domingo, 15 de fevereiro de 2009

A (suposta) Verossimilhança

A imprensa suíça deu grande destaque à reviravolta no caso Paula. Alguns jornais publicaram duros ataques. Um colunista do diário conservador "Neue Zürcher Zeitung", um dos maiores do país, acusa a imprensa brasileira de inventar fatos "regularmente" e afirma que o Brasil é um dos países mais racistas do mundo.
[Folha de S. Paulo, Mundo, Domingo, 15 de fevereiro de 2009. Sobre o caso da brasileira que foi alegadamente ferida por neo-nazis na Suíça, na estação de trem Dübendorf.]

Pode mesmo ser que o Brasil seja um dos países mais racistas do mundo. Só não o vejo nos metrôs e ônibus. Talvez eu esteja cego, mas o que vejo, sim, é um preconceito inerente nas pessoas contra os pobres - todos os depauperados pela sociedade iníqua em que vivemos. Esse preconceito existe. No mundo dos negócios, já foi mostrado que o homem branco ganha mais que a mulher branca, que ganha mais que o homem negro, que ganha mais que a mulher negra. Asiáticos e outros não foram contabilizados no estudo, mas a velha piada corre solta sobre a dificuldade de se encontrar um mendigo asiático por aí. Existem, mas sua exclusão é meramente econômica, e não tem qualquer origem social ou discriminatória quanto à sua etnia.

Sim, a imprensa também inventa fatos "regularmente", para manter o Pão e Circo (Panis et Circensis, né Buarque?) funcionando. Mas assim o fazem todas as imprensas do mundo, pelo o que eu saiba. Só imagino se na Suíça há a mesma convivência diária e oni-vigente entre negros, brancos, pardos, amarelos e (poucos, mais ainda assim presentes) vermelhos nas ruas, nos transportes públicos, enfim, na vida cotidiana. Pergunto-me se lá essa convivência um pouco menos forte e manifesta não poderia colocá-los na lista dos países racistas (e xenófobos). Porque xenofobia, no Brasil, é coisa para inglês ver. Deve haver focos por aí, com políticas xenófobas sendo disseminadas entre neo-nazis e afins, mas a população em geral não tem muito o que dizer sobre estrangeiros.

Criticar o outro, de forma tão acerba, é uma forma de se esconder. Ah, poderiam ter se lembrado da corrupção tupiniquim! Quão conveniente não seria... hein?

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