segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Mudança de paradigma(s)

Olá, caro visitante. Dir-te-ei algo de total importância, você conhecendo-me ou não. Não faço idéia do que sou, de verdade. Se meu amor é algo passageiro ou não (digamos que por enquanto ele está durando), se a garota quem amo sente o mesmo ou não, se a Aeronáutica irá detestavelmente me designar no dia 12/01/2009 ou não.... enfim: vivo na incerteza do dia-a-dia.

Faço, entretanto, coisitas poucas que me apetecem, ao longo das horas em que me encontro acordado. Leio, por exemplo, Nicolai Gógol em qualquer transporte público. No momento, isto é. Estou, correntemente, a ler Cidade do Sossego, para depois ler O Capote (o livro da biblioteca cá perto de casa tem essa maravilhosa tradução lusitana, cheio de 'c's mudos e "sumptuosidades", hehe...).

Pois, então, também estou trabalhando seis dias por semana. Lá na Oca, caso tu não tenhas lido um dos artigos anteriores deste blog, nomeado Bossa na Oca. É isso, basicamente, o que faço. Fui para Pirituba hoje, ao quartel. Saí de casa às 5h42 e cheguei lá às 6h05. Mesmo assim só fui liberado às 12h15, e de volta soma-se mais uma hora. A ida foi rápida, considerando que minha mãe me levou de carro.

Em casa, agora, escrevo nos escassos momentos livres, porque às 16h, aproximadamente, estarei seguindo para o trampo, e chegarei em casa somente oito horas depois. Se tiver sorte, claro. Já amanhã acordo às 6h e rumo à escola. À escola que me acolheu em 2006, e da qual é-me impossível agora sair sem soltar alguns altos brados de alegria, haha. Tu não achaste que eu iria dizer "sem derramar algumas lágrimas", certo?

Caso tu não tenhas percebido, a nossa mais forte ingratidão vem em resposta a circunstâncias e pessoas nesta vida que nos apontaram uma forma diferente de enxergar tudo aquilo que nos circunda. Ou seja, pessoas e ocasiões que fizeram de nós não ladrões, mas melhores e mais argutos observadores. Situações e indivíduos que nos deixaram mais alertas, mais sagazes, menos ingênuos. Que, não raro, até mesmo tenham aberto nossos horizontes. Resumindo: pessoas e circunstâncias que nos ajudaram...

E a Federal foi (ham, ham: e [ainda] é) uma dessas grandes coisas que nos ocorrem e nos balouçam e nos chocam, e nos enraivecem e nos chacoalham. Mas, no fim, notamos que a vida não seria a mesma se este e aquele obstáculos não tivessem se entreposto entre nós e nossas metas . Porque, afinal, é superando-os que criamos, ou mesmo entrevemos, novas possibilidades em nossas breves vidas.

Como, por exemplo, o meu técnico. Nunca poderia ter imaginado que fosse abrir tantas portas e janelas nesta casinha que eu julgava ser particularmente tão exígua. Consegui um trabalho graças a ele, e conheci a maravilhosa amiga do meu amigo (do técnico), que se tornou, digamos, mais do que uma amiga. E fui escolhido, junto com uma pessoa que se tornou uma valiosa amiga, para apresentar o TCC da sala. E adquiri, finalmente, a sonhada auto-confiança em apresentações orais! O curioso é como tudo aquilo que nos provoca um grande bem acaba sempre vindo embalado em embrulhos tão árduos e penosos de se desvencilharem daquilo que eles contêm (ou assim o foi para mim), que chego a desacreditar-me ao ver tudo que obtive em poucos anos... nada que me compre o antídoto contra as toneladas de terra que me cobrirão em qualquer dia que eu venha a morrer, admitamos.

Mas em poucos anos eu descobri a alegria, sim, a alegria de viver. De colocar a cara ao mundo, e receber os devidos tapas. Nada que me infle de orgulho, porque tapas dóem e, freqüentemente, machucam, demorando para cicatrizar. Mas essas cicatrizes são sinais de lições aprendidas. Tudo tem seu tempo... que frase sábia. E não é assim com a vida? Eu tive o tempo de minha infância, agora nascem primos meus e eles estão vivenciando essa indispensável fase da vida... e cada coisa em seu lugar, e cada macaco em seu galho.

E, em todo esse tempo, eu aprendi uma lição especialmente dolorosa. Aprendi a não-amabilidade, quer dizer, o não sorrir ao receber um tapa na cara, um pisão no dedão, um soco no estômago - metaforicamente falando, óbvio. Aprendi a me abrir - com quem merece. Esta última foi uma das mais doridas lições, com certeza. Aprendi que para amar alguém não é preciso dizer "eu te amo". Ao contrário, as pessoas quem eu mais amei nesta vida, muitas das quais remanescem nesse patamar, nunca ouviram nem provavelmente escutarão tais palavras de mim. São palavras que me pesam demais, e simplesmente recusam-se a sair. Mas, por ações, o amor fica mais belo. Por meio de gestos, ele perde a efemeridade verbal... basta escolher entre os pólos antagônicos: "verborragiar" ou agir, em nome do amor? Eu escolhi agir.

Aprendi, portanto, que um gesto de amor vale mais do que mil palavras.

E tu, o que aprendeste? Comenta, anda.

2 comentários:

Camila da Mata disse...

Uma personagem de filme, que não digo quem é para que a citação seja vista imparcialmente, disse:
"As cicatrizes têm o poder de lembrar-nos que o passado foi real."

Não vou me prolongar agora e aqui com o que aprendi, visto que isso constitui boa parte do que sou - bem, uma reflexão longa demais para um simples comentário.

Eraldo disse...

"são palavras que pesam de mais"...
e só...