sábado, 14 de março de 2009

O Sol Enganador (1994)


(quer uma dica? Só vou dá-la se você segui-la - estou de olho. Clique no vídeo desta postagem, para escutar a bela trilha sonora enquanto lês este breve escrevinhar cá feito. Sem preocupar-se - a imagem é estática, e não vai rolar trâiler algum. Somente uma sonoridade encantadora, que talvez tu nunca tenhas escutado, e que faz ainda mais sentido no decorrer das cenas. Entenderás melhor o que estou a dizer. Teus ouvidos e teus olhos, trabalhando em uníssono, fornecerão mais detalhes do que eu poderia, porque nunca estrago os prazeres que aguardam quem ainda não assistiu aos filmes dos quais escrevo... leia e ouça - nada de spoiler, garanto-lhe, caro(a) leitor(a).)

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Talvez a mais bela película a que tenha assistido nestes últimos tempos. Que atuação, que esplêndido cenário, puro assombro!

Do diretor russo Nikita Mikhalkov, este filme veio para mostrar o terror das perseguições políticas de Josef Stálin - o grande açougueiro, comparável a Mao Tse Tung, ambos filhos de Genghis Khan. E talvez fortemente aparentados com o tão querido 3º Reich. Assassinos.

E é por essa temática que o filme espanta: como relatar o horror que grassou pela União Soviética nos tempos de seu grande ditador e usurpador, sem apelar à violência gratuita? Qualquer que seja a dimensão da resposta, o filme a atingiu - em cheio. "Nem tudo é como parece", faz-nos refletir. E que nem sempre o lado para o qual pendemos é o lado harmonioso da balança.

Criminosos de gala, no portar, no assobiar... quem diria! Kotov! Ai quando tomamos parte de sua verdadeira história! Dói-me.

A trilha sonora acompanha-o em sua magnanimidade. Tão grande palavra, pois tão grandioso filme. Eduard Artemyev é a mão mágica que conduz as cordas e nossas emoções, que faltam jorrar no decurso dessa obra sem parâmetros.

Como não é divulgada? Por quê? Isto sim é cinema. O discurso acompanhado do ritmo e da harmonia. A eloquência, a voz que não quer calar - e que não cala. Bem, digo que gargalhei de alegria em algumas partes, e que em outras fiz-me mudo.

Ficar em silêncio é o primeiro passo para descobrir certas facetas de nossas vidas que pairam por detrás das mágoas. Descortinando-as, avistamos aquela paisagem dependurada na parede há tempos, já empoeirada, à qual não dávamos atenção. Anos se passaram. Certos objetivos, certas metas... simplesmente transcorreram, tal a ilusão do tempo.

E que cada momento vivido foi vivido. Mas o vivido sujeita-se ao olvido, tão rápido como a terra verte-se em lama pós a chuva. Se as memórias nos fazem relembrar, e relembrar é reviver, mui bem. Porque só se sabe o que se tem, quando estamos sem.

Quando estamos zen.



[Se o vídeo não carregar, eis o link pro youtube: Artemyev. Desculpe a inconveniência.]

Após o sol ter nos enganado, é que vemos qual a mão jogou o dado.

Ó, e que lástima!

Quem mais amávamos...

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