada? Por que não é possível prender o infrator sem sujeitá-lo a mais humilhações, além das usuais?

Não, não os considero vítimas, mas será que não é possível levar a cabo o serviço sem se utilizar de brutalidade excessiva, prendendo o sujeito e dando fim ao problema? Eu tenho a leve impressão de que o dever já está perfeitamente cumprido quando se prende quem se busca prender, e não vejo como necessário bater, surrar, brutalizar, enfim - humilhar o sujeito que já está algemado. A polícia é necessária? Com certeza. A brutalidade policial após o indivíduo já estar algemado é necessária? Não. E acho que isso é um ponto final. Se é que o que eu acho tenha alguma valia para quem lê o que escrevo. Ponto final.

Ah, e sobre ditadura e Vladimir Herzog, explicados didaticamente, eis um "artigo camilesco". Dos melhores, cabe dizer.

Anjos do Sol (II)

Na aula de história de ontem, 16 de maio de 2008, a nossa professora indicou este ao mesmo tempo chocante e insubstituível filme: Anjos do Sol. João Hélio, o menino de classe média que virou notícia ao ser brutalmente morto por ladrões que fugiam de carro - enquanto ele se encontrava dependurado pelo cinto, em encontro com o asfalto - fez notícia por todo o país e ganhou a simpatia de milhares, senão milhões de mães, que choraram mais uma vida tirada por "pessoas" que só são capazes de dar valor a sua própria vida, banalizando a dos outros, com crimes cometidos contra criança inocentes como no caso do infeliz João Hélio. E recentemente houve o caso da garota que foi estrangulada pela madrasta e arremessada pela janela do edifício onde morava, pelo pai. Mais uma crueldade cometida, por pessoas com sinais evidentes de psicopatia.

O que todos esquecemos no calor da tragédia, no entanto, é que ambos são vítimas pertencentes à classe média. E todas as crianças que morrem em chacinas praticadas por policiais revoltados pelo assassinato em ação de um companheiro? E todas as crianças faveladas e marginalizadas que já viram parentes apanharem de policiais em represália, e viram amigos seus serem alvejados por policiais que "entram para matar" - independentemente de quem? Será que as estatísticas só alcançam as vítimas pertencentes à classe média para cima, enquanto centenas morrem sem qualquer holofote da imprensa para revelar os mesmos sinais de brutalidade cometidos contra elas, com a única diferença de que os assassinos representam o poder coercitivo do que chamamos de democracia?

E ampliando a discussão: como já diz meu professor de Sociologia, "A democracia em que vivemos é uma farsa". Nos Estados Unidos - "Uncle Sam"- há dois partidos políticos - o Republicano e o Democrata. Você vota no Republicano e o país entra em guerras intermináveis, ilícitas e anti-éticas - porque baseadas em mentiras e falsidades, usadas por políticos corruptos de forma tão eloqüente que chegam a parecer argumentos convincentes, as mentiras se transformam em verdades, com a capacidade incrível de mentir que os políticos norte-americanos no poder vêm desenvolvendo. E nada como mentiras ditas como verdade para enganar o público, cansado de procurar nos meios de imprensa usuais e nada encontrar de verdadeiro, apenas artigos promovendo a guerra e os tão chamados "neutros", ou mesmo os que dizem ter-se encontrado "provas conclusivas" contra tal e tal país. História antiga essa...

Enfim, enquanto houver centenas de milhares de crianças em meu país sofrendo abuso doméstico e comercial, seja ele físico ou sexual, nunca poderei considerá-lo uma democracia. Enquanto políticos continuarem fazendo todas as sacanagens do mundo com o dinheiro que é nosso, e mesmo assim continuarem sendo eleitos por votos ditos "limpos", e em seus mandatos roubarem mais dinheiro ainda do cofre público, enquanto um terço do país passa fome, nunca que este rincão de terra poderá ser chamado de democracia. E o latifundiário que mandou matar Dorothy Stang foi absolvido, após ter sido previamente condenado a 30 anos de prisão. Que bom! O crime já adquiriu uma áurea de impunidade neste país onde reinam as saúvas, e a saúde que se cuide...

Enfim, por todas as razões acima, eu recomendo de coração o filme Anjos do Sol (2006, do diretor Rudi Lagemann), porque retrata a realidade de muitas pessoas neste país. É um filme doloroso de se assistir, mas assim como todo bastão tem duas pontas, onde há impunidade e desgraças, quem tem um olho é rei - e, como sabiamente disse Tolkien, na majestosa obra Senhor dos Anéis: "Enquanto há vida, há esperança". A meus caros leitores com consciência, solto um brado: Não Deixemos a Esperança Morrer! Estamos vivos, e enxergar por trás das lentes nos faz senão ainda mais vivos, despertando nosso olhar para a faceta freqüentemente negligenciada de nosso amado País. A reflexão que o filme possibilita é profunda e real: e cheguei à conclusão de que a realidade é certamente mais assustadora que a própria ficção.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Descansar ativa(a)mente

Estava conversando com meu irmão hoje, algo assim:
(Eu:)-Ah, descansar da escola faz bem de vez em quando.
(Meu irmão:)-É...
-Mas não é descansar de ficar em casa parado, é descansar ativamente... Des-can-sar a-ti-va (a) men-te! Uau! Nossa! Mais uma pérola... E não é verdade? Descansar ativa a mente, cara! Ainda mais quando a gente descansa ativamente....

Meu irmão demorou um pouco pra sacar a semelhança fonética, mas acho que dá pra perceber que dizer "descansar ativamente(isto é, de forma ativa)" é foneticamente igual a afirmar "descansar ativa a mente"... Incrível essa nossa língua, dá pra tirar coisas inesperadas em uma conversa comum!

Filmes, livros, tudo menos escola

Estou assistindo a filmes todos os dias, lendo livros diversos, ou trechos dos mesmos diariamente também. Estudar (que é bom?) nada. Não faço as lições (de matemática, por exemplo...) quando não estou a fim, não vou ao técnico quando meu sono vespertino não me permite, hehe.

Se bem que estava ficando cheio de rotinas, de estudo, de horários de comer, e quebrei para ver o que acontecia. Nada demais, a não ser uma "leve" crítica dos meus pais, o silêncio que diz tudo do meu pai, as inferências ao mesmo tempo diretas e indiretas da minha mãe, o olhar espantado do meu irmão ao contar a ele que tenho 11 faltas em Literatura, das cerca de 24 aulas totais...

E, apesar de tudo, não me arrependo de não ser certinho quanto aos meus compromissos sociais. Eu me sinto um cidadão por me manter informado e comentar sobre o que leio e sobre o que sei, e, sobretudo, sobre o que pesquiso, no meu blog - mas não por ir à escola. Isso não. Quero passar do 3º e entrar na facul, FFLCH, de preferência. Se não der? Ótimo, faço Ioga, viro professor de inglês para não ser expulso de casa, e acabaram-se meus problemas "morais".

Nada como ouvir a música The Gunners Dream, do álbum The Final Cut, do Pink Floyd... Ela me deu a inspiração de escrever isto.

Pois é. Com tantos planos, acabo não vivendo. Odeio planos, qualquer coisa pré-estabelecida, qualquer acordo cínico, aperto de mão frio, eficiência maquinal do homem, robotizado, alienado, cuspido, um nada. Não quero antecipar nada, mas é difícil me lembrar disto... Quero perder esse egoísmo profissional, essa ilusão de carreira, esse daydreaming, essa inagüentável inércia perante as 2,5 bilhões de pessoas que vivem passando fome...

E pensar que me voluntariei pro Exército. Foi uma decisão muito difícil, e nem sei se serei chamado. Não torço para ser chamado, nem para o contrário. Não me arrependo por minha decisão, nem me congratulo. Há coisas que são como são, assim como a brisa é a brisa, e o mar é o mar... E a vida é como é, porque assim é que é, não é mesmo Fernando Pessoa, ou melhor, Alberto Caeiro?

Resposta: ...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Poesia: A melhor que já fiz

A poesia que segue abaixo foi feita no dia 21 de novembro de 2006. Foi numa aula de Redação, com minha muito estimada professora Marly, do primeiro ano da Federal. Ela colocou uma música no rádio, sobre a qual a gente deveria se basear para escrever nossos versos. Nesse dia eu já estava desesperado: não conseguira recuperar os pontos que estava devendo em Física, Química e Matemática! E tinha quase certeza de que iria repetir. Daí o tom do poema:

(sem título)
Oh! Majestosas aves
Que odeiam a solidão
Serão vocês corvos
Por que não? Por que não?

Tão alto elas voam,
Pois querem o céu.
São Puras e lindas,
Como o mais doce mel

Oh, Deus! Oh, Deus!
Belíssimos são
Todos pássaros Teus!

Olhem as crianças, encantadas,
Observando com atenção!
Essas aves aladas,
Que mal tocam o chão!

"Quão bela é a vida!"
Exclamam elas, entre si,
"E tão mansa tem sido...
Como os pássaros daqui."

Voem, voem, bem longe!
Para o Tibete ou pro Butão.
Lá encontrarão muitos monges,
Que as amarão de todo coração!

Oh, maravilhosa Criação,
Que se revela na Natureza!
Quão perfeita é a Mão
Que criou tamanha Beleza!

Saiam, saiam, já, desta cidade!
Imunda e podre, por dentro e por fora,
Pois sei: vocês almejam a liberdade,
E têm em mais alta estima o Agora.

[Carpe Diem! Carpe Diem!]

Louvo muito sua fraternidade
Pois nossa vida vale enquanto
Mostramos a simplicidade
De vê-las felizes e voando

Já agora eu as vejo,
Todas como são
Logo um breve lampejo,
E não serão mais pretas como carvão!

Pois agora sou um:
Sou um deles, meu pai!
Um ruído alto: Pum!
Vôo como um deles! Sai da frente, sai!!

Como eu amo voar,
Vejo as árvores e o Mar!
Vejo a Terra em toda sua extensão...
Agora sim... vejo as coisas como elas são.

A professora ma devolveu com o seguinte comentário na folha: "Facilidade com rimas." Eu acrescentaria outro ponto: foi um baita momento de inspiração, e a poesia só sai direito quando esses raros momentos acontecem. E saiu tudo de repente, um turbilhão.... Eu escrevi essa poesia como o aluno que copia a lousa que está sendo apagada pelo professor: ou seja, meus amigos se espantaram.... Caio, Érico, lembro da expressão de espanto no rosto de vocês..... E eu também me assustei....

domingo, 4 de maio de 2008

O papel das reservas indígenas contra o desmatamento


Estava lendo a Folha de hoje, quando me deparei com mais um estudo mostrando a importância das reservas indígenas. Uma importância bastante prática, deve-se dizer. Segundo o levantamento feito pelo ISA (Instituto Socioambiental), as reservas são eficientes em conter o avanço da grilagem e do desmatamento. E na maioria delas, o desmate acumulado até 2006 é igual ou menor que 1% de sua área.

Ao contrário do que afirmou o general Augusto Heleno, cujo argumento expus em outro artigo deste blog, os novos dados mostram que não há ameaça do ponto de vista da integridade ambiental do território brasileiro. Além do mais, o papel dos índios de frear a expansão das atividades predatórias na Amazônia representa uma proteção ativa: papel este ainda maior que o dos parques nacionais.

Um estudo publicado em 2006 na revista "Conservation Biology" também mostrou que as terras dos índios são "hoje a maior barreira contra o desmatamento na Amazônia". O grupo mediu o dematamento dentro e fora de 121 terras indígenas, 15 parques nacionais, 10 reservas extrativistas e 18 florestas nacionais. Descobriu que o corte raso (retirada das espécies com valor comercial, sendo o restante da floresta derrubado e queimado, logo após) fora de parques e áreas indígenas era 20 vezes maior que dentro dessas reservas, mas com uma diferença: os parques estão geralmente fora do alcance da agropecuária e as terras indígenas, não. Muitas vezes elas são cortadas por estradas ou linhas de transmissão de energia.

Ou seja, mesmo as reservas indígenas estando ao alcance da agropecuária, não são desmatadas. Elas não estão isoladas. Como dito acima, muitas vezes elas são cortadas por estradas ou linhas de transmissão de energia.

A proteção, segundo o artigo da Folha, acontece por dois motivos principais: primeiro, uma vez demarcadas, tanto unidades de conservação quanto terras indígenas "saem do mercado", ou seja, tornam-se arriscadas demais para a grilagem, porque ganham limites geográficos facilmente verificáveis e um dono - a União.

O artigo continua: No entanto, diferentemente dos parques, as terras indígenas excluem ativamente os invasores. "É onde tem gente tomando conta", diz André Lima, diretor de Políticas para o Combate aos Desmatamentos do Ministério do Meio Ambiente. Lima cita o caso dos ashanincas, um povo do Acre que habita a fronteira com o Peru. "Eles freqüentemente pedem ajuda à Polícia Federal para ajudar a combater madeireiros peruanos".

Pois é, a impressão fica cada vez mais forte que os argumentos contra a criação de reservas indígenas, e especificamente contra a reserva Raposa Serra do Sol, são, acima de tudo, favoráveis ao agronegócio. E servem aos interesses deste muito bem.

Do artigo da Folha, "Terras Indígenas Detêm Devastação na Fronteira", de Claudio Angelo.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Anjos do Sol (I)

Assisti hoje a um filme brasileiro chamado "Anjos do Sol"(2006), e fiquei chocado. É um relato do sofrimento de crianças e adolescentes do sexo feminino sob as mãos de cafetões e cafetinas que as sujeitam às condições mais degradantes possíveis. E pensar que moramos no Brasil, "País de Todos", segundo slogan de um dos patrocinadores desse filmaço.

Como já diz meu professor de Sociologia, Sérgio, ao invés de dizer que o Brasil é um "país de todos", aproveitar-se-ia mais colocando-se uma mensagem na televisão, que apareceria nos intervalos de novelas e telejornais: "Se você está sujeito a trabalho escravo, se não te pagam pelo seu serviço e te colocam em condições desumanas, denuncie: só assim o Brasil será de todos." Mas parece que não é esse o interesse da elite por trás da Globo e de todas as outras megamídias.

É de destroçar o coração ver seres humanos sujeitos a todos os tipos de doenças sexualmente transmissíveis, a surras de seus "padrinhos"(o termo atribuído aos compradores de crianças), e sem a mínima oportunidade de exercerem seus direitos, assegurados pela Constituição! E tudo isso não existiria não fossem os cúmplices, os que fazem vista grossa e os todo-poderosos da política, que muito lucram com isso, sem dúvida. Trabalho infantil, escravo e exploração sexual comercial de crianças e adolescentes não acontecem sem esses elementos. Até porque a mentira tem perna curta, e logo alguém toma conhecimento do que acontece dentro das "Casas Vermelhas" espalhadas por todo este Brasil - de muitas cores e amores, mas, sem dúvidas, também de muitos horrores.

Por que nossos jornais não noticiam esses fatos nada saborosos que assolam nosso País? Isso acontece todos os dias, e enquanto eu escrevo isto sei que está acontecendo, não só no nosso país, mas em todo o mundo. E até no Orkut! Olha só o que saiu na Folha, ontem: CPI Encontra Pedofilia em Cem Álbuns do Orkut... Pois bem, já vou dizendo:
Estuprar não é humano. De todos os crimes, este certamente não pode ser cometido por um indivíduo que tenha qualquer resqüício de empatia por outrem. O indivíduo pode matar por ódio ou raiva e depois se arrepender. Mas o estupro envolve algo completamente diferente: o sujeito sente prazer com o sofrimento da vítima! Como isto poderia ser humano? Pois não é. É psicopatia, algo que todas as pessoas que sentem empatia umas pelas outras deveriam saber: o que é psicopatia. O link dá para o site, em inglês, onde eu comecei a descobrir o que é psicopatia. O primeiro parágrafo resume perfeitamente(tradução minha):

"Imagine - se você conseguir- não ter uma consciência, nada, nenhum sentimento de culpa ou remorso não importa o que você faça, nenhum sentimento de preocupação pelo bem-estar de estranhos, amigos, ou mesmo membros de sua família que o limite. Imagine não existir dentro de você qualquer luta contra a vergonha, não sentir vergonha por nada sua vida inteira, não importa quão egoísta, preguiçoso, imoral ou perigoso o que você tenha feito."


É de espantar, não é mesmo? Acima de tudo, entender o que é psicopatia me deixa mais humano. Eu quero fazer exatamente o oposto que eles conseguem fazer. Tornar-se humano adquire significado. Tornar-me humano, eis a questão. Antes que seja tarde demais. Depois de ler este artigo, nada como ouvir Ennio Morricone.