quarta-feira, 30 de setembro de 2009

My Morning Jacket

Bonita a letra, gostei do som - e da ideia inusitada de se cantar, e ainda tão afinadamente, no interior duma garagem.


(Eu) Só (e) Ela

Abro a janela
Que vejo?
É ela, entrando,
Pelo vão da janela
Adentra a luz da vela
Acesa
Alumiando meu chão i-mundo

Meu coração palpita
Minh'alma grita
Mudo: sou criança!

"É ela!
É a luz
É a vela
Luzerna
Luar'

"Dê tua mão
Vamos cantar
Me sinto Sansão
Me sinto em meu lar
Me sento ao luar"

"Só de te olhar...
Só pra te olhar
Você mudou meu mundo
Com tua força,
O teu olhar"

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A vi na chuva, Zorba

Zorba, reprodução de escultura de Anthony Quinn

A viúva - nobre uva
Cor da chuva
Imolestada - nua
Sua sua sua
Recua... a figura nua
Seminua sob a lua recua...

Fosse a culpa tua
Fosses tu a grua
Que me acua e amua
Que a degolou na rua

Eu vi a uva
Suando carmim
Em mim, em mim
Mim:
Minto se eu vi
Não era suor
Era a aurora do leiteiro
Que jamais reabriu os olhos

A chuva manchou a rua
Maculou com a cor da paixão
Inumana.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Despertar dum Sonho

Acabo de despertar dum sonho. Nele, as pessoas eram genuinamente felizes. Nele, as pessoas escolhiam livremente quem beijavam, e não se discutia algo chamado orientação sexual. Nele, vivia-se com conforto, sem esbanjar. Mas era um mundo-fantasia. O encontro de uma realidade cotidiana com uma realidade virtual, e a mescla confusa resultante de dois âmbitos essencialmente distintos.

Não se sentia fome no sonho. Não se falou em comida. Parecia-me que todos eram sorrisos, descobertas, momentos silentes imbuídos em instantes sociais, o que se permitia viver sem mentiras superficiais.

Sonhei com esse mundo prescindível de epítetos: feliz, livre, bom ou ruim. Éramos o que éramos, sem necessitar nomear o estado emocional por que passávamos. Sem conclamar nossa existência como única ou superior às demais. Um mundo que desconhecia, por ingenuidade, os termos trégua, guerra ou paz.

O mundo que Tolstói ousou erigir em suas herdades aristocráticas? Seja lá. Um mundo orbe e urbe. Não se sabe direito o que se quer, ante a indefinibilidade de um sonho. O fato é que eu seria um hipócrita (comigo mesmo, não com o que os outros esperam de mim, como "politicamente correto") se afirmasse não desejar um mundo "melhor". Mas eu mesmo desconheço a que, concretamente, tal subjetiva terminologia se refere, e fico perdido quando indagado das soluções para melhorá-lo: educação, saúde, um mundo sem psicopatas no poder. Mas até aí, escolas não fazem a maior parte das crianças feliz - ok, o velho argumento defendendo a hipótese de que não se sabe ao certo o que se deseja quando ainda está no primário, secundário, enfim, enquanto se encontra nos antros da educação escolar. Mas o fato é que a maioria não é tão feliz quanto aparenta (ou procura aparentar) ser, e não basta arrancarem-lhes o véu chamando-as de anátemas e receitando-lhes Prozac. Não, as drogas não funcionam (The Verve), e só te deixam pior - cognitivamente, e o pior "pior" de todos: pior consigo mesmo. Deixa-se de acreditar na própria potencialidade para a cura.

Bem, e quanto à saúde? Autismo e vacinas, cada dia mais notícias evocando o surgimento da doença com a implementação da suposta panaceia. E na saúde há mentiras como na política. Em língua inglesa já se publicou enorme quantidade de livros e materiais concernentes aos perigos à saúde advindos da fluorização - o emprego de fluoreto - na água que bebemos. Desde problemas dentários até o colapso do sistema nervoso.

Sobretudo, um mundo sem psicopatas no poder. Sem George W. Bushs, sem Condoleeza Rices, sem Dick Cheneys, sem Colin Powells, sem Donald Rumsfelds, sem Tony Blairs, sem Ehud Olmerts, sem Sarkozys, sem todos esses títeres do terrorismo e da estupidificação massificada. Sem suas meias-palavras sacripantas que resultam no planejamento e alavancamento de guerras e invasões ilícitas, bárbaras e criminosas de nações menos poderosas.

Mas, para isso, seria necessário que uma parcela grande das pessoas conhecesse o que é, de fato, a psicopatia. E por que divulgar o conhecimento que identifica tais indivíduos, e os impede de uma maior contaminação da política e da sociedade, e de nós mesmos, como indivíduos. Já vivemos sob uma patocracia global, que envolve desde a medicina até os três ramos religiosos mais propagados mundialmente - judaísmo, islão, cristianimsmo - até... sim, já estamos infectados.

Puxa, eu despertei e percebi quão fundo pode-se ir à lama, estando-se mentalmente anestesiado. E cheguei à conclusão de que as aparências enganam (sim, Elis, Belchior). Descobri que é preciso saber o que causa a dor, e preveni-la, ou remediá-la, enquanto há tempo. Remediá-la, com consciência:

http://www.sott.net/

Um site de notícias definitivamente diferente dos demais.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nietzscheano

O que deixa de ser dito, acaba sendo feito. Cuidado, pois, com o efeito retardado das palavras. Palavras interditas, quando exprimidas, têm seu poder reduplicado. Os desejos proibidos são reavivados, o gigante que dormia, despertado, o níveo sonho torna-se num instante um pesadelo tresloucado. E daí não demora muito à perda do significado daquela vazão de dor, desespero, insanidade, todo o torpor acometido por um baque repentino, golpes de todos os lados destruindo a áurea santidade que havíamos imposto ao nosso ser.

Este ser definido pela ambiguidade, e que tolamente tentamos separar numa de suas vertentes: bem ou mal. Um bastão, não importa quantas vezes diminuído, manterá duas pontas, e essa é sua essência. Como deixar apenas uma, portanto, num ser humano? Acue-o, e ele virará um animal, mais rápido do que você pensa. Nutra-o de carinho, e ele não negará o próprio ninho. É claro, há exceções. Por toda parte haverá exceções. Algo tem de ser não-determinista neste universo, não é mesmo? Que aporrinhação seria se tudo fosse homogeneamente padronizado pelo meio.

Mas quanto às palavras, engaioladas, um dia elas irão quebrar o envoltório, pouco importa a força que as reprime, que as suprime, elas irão se libertar. Da angústia de viver nascerá o dom maior: a vivacidade. Ser vivo implica gostar, desgostar, sentir-se feliz, sentir-se com raiva, essa é a propriedade do caráter. Não é ser eternamente bonzinho, risonho, um fofo. Ou vestir-se para sempre da carapuça do herói trágico, impelido pelo fado, semblante pesado e penetrante. Pode-se apreciar ambos os lados da moeda.

Deve-se negar o que não nos apraz. Deve-se afirmar o que gostamos. Com a mesma tenacidade. Dizer: "Não, obrigado" com a mesma força que um "Sim, é claro!". E nisso resguardar a potência de um ser que se exprime não importa onde, não importa a quem. Disse Gandhi certa vez que o homem não deve temer ninguém, senão a Deus. E, bem, nesse mundo o que mais tememos são os poderosos, mas eles não são Deus, nem individualmente, nem tomados como um todo. Eles são reles, e vis, e ordinários, como a plebe de nariz arrebitado que eles tanto vilipendiam e odeiam e contêm com o aparato policial.

Eles nos temem mais do que nós poderíamos algum dia temê-los. Porque a ira do povo, unido, massificado, reduz quem quer que esteja imediatamente acima. A hierarquia é inicialmente destituída, mas tão logo cai a anterior, instaura-se uma nova, igualmente abusiva, igualmente cruel e desnecessária. Porque assim o querem os cegos, os parvos, os crentes. Quem crê não vê. E quem deixa de ver só pode ser inevitavelmente levado à beira do precipício, e provar uma vez na vida o gosto do medo, o suor frio do degredo. O degredo da vida destroçada no rochedo, que a aguarda nas profundezas abismais da ignorância.

A ignorância como ânsia pelo agradável e tangível, jamais o abstrato, o dificultoso. A ignorância como arma dos poderosos para obliterar as massas atoleimadas, abestadas, azêmolas a serviço de uma força invisível que as dobra tão logo tem vontade. E, dobrado, o ignorante não torna a se erguer. Mantém-se prostrado, negando-se, dissolvendo-se, é morto. É morto já com condescedência, sem resistência. É aniquilado como a mais rente vegetação, socada diariamente pela planta dos pés. Mas ao contrário daquela, ele não renasce tão logo pisado. Ele expia sentindo ainda o efêmero prazer da ignorância. E disso não resta esperança de um eterno retorno. É somente a morte, a cruz, o esquife, e nada mais.

Em alguns poucos, porém, correrá o veio da coragem, da impetuosidade, da vida sem limites que há na alma e nela apenas. Nesses raros, algo desde cedo chamará sua atenção: a busca inexaurível pelo conhecimento, do mais prático ao mais abstrato, desde suportar a dor, a fome, até suportar as tentações mais infames. Eles nunca se imaginarão como santos. Suas ações espelham o brio, o ardor, os colhões. E eles só se sentirão em fogo fazendo o que lhes é cabido desde o início. De alguma forma aquela informação veio ao mundo inculcada na porção intocável de seu ser, e não importa se ricos ou pobres, a faúlha fará fogueira, e a fogueira, externa e sujeita às vicissitudes da chuva e da nevasca, abrirá caminho para o fogo eterno da lareira, protegida de vis olhares e visitas pouco desejadas. A lareira será parte inseparável de seu lar, e crepitará tão logo o lar manter-se em pé.

Ali, serão acolhidos somente os escolhidos a dedo pelo dono. Receberão o calor das áureas flâmulas, sentados na proximidade das chamas terão a sensação de vida, esmaecida no contato com seres sem autenticidade. Seres de rocha fria, cujo calor superficial e enganoso advém do contato com os fortes adormecidos, que não travaram ainda conhecimento com a substância que corre dentro deles, e se aliam aos mais fracos, sem disso desconfiar. Mas chegará o momento, em que eles se descobrirão. Finalmente ou tardiamente - uma vez descoberto o tesouro, não mais quererão chafurdar no chiqueiro. A imundície os repelirá, enojados, e os fará criar belas obras acerca da potencialidade semi-divina dos homens.

E o conhecimento, uma vez propagado, despertará do sono profundo novos homens, e a hora será chegada para compartilharem entre si suas histórias de vida. Descobrirão, no fel, o mel, no joio, o trigo, na noite, a luz. A escuridão do prazer será dispensada em prol de uma vida multifacetada. E as múltiplas facetas trarão no imo senão a manifestação das fagulhas do divino. O divino estará ao alcance como um objeto próximo encontra-se ao alcance da mão.

Chega de solidão. Os homens descobrirão um outro igual a si. E outros, que, à guisa de igualdade, predavam e dali tiravam sua seiva. A seiva dos vivos fortificando os mortos. Será chegada a hora em que as escarificações se fecharão, e dali nenhuma seiva será novamente tirada. As bestas ficarão desnorteadas, e procurarão a próxima vítima em si mesmas. Dos fortes, para os fortes. Esse apenas o caminho.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A Vida Secreta das Palavras (2005)


Assisti a esse belíssimo filme dirigido por Isabel Coixet no Centro Cultural São Paulo, aproveitando a VII Mostra do Cinema Catalão em Sampa, que terminou ontem, 13/09/2009. Fiquei encantado, porque é um filme que lida com sentimentos enterrados, difíceis de serem trazidos à tona, pela carga emocional neles imbuída.

No enredo central, Sarah Polley faz o papel de Hannah, uma operária que tira férias, mas, ao invés de descansar - após quatro anos trabalhando sem uma folga -, propõe-se a trabalhar como enfermeira numa plataforma de refinamento de petróleo. Lá, ela irá conhecer pouco a pouco seu paciente Josef, interpretado por Tim Robbins. Josef recupera-se de queimaduras sofridas ao tentar salvar seu melhor amigo dum incêndio ocorrido pouco tempo antes, na própria plataforma.

Não só Hannah irá adentrar o mundo de Josef, mas mostrará a ele, após passado um período inicial de silêncio e esquiva, que sua vida atravessou um longo período de sofrimento, dum sofrimento, aliás, insólito a muitos de nós, um sofrimento de tempos de guerra. Ela é sobrevivente dos conflitos armados ocorridos na região dos Bálcãs na década de 1990.

Hannah se esconde, em suas conversas com Josef, sob o nome fictício de Cora - seu nome real só será conhecido por Josef quando ela, a enfermeira até então muda, se abrir, revelando ao paciente acamado os maus bocados pelos quais passou, em seus tenros 20 anos. No filme, faz-se menção ao Genocídio dos Armênios, sobre o qual já tratei neste blog(segundo link), pois por algum acaso benquisto, adquiri num sebo, há anos, um livro magistral sobre o assunto, com fotos das vítimas, dos algozes sorrindo ao lado dos corpos empilhados, e um texto de arrepiar os pêlos e cabelos. Não é um livro de fácil leitura - a primeira resposta é atirá-lo para o lado, para longe, e fingir que o mundo vai bem, obrigado.

Mas não vai. E a história que Hannah conta evoca lágrimas, porque esse sofrimento indizível segue como prática comum em regiões de conflito e guerra - estuprar mulheres é o único espetáculo da guerra para muitos soldados - os quais, sem dúvida, apresentam os mais evidentes sinais de psicopatia. Já na República Democrática do Congo, enquanto escrevo isto, até homens estão sendo estuprados. Digo "até", porque, mesmo nos tempos atuais, o estupro de homem por homem é visto como algo aberrante, inimaginável (imaginável, talvez, no interior de uma cela, de uma penitenciária) - mas é um crime que chama uma atenção muito maior do que quando a vítima é mulher. Isto mostra um pouco sobre o nosso mundo, que insiste em enxergar diferenças no tratamento de homem e mulher. Mas o estupro, seja contra homem, mulher ou criança, é um crime igualmente execrável e horrendo, ao qual não deveria jamais ser concedida impunidade, expressa ou tácita, uma vez que visa extirpar da vítima seu senso de dignidade e auto-afirmação, mais ainda, creio eu, que a tortura. Por meio desse ato atroz, o criminoso brande a arma do poder no interior do corpo da vítima, exatamente onde ela se vê resguardada. O último quinhão da liberdade e do livre-arbítrio, a interioridade individual, é maculada num fazer bestial, num des-fazer do indivíduo, do outro, da alteridade - num ato bruto, desumano e absolutamente covarde.



Daí a força do filme, ao explorar as facetas de pessoas, que, traumatizadas, expõem a causa do mal que as acomete, e somente assim há a catarse. O filme em si veste-se dum manto catártico, pois o espectador vê-se impelido a olhar para dentro de si e buscar algum resquício que seja de uma situação-limite pela qual tenha passado. Uma situação assustadora, temerária, violenta, que talvez já esteja nos cantos recônditos da memória, do Inconsciente, para ali empurrada porque esse é o processo mais fácil encontrado pelo nosso corpo e nossa mente para seguir vivendo. Levar o tapa e dar a outra face - o erro crasso já pregado pelos grilhões da religião.

Enquanto não enfrentarmos nossos fantasmas imanentes, eles continuarão nos assombrando, fazendo-nos mal, destruindo-nos. É preciso extirpá-los, se é que se almeja viver bem. Mas quanto custa?

O preço é alto, porém o bem que advém, inefável.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Platônico

Eu amo a ideia de te amar.

domingo, 6 de setembro de 2009

Ver a Cidade

Por que palavras grossas, quando poderíamos nos entender tão bem? E o tom de voz extremamente alto, de estourar os tímpanos, perder a razão? E as gírias escalantes, o baixismo gritante, os olhos distantes, o coração palpitante? E as portas fechadas, o som ecoando pra rua, chamando a mulher que concebeu teu filho de perua. O que é isso? Como iremos nos entender desse modo, se nenhum ouve, só fala fala, nunca cala, palavra-bala palavra-vento.

Isso não faz bem. Já é tempo de perdermos o receio de ver o que fizemos de errado, cara, consertar o quebrado. Já é hora de deixar o pudor de lado, tirar o mau olhado - isso não é vida, é fado. Não me manda calar a boca. Por força não se cala a cavidade falante mas nem com estopa. Já não é hora de lavar a roupa suja? Pois então, o que esperamos, o fim do mundo? Já estamos cá no fundo do poço do fosso essa vida é osso.

Meu irmão, vou me calar pra te ouvir. Não grita, não, não manda, não, me dá tua mão. Chega de briga, bagulho, vida inimiga. Esse monte de entulho é uma urtiga. Me queima, me corta, eu to te ouvindo. Tá me mandando tomar no cu, isso eu não gosto. Me mandando me fuder? Também não curto. Caralho? Esse termo não vem ao caso. Tá berrando pra quê? Viado? Eu não sou. E se fosse? A vida é minha. Homem? A gente nasce homem ou mulher. Orgulho disso? Não tenho. Pra quê me serviria? Não serve. Essa carapuça apodreceu há tempos.

Você tá gritando ainda. Bom, aqui não tem dono do pedaço. A rua é NOSSO espaço. Não teu, não meu. Amizade? Que amizade é essa, irmão, sem um escutar o outro? Pô, tá rolando alguma confusão. Amizade é dialogada, é conversa troca partilha paciência. Esse caminho tá torto, tá morto. Nesse momento eu esqueço o bem que você fez pra mim, joe, e você esquece o qu'eu te fiz de bem. Não é estranho? Pois é, não funciona desse jeito, esse ar é rarefeito e nós vamos sufocar. Palavra-tiro, bala perdida rouba a vida, mata quem tava de boa.

Você tá de boa? Eu tô de boa. Vamo falá? Que bom que o tom baixou. Meu irmão, o diálogo começou. Percebe a diferença? Foi difícil? Bom, e quem disse que escutar era fácil? A palavra é de quem fala, e quem ouve a terá. Nhenhenhém, blá-blá-blá? É assim desse jeito. O etéreo eterno só vem depois do beabá. Ninguém qu'eu conheço nasceu santo. É limpando o chorume que aprendemos a apreciar o belo. E quanto não trilhamos pra chegar até aqui. Hein? É ali. É ali. Quem disse isso não sabia o quão longe haveríamos de andar sobre as brasas do averno a vim de alcançar o Éden.

E quem diria... o mendigo apontou o caminho: siga humilde. A vida é um aprendizado. Adaptar-se é sobreviver, já viver... viver, meu amigo, é aprender. Qual você escolhe? Siga reto o caminho. O mendigo é Jesus, é Atena, é Buda, é a Luz. Meus olhos ardem, minh'alma chora. Meu nome é Abel, aquele que pôde ver o belo sem véu. Esta terra é o céu eu vejo os astros ao léu. Eu não trago comigo um puto no bolso, eu não tenho um manto no corpo, e eu sorrio como jamais sorri.

E você só ri. Era hora.