quarta-feira, 31 de março de 2010

Sou o Voo do Enjoo (II)

"Vertigem", mosaico de Dimitryi Polyakov

Sou o voo do enjoo
Minhas lágrimas entoo
Nestas idas canções

Com voz rouca eu troo
E com ela abençoo
O meu Solimões

Negra a mão que ara o solo
Negra é a mãe, negro o colo
Negros todos aldeões

A madeira e o cinzel
A paleta e o pincel
Sob chuva de trovões

É azul o limpo céu
De cor bege o doce mel
São tão tênues... as estações

Ela vem envolta em véu
E eu vou com meu chapéu
Na fusão dos corações

Confusão sob os trovões
No Rio Negro e Solimões
Toca o sino lá no céu

Oh pequenino menino
É você quem toca o sino...
Cuja corda traz em mãos

Ouça o som do violino
Ouça o som tão cristalino
O bambino tem irmãos

Todos andam de mãos dadas
Ladeados pela estrada
Crentes na ressurreição

Uma alma estagnada
Pode ser sempre a morada
Do divino e a criação.

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