quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sidharta...ou...In Medio Virtus

(04.01.2009)

Daqui a algumas horas, estarei face a face com meu verdadeiro inimigo: não, ele não é o que acorreu à sua mente.

Seria insincero de minha parte dizer que não me preocupa de todo esse embate num futuro tão próximo que quase palpável. Mas seria quase jocoso falar-lhe dele com certo receio e terror a assolar-me o espírito ou qualquer outro antro meu mais imanente.

No entanto, se uma virtude foi-me dada ter, esta é o caráter augusto, mesmo frente à mais iminente derrota. Tal sabedoria precoce me possibilitou dar de tudo e mais um pouco antes que o agourento fado se assentasse em meu ser na forma de inagüentável fardo: realidade.

É difícil orgulhar-se de algo que se cristaliza naturalmente, como o orvalho sobre a folha erbácea. Mais fácil e mais soberbo seria regozijar-me de algo conquistado à dura lida e esforços humanamente inenarráveis.

Daí o inimigo, quando encarado desnudo de uma ótica misteriosa e aterradora, tornar-se, no que pareceria um passe da mágica a olhos leigos, um óbice trespassável. Se irei - ou se irás - trespassá-lo ou não, é algo alheio à premeditação.

Desde a infância nos acostumamos a ouvir dos mais velhos e experientes que devemos nos precaver contra possíveis eventualidades e viradas da sorte. Quereriam tais sábios anciãos dizer derrotas? Provavelmente. Antever as falhas em que poderemos incorrer - num futuro, na maior parte das vezes, pouquíssimo distante e minimamente previsível - é um dos fundamentos da virtude. A prerrogativa da ação virtuosa é a não-antecipação: não importa quão belas sejam suas motivações interiores, ou quão beatas e pias suas - mais caras - intenções. O resultado, não raro, é desastroso. Por que o destino nos mostra sua mais álgida face nos momentos de maior júbilo e sucesso de nossas vidas? Por quê?

A resposta dessa pergunta envolve, sobretudo, dois pontos cruciais:

Primeiramente, é uma assunção - no mínimo presunçosa - afirmar, sem resqüício de dúvida, que este ou aquele momento que vivíamos era de fato o mais felizardo dentre todos os suspiros de vida que demos.

Em segundo e último lugar, porque se pararmos para cogitar, o universo é uma grande escola. Uma escola sem muros nem fronteiras, não importa qual caminho em particular trilhemos, ou por quais becos adentremos, supostamente para encurtar uma trajetória que ruma a algo recendente à vitória. Mas as aparências, como de costume, enganam. Qual vitória, cada um somente pode depreender de suas próprias ações, visto que as vitórias externas não passam de alusões às internas - seja dito, àquelas que ainda podemos conquistar num âmbito interior e condizente sobretudo a nós mesmos, e mais ninguém. Concernente à nossa essência. Todavia, sendo uma grande escola do aprendizado o universo, pode-se derivar uma conclusão de peso: variegados e múltiplos são os mestres e professores, humanos ou não, efêmeros ou duradouros, que cruzarão conosco no decorrer do processo de aprender. Agradar-nos-ão todos? Impossivelmente. Aprenderemos mesmo ante nossa desafeição imediata para com alguns deles? Inevitavelmente.

Portanto, vitória ou debacle, zênite ou nadir, a substância da vida jamais deixará de ser o aprendizado. O aprendizado nos ensina a serenidade. E a serenidade leciona ainda outra virtude: estar preparado para tudo. E o preparo abrange todas as formas e manifestações da aquisição do conhecimento. O conhecimento é infinito, tais quais as gradações multicores do arco-íris. E a existência, coletiva ou individual, também.

Re-birth.

Re... mirth
!

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