terça-feira, 5 de maio de 2009

De Volta a Kansas

O tempo esvai-se em passagem
A vida corre, vai-se em miragem
A gente morre, só resta a imagem
Em casa, algures, n'alguma estalagem

É passageira a vida
Ligeiro o passo
Página roída
Doído abraço

Pecaminoso pensar em pecado
O Fado não suporta
Nós não suportamos
Sequer separar
Bonzinho e malvado

Fazemos o que dá
E dá o que fazer!
Que a vida não vá!
Se encontro-me a viver

Pecado maior não há
Que temer a viver -
A morrer

Se é pra ser feito
Cumpra-se então
Se for desfeito
É passagem é
Solidão

Mora em mim alguém
Que sente pelos outros
Em minha mente vem
Um outro igual a mim

Qual a distância
Vale indagar?
Vem-me funda ânsia
Avistar o fim do mar

O horizonte além do monte
Impalpável
A se acabar

E a vida, infinita
Não há de se perder
Dói a brita, o olho fita
O belo - a doer

Para não esquecermos:
A vida passada é
A vida em passagem

Nuvens, somos nuvens!
Nefelibatas enbranquecendo
O celeste azulado
Nívea lembrança

Da infância por vir
Sonhando a dormir
Dormindo embalada
Num brando embalar

Eis, pois, o dia
Que irá despertar
O retorno da alma
Em torno da alma
O lar

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