segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Zaratustra Renasce Poeta

Se Deus escreve reto,
Quiçá por linhas tortas,
Não sou eu Seu neto,
Para julgar palavras mortas...

Diz-se, de passagem,
Que o homem é filho
Mas - Olhai a paisagem!
Que ser vivo não é Seu filho?

Por que incluir a espécie humana
Qu'enquanto viva tudo profana?

Por quê? Por quê?
Vá, Narciso, plantar banana!

Se mudares, um dia, de idéia,
Serás, então, sem trégua perseguido,
Por vil turba multa, tal feroz alcatéia
Que te chamará de Anticristo renascido!

Ô, Zaratustra! Donde estás?
Dizei ao homem
Que não existe Satanás!

As nuvens que lhe fogem,
Sombras que o cobrem,
Ó, vil homem!

Que o tomem por vilão!
Mais vale a íntegra alma
Que dois pássaros a escapar da mão...

Labora, humanidade!
Assim jamais será em vão
Que pios membros da sociedade
Em breve te sepultarão...

Irás com a multidão desenfreada,
Perder-se, a esmo, no caminho?
Valerás mais, deixando lá a manada,
Percorrendo-o, quieto, a segui-lo sozinho...

Separai, pois, em vida, o trigo do joio:
Procurai entre os homens e mulheres
Aquele que será mútuo apoio
Em meio à guerras vis, porque reles

Vazias de significância ou razão
Carnificinas onde a alma
Do homem, mesmo estando calma,
Esvai-se-lhe pouco a pouco, em vão!

Ó, sacristão, dizei à multidão:
Não é a quantidade que define
Se tu és verdadeiro cristão!
Largar a boiada não é crime,
Mas a chave à tua salvação!

Ao menos salvarás tua consciência,
Largando a impensante aglomeração
De pessoas, sem a mínima sapiência
Do que o é se ter religião...

A apaziguada moradia desta
Jaz cá, no interior do coração
Não venha com a ignorante, dita jesta
De que a fé nada tem c'oa razão...

Vá bradar desatinos em tua sesta
Onde ouvir-te-ão sem acreditar
Pois dormindo, a murmurar,
Julgar-te-ão bêbedo da festa:

Dionísica, digna de Baco!
Regada a vinho e pêlos de sovaco...
De homens crentes -
Em um Deus bebericão!
Que caem embebidos e inconscientes,
Após mal conseguir(em) pronunciar
As palavras do que um dia constituiu
De fato uma oração...

Inspiradas pelas palavras de um Homem
Que mostrou à Humanidade o que é Amar
Somente para esta logo corromper a verdade
Transformando-a em utilidade, praticidade
Inverdade,
Futilidades...

De homens hereges
Que dão suas próprias matizes
Ao que falsamente designam: Religião.
Cospem asquerosas sobras à pedinte multidão
Que em vão procurará: vestígios de razão...

Verdade, coesão...

Foi-se tudo com a infeliz libada,
De uma corja canalha, safada!
Que engana os sedentos por religião,
Desconhecedores de que esta habita cada coração...

Mas, neste mundo, felizmente nada é em vão
Poucos, muitos, sabe-se lá?
Hão de acordar ante às bofetadas, sim, despertarão!

Talvez, assim, descobrirão
Não ter sido de toda má...
A ida desilusão...

Nenhum comentário: