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segunda-feira, 9 de março de 2009
Down by Law (1986)
Uma impressionante produção do cinema independente americano. Jim Jarmusch dirige esse espetácuo, no qual você passa a conhecer: Jim. Zack. Bob. Três homens que não se entendem, habitando uma mesma prisão, e, ironicamente, uma mesma cela.
Um filme que se delineia, sobretudo, pelo elemento surpresa. A trilha sonora faz jus à bela fotografia e atuação, ao iniciar e desfechar a película envolvendo-a numa balada jazzística e instigadora. O Jazz, constata-se na literatura de Cortazár, é compassado pelo inusitado. Julio Cortazár era um bom entendedor de Duke Ellington e desse gênero musical provocante, repleto de nuances vocais e intrumentais, e as linhas escritas por esse talento literário não mentem a vivacidade de sua musa inspiradora.
Levados pela rítmica trilha e pelo bonito preto-e-branco, notamos, em determinada cena da película, a repetição de uma circunstância, isto é, um assombroso mise-en-abîme! É fantástico, exatamente como Cortazár. Quando um local desconhecido e alheio rememora, minuciosamente, um outro lugar que já conhecemos como a palma de nossas mãos, é literalmente a definição de uma forma de déjà-vu, o déjà visité. Aliás, uma das manifestações menos comuns de déjà-vu. E é claro: um déjà-vu é, por essência e substância, uma experiência transcendente.
Para quem já teve a experiência d'um déjà-vu forte e marcante, sabe-se muito bem a particularidade e o caráter único desse fenômeno. Justamente como esse brilhante filme. Jazz me recorda Cortazár... Cortazár é a literatura dos mise-en-abîmes e déjà-vus. Down by Law teve o êxito de reavivar todos esses aspectos na convolução de meu ser.
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Um comentário:
E quando é que você arranja tempo para ler Cortázar, meu irmão?
Há de ser no busão?
E a obras, esconder-se-ão?
Duvidoso.
Enfim...Talvez um dia lerá Rayuela, é lá que se encontram seres tão apaixonados por jazz como você, coisa também duvidosa, por supuesto.
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