sábado, 30 de janeiro de 2010

Favela


Gira o mundo
Roda a manivela
E o rotundo acordar
No interior da favela

Vamos às ruas!
Tilintar as gamelas
Não há mais comida
Que já caiba nelas

Meu filho, acordado,
Tirando a remela
C'o dedo sujo da mão

Não temos água
Nem vinho
Nem pão

No desalinho
Rezamos est'oração:

"Ai de mim, ó Deus,
Me ajude
Quero comida na panela
E água no açude

Quero sair da pobreza
E alimento na mesa

Quero sair da favela
Sem vã politicagem
E inútil balela

Melhor vida, sei bem,
É mera miragem
Mas bem pior seria
Nem nela acreditar

Quero uma janela
Com tramela
Pra poder me resguardar
Quando durmo à noite
E feito sentinela
O ladrão vem me roubar

Minhas filhas
Para o tráfico
Inumano

Tamanha tristeza
Ó Deus
Deixa o ser humano
Insano

Eu só peço um novo ano
E entender o ser humano,

Amém."

3 comentários:

Edison Waetge Jr disse...

Triste, porém legal!

Karen De'la Rocha disse...

eu já lií!rs

No meu mais novo contato com você: Orkut!

Lindo como sempre suas palavras curtas e imensas em sua objeção!
Parabéns, acho que agora vou ler seus textos com outros olhos, porque eu costumo ser assim, quando conheço o ser por traz dos livros, textos ou versos fico tipo assim imaginando: o que ele pensava quando escreveu este texto, qual seu estado de espírito, qual a definição para sua personalidade... Sou assim mesmo, não repare!rs Coisa de interiorana!rsrs...

Novamente parabéns, e espero ler mais e mais, e um dia estar em uma fila numa livraria com um livro na mão SEU para você autografar!rsrs [Aquelas!rs]

Beijos

Fernando disse...

Obrigado, Edison! É triste, mas é também um canto de esperança. Desvendar o que se esconde detrás de ações vis e cruas.

Fico muito feliz, Sienito. Serei sempre grato em tê-la por aqui. E, quem sabe, o seu pensamento um dia se concretize. Eu nem teria palavras para descrever quão grande seria minha alegria.