segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira (e sobr'a brava que os salvou)

Perder o olhar:
De repente,
Sem aviso.

O deseperar,
Que se sente,
Ir-se o juízo...

Sem explicação,
Todos confinados
Numa prisão...
Ali desamparados,
Desolação...

Porém um dia
Raiou o sol
E a luz fugidia
Da fuga em prol

Mostrou-lhes que a prisão
Desguarnecida estava
Ao relento da ilusão...
Sem guardas nem armas
Sem brutas mãos com clava,
Abria-se, livre, o portão...

O próprio ar mudou,
A atmosfera renovada,
A liberdade conquistou
A turba maltratada...

E assim seguiram juntos
Aos tropeços do aprender
A tramar novos assuntos
Sentindo a vida renascer...

Dentro de si o irradiar da luz
Não importa se sem visão
Essa fonte dentro d'alma reluz
Em si, ao alcance da mão.

E aquela salvadora
Destemida, brava, forte
Ó força avassaladora
A sequer temer a morte!

A paz interna consolidada
O rosto esbelto, impetuoso
Nesta mulher sempre testada:
Jamais prostrou-se ao Tinhoso.

É uma guerreira amazona
Não quer nada com a sorte
Como pôde manter-se à tona?
E assim escapar da morte?

Que lança é esta que empunhas
Ó céu, côncavo estrelado
Neste terror de corroer as unhas
Ela retém o brio indomado!

Que garra ao pelejar valente
Neste mundo do zombar
Nunca a vi descontente
Do destino a reclamar...

"Aceita o fado, companheiro",
Disse-me certa vez
"Não faleça traiçoeiro,
Tu és homem, não rês!"

Ó, mulher dos ares,
Por onde tu começaste?
Esta jornada, por onde?
Ó, esposa d'Áries
Nunca os braços cruzaste!

De ti nada se esconde...

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