quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Humanidade Revisitada

Humanidade Revisitada

Silêncio,
Tétrico,
Num dia de Sol.

O arrebol,
Fenecendo;
E eu,
Quieto,
Irrequieto,
Cogitando,
No atol.

De esperanças,
Relembranças,
(In)Decisões
Que não tomei,
Pessoas
Que não amei,
Porque nunca as compreendi.

Bem sei
Que anedotas,
Como esta,
Não lhes interessarão.

Pois apenas são
Estórias,
Mal-contadas,
Vã recordação...

Os fatos que elas contam
Não merecem atenção.

São sucessões,
Transcorridas,
Alheias à realidade,
Estranhas à ficção.

Pessoas mal-amadas,
Em vão me julgarão.
Não sou mais
Que passagens rabiscadas
Daquele roto,
Ignoto manuscrito,
Atirado ao chão.

Linhas tortuosas
Daquele livro lá no canto:
Puído, carcomido, ignorado
À sombra, estremecente,
Tremeluzente,
De árvores nodosas
Que cobrem, tal o manto,
A fugaz memória
De um sonho inconquistado!

Que livro é este,
Senão a vida?

Que linhas são estas,
Senão os próprios fatos,
Viventes, mortuários,
Que, gradualmente,
A nós encobrirão?

As trincheiras
Do desconhecido,
Registradas
No manuscrito:
Inscritas, gravadas,
Sulcadas:
Esculpidas
No âmago humano,
Nos recônditos
De sua alma,
No pulsar
De seu coração!
...

As passagens recordadas
São evidências retomadas
De uma vida que,
Memorada,
Não foi vivida em vão!

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