terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A Luta Muda


Palavras semeadas ao vento
Atravessando as grades
Da cela de um detento

Pedindo a liberdade
Que lhe foi tomada
Cumprindo com suas asas
Toda uma jornada

Buscam na vida o seu sabor
No ar a sua cor
Ressuscitam um velho amor

Suas roupas já puídas
Sua alma escondida...
Ser solto é o início de tudo
Para o prisioneiro mudo

Ninguém sente
A verdade deprimente
De estar num calabouço
Refém da própria mente

O pão com aguardente
Descendo a goela
Não esquenta a frialdade duma cela

Mas ele quer ser solto
Liberado, libertado
E para isso ele luta
Até que os anos deem cabo

Desse sonho transviado
O tempo esgotado
Os dentes já caídos
E o pescoço degolado

Tendo sorte...
A vida recomeça
Jamais o fantasma
Da antiga pressa

Libertar-se é tudo
Para o prisioneiro mudo.

2 comentários:

Jefferson disse...

A mudança veio pra melhorar!

E ótimo tema, como sempre!

Fernando disse...

Obrigado, meu irmão. O tema é a prisão, fictícia ou não, do Homem. Um tema sempre atual, não há dúvida. Aliás, a(s) mudança(s) sempre vêm pra melhor. Porque vêm para ensinar-nos novas habilidades e um novo exercício de visão de mundo.