terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Catedral

Adentrou a Catedral e sentou-se no banco de madeira marrom. Antes de sentar-se, entretanto, guiou seus olhos para o alto, onde viu quão imensa era a cúpula, e quão imensa a própria vida que poderia levar dali adiante. Sentiu os poros dilatarem, os pés se confortarem no chão marmóreo.

E, naquele instante, tudo fez sentido em sua vida. E, naquele momento, deixou para outros tempos o choro plangente da nostalgia de uma vida que já não carregava; fardo inerte sobre os musculosos ombros. Apercebeu-se de muito, mas o rosto permanecia relaxado, e assim todos os músculos de seu corpo.

Sentia, sobretudo, o sangue refluir numa nova corrente, dos pés à cabeça, e dela aos pés. O corpo jazia como que pétreo ante tantas palavras sibiladas mudas. Os cicios da rua podiam até atingir seus ouvidos, mas nunca novamente seu imo.

Envolto por paz. Assim definiu sua breve estadia naquele lugar de orações ao pisar de novo os paralelepípedos. Assim ele pôde enfim retornar ao lar, sem mais ilusões.

E tão breve, e tão longo. E tão... imesurável. Porque ele conseguiu reunir em si mais força do que o corpo necessitava, e o excesso converteu-se em trabalho da mente.

De outra forma, ter-lhe-ia sido arroubado o vigor pelos devaneios do corpo. Todavia, foi este o presente que o esforço de adentrar a Catedral lhe ofereceu: o apanágio de comungar com o espírito, sem uma religião maior do que a que a própria vida naquele instante lhe indicava.

Uma religião que se convertia em sangue e vida, e uma vida que se convertia inteiramente em religião. Uma devoção que se demonstrava em cada ato, e cada ato a intuir sua substância formadora.

Construiu em si a capela, assim como o silêncio interior que transubstanciava cada lágrima em ação. Dali em frente, lhe disseram, poderá ser diferente. Dali, pôde, enfim, sentir o coração pulsando.

O que faria com tamanho privilégio são ditos de seu coração, os quais não revelaria nem mesmo sob tortura. Uma vontade etérea cristalizava-se onde antes havia fragmentos. De pedaços dispersos e mal-dispostos entre si de seu ser, irrompeu um uno, ainda não permanente, mas temporário o suficiente para ele concluir sua firme substancialidade.

Refez sua cabeça: edificaria seu novo e verdadeiro lar sobre os mesmos tijolos esquecidos; tijolos que remanesciam, apesar de tudo, naquela obra, por toda a vida abandonada aos vagabundos e errantes, que entravam segundo seus próprios desejos lascivos e libertinos. Expulsou-os, e angariou deste ato férreo uma liberdade e amplitude de ação nunca outrora vistas.

E que bela visão o conteve.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Proseando com o Universo

Sinto falta de um texto em prosa. Faz tempo que não escrevo em linhas corridas o que vivencio, e talvez seja esta a razão saudosista que me traz aqui a estas horas.

Como todo ser humano, trago em mente algumas palavras cujas definições abstratas muitas vezes nada dizem, a começar por: amor. A ciência responde ser o resultado da secreção de vários hormônios, concomitantemente, que acabam nos extasiando e nos colocando num estado de euforia similar ao adquirido por meio de drogas. Ah, e conclui por dizer que a privação do amor daquele ou daquela pessoa a quem nos declaramos e com quem estamos a compartilhar experiências íntimas, acaba por deixar-nos com os mesmos sintomas da abstenção de um drogado [das substâncias que utiliza].

Pensando bem - e não é preciso pensar muito, cá entre nós - todos que passaram por um pé, um fora, enfim, uma negação à realização de um desejo que mentalizamos, já passaram por efeitos de "abstenção" dramáticos. Alguns já se suicidaram, outros se feriram emocionalmente, psicologicamente e/ou, não raro, fisicamente. Outros ainda só "pensaram", naquele estado de desolação e profunda angústia - quando não o estágio inicial de uma depressão, que pode se agravar - em provocar algo contra o próprio corpo, num vivo manifesto do que sentem, apesar disso nem ser cogitado. O auto-ferir-se não é de forma alguma encarado - em pleno tumulto de nossas emoções - como uma manifestação corpórea, com o explícito desejo de mostrar aos outros o que se passa em nosso interior, convoluto. De luto. O paradoxo vivente, o "mundo do absurdo" camusiano, que toma as rédeas por revoltantes momentos de nossa vida, de nosso coração, de nossa cabeça, de nossos gestos e afetos, mesmo os não-manifestos, mesmo os recantos mais tímidos, mesmo... nada é excluído numa crise emocional, é fato.

Para mim o mais importante foi ter sentido isso. Foi ter sentido o desprazer, o afastamento, o "saber-lidar" com aquilo que não é nada bem-vindo, com o que nos contraria, com o que detestamos. Odiamos um "não", um "nunca", um "jamais". Podemos usar para contradizer alguém, mas a partir do momento que são dirigidos a nós, são detestáveis. Queremos evitar, de primeira mão, qualquer possível rejeição, qualquer obstáculo às pulsões, aos impulsos, a tudo que nos move. O ser humano deseja liberdade, diz-se. Mas não se compreende, muitas vezes, que o "libertar-nos" que buscamos incute-se em tudo: livre-escolha, livre-arbítrio, são os termos fundamentais dessa "independência" que procuramos, no imo, no fora. Não há como conquistar um sem a vitória do outro. Uma concomitância de impressionar.

Embasbacado. Um fora deixa qualquer um - por mais que momentaneamente - embasbacado. É a antecipação que atrapalha tudo, também se fala a torto e à direita. Estão corretos, como sempre - aliás, os outros sempre detêm a razão, malgrado nosso -, mas não se segue tão facilmente a risca prescrita por outrem. Nem mesmo sóbrios, somos capazes de nos concentrar - completamente - num riscado branco traçado no chão aos nossos pés. A mente cogita e trabalha tantos conceitos a um só tempo e em múltiplos espaços, que se torna difícil ao homem ficar calado dentro de si mesmo. A meditação é o silêncio da mente. Nada tem a ver com a boca... apesar de dizerem ser este o modo mais fácil de se começar a prática... sim, eu sigo tal princípio.

O quê é o amor? A ciência, como sempre, tende à objetividade materialista do objeto analisado. Pessoas apaixonadas são entrevistadas, descrevem o que pensam e o que sentem ao ver a foto da pessoa amada, são feitos exames dos níveis de diferentes hormônios e demais substâncias do corpo. E num período posterior, quando algumas tiveram suas decepções amorosas, o que passa por dentro de seu aparato corpóreo é analisado, buscando-se dados.

Sem dúvida, não se pode recusar uma análise objetiva e científica, que detalha aproximadamente o mesmo nível de hormônios na abstenção amorosa de um apaixonado e na privação de drogas de um usuário (politicamente correto, este, ein, ao contrário da utilização inicial: drogado). "Puxa", vem à tona a indagação, "será possível que eu estou somente sentindo o mesmo que um drogado?"..."somente isso?"..."um prazer efêmero, com a única diferença de que o estou compartilhando com outra pessoa, ao passo que um usuário tem o mesmo êxtase e sentimento de ligação sozinho?"

Qual seria a vantagem, então, de adentrar um relacionamento que pode vir a ferir as duas partes, quando desmanchado, se com as drogas se obtém o mesmo, porém sozinho? Bem, sozinho só mesmo se o usuário isolar-se de família e amigos e inventar alguma desculpa que mascare seus hábitos psicodélicos, para que ninguém se preocupe. O que é bem raro e deveras premeditado, diga-se de passagem. Improvável, numa linguagem mais técnica e cientificamente - idealmente? - abstrata. Se há alguma crítica a fazer contra quem usa drogas, é esta: a falta de discrição. Para que machucar os outros, se você bem o poderia esconder, dissimular, ou de qualquer outra forma, evitar? "Na maior parte dos casos é simplesmente impossível", naturalmente responderiam. Mas o fato é que não busco por este prosear "frases de efeito" ou as tão chamadas "frases-chavão".

Drogados, todos nós somos. Pela televisão, pelo PC, pelo videogame, pelos jogos virtuais, pelo Orkut, por doces e alimentos altamente adocicados (enfim, pelo açúcar, que supostamente deixaria nossa vida mais doce, um mecanismo inconsciente desde nosso nascimento, considerando que os bebês ADORAM doces; bem, ao menos a esmagante maioria), pelo sexo diário (faz bem, é claro, ótima desculpa para transformá-lo numa obsessão social e deixar os celibatários mal-vistos e verdadeiros anátemas dentre uma sociedade moralizadoramente "normal"). Sim, cada qual tem sua casa de vidro, e Jesus há dois milênios pronunciou, segundo o Livro que nos foi deixado, supostamente intacto: "Não julgues e não serás julgado". Sim, quem atirar a primeira a pedra certamente causará guerra e acabará morto, pelo menos num sentido espiritual e, sim, a pedra atirada rebate e cai na nossa cabeça, na nossa confortável casa - no melhor dos casos, sem nos ferir gravemente.

Mas, tratando-se do tão chamado "amor", chega-se cada vez mais à conclusão de que este pouco tem a ver com o ato sexual, cuja libido é instintiva e capaz de se manifestar nas mais diversas ocasiões, e por pessoas das mais diferentes, sexo oposto - OU não. Sem preconceitos ou moralizações escorreitas e inquestionáveis, por favor. Todavia, o ser humano, muitos passos ainda tem que dar para poder sequer encarar olho a olho o fato de que um amor pode concretizar-se sem o - também corriqueiramente denominado - "fazer amor". A verdade é que, tanto para fazer guerra para fazer amor, não se exige muito. E nunca sabemos pegar minúcia por minúcia e detalhe por detalhe do que realmente foi a causa de termos feito - guerra ou amor. Não colhemos dados para uma amostra científica do quê, espiritualmente, levou a pessoa àquilo. Até porque a espiritualidade ainda é considerada etérea e impalpável, apesar de já ser conhecido por cá e lá o processo "fotográfico" que registra, em cores, a aura da pessoa em questão. Enfim, nada sabemos sobre o sexo, não importante quão bons sejamos de cama, e nada sabemos da guerra, da qual somos senão peões postos à morte ignota e ingrata, sujeitos ao olvido e a homenagens póstumas e cenotáfios - insignes e insignificantes - que nada nos dizem, exatamente por não estarmos mais aqui para lamentar ou regozijar.

Ou seja, pouco sabemos - ó meu deus, que revelação! - apesar de todo suposto "progresso científico" nunca antes visto ou alcançado em civilizações precedentes à nossa tão - err, que adjetivo enaltecedor podemos colocar, para efeito... ummmm.... - à nossa tão avançada civilização ocidental! Esqueçamos os 950 milhões que passam fome crônica diariamente no globo, os engolidos pela boca hiante da guerra e da morte belígera, os violados, os violentados, os acossados, esqueçamos nós mesmos, vai! Esqueçamos tudo, peguemos o nosso docinho, voltemos à euforia, ao gozo, ahhh... que delícia a doce ilusão de todos viverem FE LI ZES pra sempre! Que DE-LI-CI-O-SA a impressão tão confirmada pela extremamente confiável comunidade anti-UFOS, de que vivemos SOZINHOS no universo! Ai, eu quase desmaio só de pensar que o universo orbita ao redor da Terra para que comamos, forniquemos, bebamos, rezemos e morramos felizes! Ah, e para que discutamos se o capitalismo é me-lhor do que o comunismo (ai, desculpa, socialismo) ou vice-versa!

Haha, somos tão avançados que nenhum cometa pode colidir conosco e nos ruir em fragmentos, que temos certeza de que os extra-terrestres - se existirem, ein, gente, por favor, né hihi huhu...! - devem ser todos tão bonzinhos, tais quais cachorrinhos, domesticáveis - no máximo um tiquinho só mais inteligentes que nós. Mas, é claro, nós estamos NO TOPO da cadeia alimentar, DO UNIVERSO INTEIRO! Oh, meu Deus, quase que eu ejaculo com tanta pretensão, ops, desculpe-me, com tanta OBJETIVIDADE e é, claro, o que a ciência e a religião não nos negam nunca, não é mesmo, com tanta CERTEZA.

Mas, pessoal, o mundo tá girando como sempre girou, então despreocupa geral. Quando é o bailinho Funk? A baladinha? A sessãozinha de cinema de filmes americanizados enlatados estupidificantes? A rave? O que importa é ser feliz, não é mesmo? Ainda mais ser feliz com todas as ilusões possíveis, aí sim. Aí fica mais gos-to-so, hmmm, mais prazeroso ainda. Pra quem está no topo da cadeia alimentar, é claro, que SOMOS NÒS haha hihi huhu... tudo é perfeito, e tudo, óbvio, é como parece...

Mas pra quem não vai curtir a noite hoje: www.sott.net

Sem dogmas. Notícias e matérias que você NUNCA verá na televisão em sua forma original e inalterada. Nem no rádio. Sabe como é, né, as pessoas que vivem felizes têm uma tendência inata de entrarem em pânico com certas... coisas, então massificar notícias avassaladoras não seria muito benéfico para o poder do status quo. Ah, e também porque intercalar futebol com tragédia num misto-quente indigerível cumpre com super-eficácia a política de dominar mais simples e bem-bolada sobre a Terra: "Pão e Circo, romanos! Vejamos o gladiador/vilão telenovelesco!!!"

Ai, o que aconteceu no episódio de ontem, mesmo?

Hihi huhu... ai, é tão bom ser feliz! Me vê mais uma pílula de soma, façavor. Eu vivo neste admirável mundo novo hihi huhu...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Multiverso

Mente dispersa cogitando...
Impossibilidades, concatenando
Idéia por idéia, uma alcatéia
De uivos lupinos, próximos e distantes
Eternidades e instantes.

O vento vem a balouçar e chacoalhar
Renovando cada soprada do samovar
E a cada baforada um recomeçar
Dispersa dor
Dispersa a terra,
A guerra
E reinventa a Paz
E recria: tudo... todos
Pois a Mente se abriu...

Tal expansão da mente
Cética e descrente
Medeia jejum e ceia
Prostrando-se assaz
Na divisão das águas,
Entremeando seca e cheia.

É o pensar mesopotâmico
Que vê senão um divisar
Contínuo de dous rios:
Um ascendente, outro decrescente
Perfazendo, a fusão de ambos,
O trabalhar da mente
Num fluxo ambivalente
Persistente...
Permanente.

O decurso de tanto matutar
É a assimilação do novo
Aterrador... a desova
De feras draconianas
Feras cujas flamas
Incandescerão um Ser
Propenso a mudar
Infenso ao minguar

Mudar em botão
Botão em Flor
Flor em Amor

E, assim, o frescor
Que o cíclico processo
Vitalício...
Traz à ave ígnea
Cuja retomada da vida
Provém de cinzas
À primeira vista estéreis...

Pois nada é como parece...
Se até mesmo o Sol esvanece
Para explodir em Luz!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Bojador: Outrora Homem, Aurora e dor

Sem antecipação, corre à roda
A vida, corre solta:
E viva, desenvolta.

Até quando o realizar
Dos sonhos trás à mente
Débeis assunções d'um porvir,
Que termina por ruir e destroçar-se!
E isso a alma sente...

Por que perde o sono em devaneios do amanhã?
Cabeça quente, coração pulsante, qual febre terçã?
Se no sono o sonho lhe seria recompensador?
Mas, não...
Flébeis mãos tateiam a esmo o escuro...
E perdem o melhor:
A aurora e o desabrochar da flor...
Como outrora,
A lição não-aprendida faz-lhe a perda do amor...
Bem, sem rancor...
Pois toda a vida trás em si um desamor,
Para das cinzas renascer em esplendor!

O mundo gira, as pessoas vivenciam,
E as lições vão sempre além
Do cabo do Bojador...
Além da morte.
Além da... dor.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Chauvinismo

Sou mesmo um delinqüente:
Eu não mudo.
Eu: não-mudo...
Eu falo...
Eu-falo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Saber Viver

Originalmente pensado como savoir-vivre, por ter sido esta a expressão que primeiro pululou em minha mente, apesar de meus parcos e rudimentares conhecimentos da língua francesa.

Por que penso Naquilo
Naquele incidente
Por que o sinto em meu peito,
Sombra onipresente?

Jaz subjugado Algo
Este Algo que importuna
A pulsar sob as carnes do peito
Silente e vivo...
Flébil.

Edaz, voraz... glutão
Nem com a boca se come deste pão
Que o Diabo amassou
Atirado à sarjeta
Sobre a qual um mendigo esfaimado
O visava, olhar convergente
Na côdea negra e fria:
O mendicante era eu.

Eras tu
Eram todos, todos, todos
Cuja fome e maior necessidade
É o saber.

***

Quando a névoa encobriu teu rosto, Laura
Verteram em meu rosto gotas
De idas lembranças e pujanças...
De tudo o que o amor foi capaz.

Acorreram à mente imagens...
Mas apenas figuras esvoaçadas!
Do que foste pra mim, ser carmim...

Pudesse eu falar latim, ou qualquer
Outra língua do mundo
Que te trouxesse para mim
Juntinho assim
Para o deleite dos ouvidos
O frufru de seu vestido carmesim...

Ah! que importa a nostalgia?
Se o passado é transubstanciado
Em alegorias...
E vai-se à água o que outrora fora
A evidente realidade
D'um dia-a-dia...

***

Se viver é sonhar e sonhar é viver
Não custa nada sonhar outra vida
Se também aquela sera vivida...

Não custa nada tentar mover
Uma alma empedernida
Não, enquanto em sonho,
Hábeis mãos deslocam esta fria rocha
Onde não supunham vida...

***
Pudera o mundo e sua órbita girarem
Ao gosto e bel-prazer nosso
O caos sobreviria...
Oh, não posso...!

Descrever, quando o mundo todo rui e rui!
E somente na alma humana vê-se amparo
E resguardo diante vis intentos
Feitiços e ungüentos...

Mas, sim, é forte Aquilo
Sáxea sua vontade
Não abre mão da Liberdade
Ferrenha luta em que disputa,
Para o Homem,
Seu ígneo direito à Santidade

Oh, Sant'Alma!
Tu és o prisco braço
Que defende a Humanidade!

És tu o bastão que à terra deita os néscios!
És tu o sibilar do vento
Que em uníssono se funde e confunde
Ao uivar dos lobos... pareada às feras,
Mostra-nos quão bela e fugaz
É a luz que espreita o âmago
Do Homem que em si busca a Paz.

Alguns te nomeiam virtude
Mas poucos são os sãos
Que sabem...
Seres tu minha razão de ser.

***

Ao penetrar nas trevas da floresta
Ele só queria entreabrir em si a fresta
Que possibilitaria ver o Real...

***

Ao bater com força a porta
Ela só não pôde ocultar
A comporta escancarada de seu coração...

***

Ao avistar, Narciso, o espelho
Esqueceu de vez o escaravelho
Que havia lhe imputado seu destino e perdição.

***

Ao escrever estes versos
Fujo do respirar a agrura...
Meu corpo esqueceu sua feitura.


***
*
***

Such is the light:
Inasmuch as your being sustain the power to fight
In the coldest recesses of the Night

Such is life:
Inasmuch as your being retain the Force to live
Throughout pain and strife

From the Fire comes Light:
Do not ever forbear this truth,
Or your being might as well lose its unfastened might.

Such is the light.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Vi Vida - Mistakes

Perhaps it was a mistake
To put my life at stake
For nothing

As the warrior would take
For his virtue's sacred sake
But for him
It was everything

As the merry nightingale sings
As my soul swings
Shenanigans...
My being in fragments I do not know

I am afraid I will reap what I sow..
I'm frightened by this prospect

***

A aurora. A aurora...
Como sói
e dói
Lembrar o outrora

Porque o passado torna-se bonito
E frutuoso?
Desgostoso
O presente e o infinito?
Não, isto não é a vida...

Chame de chama, de flama
Mas isto não é amor...
Cor, descor, desbotou
Um novo período há de começar

Mar, mirar, admirar
Transposição
Quero transpor.

Cis, cis, cis...
Não, não me fará calar
Quero trans-por!
Aquilo não foi amor.

***

Se a alma se cala
Não há calma
Se a guerra é esquecida
Não há paz

E assim é o passado que ribomba
Para não ser olvidado
O que foi sentido
Foi também escutado
E os sons perduram no ar...
E mais ainda na mente...

Não mente, não mente
Algo em... algo dentro...
Não, Aquilo não pode...
É incapaz desta agrura
Do esquecimento.

***

Se...
Não, sem 'se'
Vai acontecer
Em breve.

Até lá
Farei da alma um fardo leve.
Custe o que custar
Tornarei habitável este meu lar.
(custe...
cuspa.)

Nada me fará mudar.

***

Why. Why? Why!
Do I cry?
When what I need most
Is a smile
Pointing out the way

It may swirl, and curve
And bent
But what I need most
'Tis strength
And it'll be sought
Night after day
I'll become the rightful host

No more of this scornful ghost
Telling me what to do
Never
More!

sábado, 13 de dezembro de 2008

A coerência de Vasily Grossman e Ernst Jünger


Li, seguidamente, Um Escritor na Guerra (A Writer At War), do escritor ucraniano Vasily Grossman, e Nos Penhascos de Mármore, de Ernst Jünger, escritor, este, alemão.

Para a minha surpresa, Jünger foi um nacionalista de estirpe aristocrática, isto é, por muitos anos debateu-se com o conceito de super-homem (übermensch) nietzschiano, segundo o qual a humanidade está dividida entre servos e senhores. Nem todos podem ser senhores, e muitos remanescem servos, não importante a potencialidade de se tornarem senhores. Senhores de quê? naturalmente se pergunta. Senhor de si mesmo. É uma alegoria para um patamar mais consciente, que o homem pode alcançar, somente por meio de infatigáveis esforços, de ordem intelectual, física e emocional.

É claro que, portanto, Nos Penhascos de Mármore é uma obra difícil de se conceituar. Tercio Redondo, o tradutor desta edição brasileira recentemente lançada pela CosacNaify, a conceitua como uma obra alegórico-simbólica. Porque o botânico e escritor Ernst Jünger, cujo irmão fez importantes estudos sobre Friedriech Nietzsche no âmbito literário, adora trabalhar, com vividez e perspicácia, a temática do obscurantismo e do simbolismo dentro deste seu aclamada escrito.

Publicado nos tempos em que o Führer ainda reinava totiponte sobre o solo e os corações germânicos, teve uma publicação polêmica em sua época. Em questão, é óbvio, de ser uma incisiva análise da ascensão e estabelecimento do totalitarismo, se bem que atenuada por seu caráter aparentemente ficcional. Como aponta este talentoso tradutor, várias paisagens descritas no livro correspondem às suas equivalentes reais na Europa, assim como vários dos personagens retratados. Goebbels e Hitler não são exceção no decurso da narrativa.

E o que Vasily Grossman teria a ver com a temática aqui abordada? Ué, é outra questão que necessita ser esclarecida. Cito-o, a começar, pela razão de que Vasily, na condição de jornalista, viu lado a lado aos soldados do Exército Vermelho soviético, os horrores da guerra imposta aos homens comuns, e todo o ônus que a bestialidade bélica trouxe em maior parte aos civis (homens, mullheres, crianças e idosos) do outrora extenso e culturalmente variegado território da URSS, muitos dos quais foram conscritos contra a sua absoluta vontade - e a maior parte dos quais (uma cifra horripilante, superior a 20 milhões) feneceram em um conflito que não lhes dizia respeito.

Por quem haviam sido arquitetados tão maquiavélicos planos? Quem constitui a eminence grise (eminência parda) que se oculta por trás dos bastidores? Isto, decerto, não nos é revelado, até porque seu autor o desconhecia, e porque muitos poucos sobre este planeta têm conhecimento de quem de fato opera os peões e os títeres que são submetidos às leis e às carnificinas humanas. Mas algumas perguntas são respondidas, tais quais: o autoritarismo é obra exclusiva dos nazis? Os nazis seriam mais malévolos do que seus adversários russos? Os inimigos infligiram mais sofrimentos humanos à população civil do que o próprio governo que os combateu? Não pense, antecipadamente, que tal indagação é pueril e estéril.

Comecemos por responder a primeira - e talvez menos polêmica questão: não, o autoritarismo, e em uma dinâmica mais ampla, o totalitarismo político, não são exclusivos a este ou aquele lado. Pelo contrário, Grossman, por sucessivas vezes, foi censurado nos artigos que datilografava diretamente do front e submetia as autoridades superiores. Seu editor não raro deu uma mãozinha para a sua publicação, em virtude de serem exemplarmente bem escritos e por constituirem obras de um espírito jornalístico e inquisitivo consumado. Grossman relatou muitos horrores, aos quais deu o grave epíteto de "a verdade da guerra". São sobretudo as cruezas realizadas contra a população civil eslava (que envolve tanto os povos nativos russos quanto muitos outros, diversificados no aspecto lingüístico e cultural) - isto tanto pelas mãos alemãs quanto pelas próprias conterrâneas.

Se pudesse resumir em poucas palavras, eu (e não Grossman) diria que uma guerra é um conflito em que, sempre, as duas partes saem perdendo. Sim, as perdas se diferenciam pela gravidade e pela extensão. Sim, os sofrimentos se diversificam pelo modo como são infligidos na população. Não, a nacionalidade não faz nenhum indivíduo um ser alheio ao outro, no principal quesito aqui referenciado: a humanidade. Com grande desgosto e amargura, Vasily Grossman é forçado a admitir, neste livro às vezes revirador dos estômagos mais fortes, que os soldados vermelhos russos estupraram e saquearam, talvez até mais compulsivamente do que os próprios alemães, nos seus próprios territórios, retomados das mãos adversárias.

Findando a 2ª Guerra, em 1945, era possível ouvir de dia, relata Grossman, gritos de mulheres, ecoando às ruas através de janelas escancaradas da Berlim ocupada. Quando retomaram o território polonês, os soldados russos pilharam os camponeses que, na verdade, eram seus próprios concidadãos. Grossman reporta, no entanto, ações humanas que merecem todo o digno mérito da atenção: soldados alemães feridos mortalmente, ao implorar por água, muitas vezes a receberam das mãos inimigas, num ato - não direi de piedade, porque estabelece uma relação hierárquica entre as partes, mas - da propriamente dita: humanidade.

Grossman foi criticado ostensivamente e sofreu perseguições políticas (o que mais fortemente ilustra este fato: após ter conquistado um dos mais célebres prêmios literários instituídos na URSS, Stálin pessoalmente riscou seu nome da lista dos concorrentes, consignando a honra a um outro escritor, conhecido de Grossman, que exaltava de peito e alma as autoridades). Durante a vida, não gozou da mesma saúde e disponibilidade de tempo que Ernst Jünger, que veio a falecer com seus longevos 102 anos, um homem extensamente viajado e, ainda, nas cercanias da morte, surpreendentemente em plena saúde física e atividade literária e mental. Mas esse diferenciado escritor russo soube como só ele aproveitar suas oportunidades e salvar a própria pele nos vários riscos em que incorreu ao dormir e viver ao lado daqueles que portavam armas (Grossman foi um exímio atirador, mas não sabemos se infligiu a morte a ninguém, pelo livro).

Ernst Jünger, por sua vez, goza de um mérito equiparável como escritor: tal qual Camus, o qual fez d'A Peste um relato assombroso do que sucederia caso uma epidemia catastrófica assolasse uma cidade. Perdão, se fiz parecer que era essa a intenção de Camus. Não, Camus merece um estudo direcionado a si próprio muito mais extenso e menos deliberado do que este breve artigo propõe. Mencionei-o para efeito comparativo, apenas. O caso é que, tanto Nos Penhascos de Mármore como A Peste, soam verdadeiros. São verossímeis. Tangíveis, palpáveis.

Pensamos: "ué, é como se tivesse acontecido." E é assim que Camus e Jünger obtêm, ambos, enorme êxito em demonstrar o totalitarismo que se assenhora de nós quando menos o esperamos. E Grossman, paralelamente, expõe o totalitarismo que de fato se apossou do jornalismo e da literatura russas sob Stalin.

Boa leitura, se vos convenci da importância de lê-los. Aliás, o fascismo na América já mostrou suas asas... a suástica não tarda a aparecer. Que tal um segundo 11/9 para nos aterrorizar de vez, para, de peito aberto, aceitarmos e nos subjugarmos a leis tirânicas e draconianas? Minhas desculpas, mas algo aqui recende ao incêndio de Reichstag.

...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Why did it take so long (to know)?

Hope
Hope
Glimmering hope
May it enlarge my scope
And cause me to see

Instead of shutting my eyes
And narrowing my mouth
To a standstill
All silent
All gone
When silence equals to
None.

When bears no inner meaning
Being alone.
But, nonetheless, it's downright explainable:
The soul's gone.

And faint and dimly does become
What once inside gladly shone.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Narcissus

'I can't make you love me...
To be or not to be,
Is entirely up to you.
To Be,
You MUst love ME.

Mu... mmy.'

Mil Anos de Orações (A Thousand Years of Good Prayers, 2008)


Mil Anos de Orações (2008), do diretor chinês Wayne Wang, é um filme composto essencialmente de diálogos. Esqueça o gênero ação, magnificamente explorado em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008). Esqueça, também, a comédia barata e sem-graça de filmes massificados, grande parte deles norte-americanos. Há, sim, humor nesse filme. Mas é um humor de qualidade superior: é necessário estar atento para notá-lo. Caso contrário, algumas cenas (mui!) cômicas passam literalmente despercebidas.

Afora as tiradas bem-humoradas de Wayne Wang, o que marca mais são as tomadas fotográficas, com as quais o espectador certamente irá se maravilhar. Se as história (plot) conduz a atenção de quem assiste, o fato é que são as fotos o que mais prende esse mesmo olhar. Se não já bastasse o filme ser, aliás, muito bem norteado pelo enredo, a cinematografia é de se espantar.

Um filme que prima, sobretudo, pela qualidade e pelo conteúdo. Cada diálogo é uma abertura do que se passa no interior das personagens, e, dessa maneira, revelam todo uma dimensão de conflitos entre culturas e modos de se ver o mundo radicalmente diferentes. Um pai comunista que visita a filha nos EUA, seio - porém não o berço, esse papel é da Inglaterra - desse capitalismo tantas vezes alcunhado de selvagem... já dá por si uma ótima história, não?

Pois é, mas a verdade é que o filme não se detém nesse embate bipolarizador que recende à Guerra Fria. Ele vai muito além. Falamos todos a mesma língua? Habitamos todos o mesmo planeta, ou será que vivemos em mundos completamente distintos? Que liame ligaria um pai e uma filha há tantos anos separados geograficamente, sentimentalmente, munidos de mútua incompreensibilidade no reencontro?

Quanto a esta última questão, não é nenhum segredo a resposta: o único fio capaz de reunir duas pessoas após tantos rompimentos e desencontros de opiniões, é o mesmo elemento que sustenta qualquer possibilidade de existir algo exterior à nossa tão comprometedora subjetividade: a verdade.

Qual será a verdade?

Somente assistindo se descobrirá.

Para ver algumas fotos do filme, clique aqui.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Re ver be ra ção

O cor po vai vem re me xe
To do ele é mo vi men to
Pas mo en con tro
Ser e cor po

Conexão
Des co ne xão
Li a mes que ligam
E des li gam
E o cor po vi ra
Vi ra vi ra
Com vi da própria

Con vi da o im pul so
A fu são entre a al ma
E o cor pó reo
Ca da se gun do
Uma a ná li se dos ges tos
A fe tos, o lha res
Di re tos Di re tos
O cor po co mo

ExPrEsSiViDaDe
rEaLiDaDe
CoNecTiViDaDe

Li Ber Da De.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Dança com Lobos (Dances With Wolves, 1990)


Se tem um filme que eu recomendo de coração é Dança com Lobos*, com Kevin Costner figurando como ator principal, no papel do oficial Dunbar - que posteriormente se redescobrirá sob o nome nativo de Dança com Lobos, sendo esta a razão do título da película.

O filme talvez tenha essa característica marcante em virtude de desmistificar utopias dicotomizantes: bem e mal, o moço bonzinho e o vilão horrendo - aspectos tipicamente maniqueístas e que reverberam à solta na forma tradicional do Romantismo, movimento iniciado na Alemanha e com expoentes tão dignos de nota como o próprio Goethe.

A utopia indígena também é dessacralizada no decorrer da narrativa e na trajetória traçada por Dunbar. Insatisfeito como sua solidão no forte militar desertado que ocupa, na fronteira com as terras habitadas por uma multitude de povos autóctones, tais quais os Pawnee e os Sioux, o oficial norte-americano encontrará a paz e a companhia que buscava no seio silvícola. Ali, entre os nativos, abre-se um mundo completamente novo e diversificado.

As dimensões do real e do imaginário, do tangível e do pictórico, fundem-se em uníssono com um modo de vida à beira da catastrófica extinção que seguiria, pouco menos após duas décadas da invasão maciça branca.

Século XIX: a expansão para o Oeste no território estadounidense, supostamente inóspito, no man's land, terra habitada por ninguém. Parte desse dito unilateralista e intra-imperialista encontra ressalva somente no fato de que ali naquelas bandas não havia proprietários, ou papéis que timbrassem uma posse irreal.

Aliás, que homem pode atribuir a si o status de dono daquela que o germinou e nutriu? Sim, digo a terra. A terra - que é ao mesmo tempo de todos e de ninguém. O fundamento de uma afirmação tão insólita e aparentemente despropositada aos valores inculcados na cabeça de pequenos homens¹ - por decênios e milênios afora de História do Homem sobre o planeta Terra - é univalente e sonoro: A terra/Terra é pré-existente à humanidade, e a sucederá.

Tal verdade ribomba e ressoa e arranca do homem uma de suas maiores obsessões: ser dono de algo externo a si próprio.

Nesse aspecto, tão moderno e tão antigo - não reverenciemos o presente como a apoteose da existência humana neste minúsculo planeta - Dança com Lobos é um filme ampliador de horizontes. Desilude o espectador - se este estiver aberto à quebra de paradigmas - dos poderes civilizatórios de se mudar algo imutável: a alteridade - o outro. A Sociologia dispensa especial atenção a esse fator, que sobretudo define a existência de um outro que não é como nós mesmos. Que não apreende o mundo como o apreendemos, nem depreende deste as mesmas relações que podemos - com toda a nossa suposta magnitude técnico-científica - depreender nestes nossos tempos modernos.

Cabe ressaltar que o filme baseia-se no livro homônimo de autoria do pouco conhecido - e muito menos aclamado - Michael Blake. Alguns escritores têm essa mágica admirável - e peculiar, decerto - de deixar uma obra apenas - e todo o seu dom panorâmico e entreabridor de olhos se demonstrar com força e vivacidade nela. São obras que evocam com distinção uma só palavra: plenitude. Portanto, é uma obra que merece ser lida e digerida no original. Se Iracema é a brilhante recriação do Ceará, mítica e lírica como só Alencar o pôde suster na Literatura Brasileira, bem... então Dança Com Lobos é um Ubirajara com um toque inesquecivelmente Real.

¹A respeito da pequenez do Homem, recomendo particularmente a leitura de As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, prestando especial atenção aos liliputianos. E, em segundo lugar, Micrômegas, de Voltaire.

*Para poder escrever sobre esse filme, foi requerida de mim uma segunda experiência como espectador. Na primeira, pouco pude compreender de sua amplitude. Na segunda vez, mais maduro e enriquecido com leituras de amplo escopo, as inferências possíveis foram muitas. Utilizei-me de algumas.

(link recomendado: o discurso feito pelo Chefe indígena de Seattle - em português)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sattelite Dish

Change...
A frightening word
Changing...
And the world is set up
In Revolution.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Lest the light depart

When even breathing is hard
And life hangs threateningly
As if it was really nothing
The time has come to awaken

Have a cold cold water
Mellowing down the
Facial frigidity
High time to face reality.

Better die facing it front
Than haphazardly avoiding
Its gaze
Better have a try at solving
Life's jigsaw puzzle
Than bein'
Mercilessly enwrapped in
Its maze...

Time to pay the bills
Time to pray open-heartedly
Like you never did before
New things which did only come by chance
Will now occur with a single glance
Of yours...

No 'befores', no 'therefores'
Your life will change
Into
Amble bays 'n ample shores
In it
You'll swim
You'll sway
But never never never
Give up a single day,
Nay.

Many things not "OK"
Will be
No more
You
Must only say:
'No more of it to-day'.
'This is the last day of my life.'

'At least in this final moment,
Yes, I'll be the master of my very destiny'
'Be it one day, or one's entire life,
One's destiny is more than
Simple
Struggling
Strife:
It's all 'bout learning,
Firstly
And Foremost.

'Tis all about lessons taught
By teachers unknown
And only learnt if it is indeed
One's true aim:
'No pain, no gain.'

'For some, life may be like a game
A game whose rules they can't grok,
Once they get enmeshed in the whirpool
Of the roulette'.

'Let them get what their desires
Set them up to.
All your choices will amount to
Your chosen path, only.

'It is direfully impossible
To take the lead of your life and that of others'
Simultaneously
'And, on that account,
Such a bestial influence would deflect
The greatest cornerstone of all:
Free-will.'

Not unlike the stars
Life will shine on the
Darkest and most exiled parts
Life will glow, time will flow,
And sowing will take place,
In Earth, Water or Space,

Metaphorically,
You give the walk your pace,
'Tis you who brings forth upon yourself
Either happiness or disgrace
Mistrust or solace
It is time to wake up,
Lest the light depart.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Anedotas de Gambitos, o Saci de duas pernas só.

Cada poema traz consigo uma história. Um poeta é essencialmente um prosador. Ele prosa sobre a própria vida de uma forma universal... quem lê já passou por aquilo, ou sente a presença do descrito em sua própria vida, podendo estar num passado longínquo, ou no futuro, ou estar ocorrendo simultaneamente, no presente. É uma sensação única compreender uma poesia. Explicar o quê você depreende de um poema não é como corrigir uma prova e mostrar o certo e o errado. Na compreensão há lugar para o certo e o errado concomitantemente: isto se chama experiência.

Experiência poética.

E Viva o Salmaso*!

*professor do CEFET-SP. Na sala de aula, um verdadeiro mestre - culto, erudito, um ator; fora da sala de aula, um ser recluso, em seu digno direito. Uma postura que inspirava ainda mais admiração nos alunos que de fato prestaram atenção em suas aulas.

Twingles

I'm falling
I feel I'm falling
In seven minutes
I won't be the same
In seven minutes
Begins a new game
And it'll never again
Be the same (old game)

Shame
On me? On you?
On whom?
Perhaps none will answer
It until noon. Or at least
Not very soon.

Darkness has gone out
The window frame
Back came the light
Reflected, brightly insane
My thoughts ran after you
Day and night the desolation
Pulls me apart
Back to the start
Nobody has been
Given a heart
I nod, I think, I sink
Into my very being
I feel alone

And, God, how grateful am I.