quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Aprender a discernir

Recebi um email, com o seguinte comentário sobre a situação palestino-isralense:

Desagradável paralelismo... ...há dois detalhes para 'pior' e 'melhor'... (1) Israel é uma democracia... não uma ditadura que escolheu um povo como inimigo universal... assim o que fazem é por decisão da maioria... sem as desculpas das mistificações da propaganda nazista... (2) por ser uma democracia, por ter sua base original no "Livro", pelo seu próprio passado e pela sua força presente... ainda pode haver esperança que a coragem para superar o 'viver pela espada' possa prevalecer... e a coragem para 'oferecer a outra face' e 'dar o manto' e 'caminhar' com quem lhe pede... também se manifeste... afinal, ainda que pareça apenas um ideário cristão... esses preceitos também fazem parte da raiz mais genuína da fé de Israel, Jesus apenas sublinhou essa parte e exigiu que se vivesse pelo espírito da Lei e não pelos detalhes jurídicos que acabaram criando centenas de páginas de comentários para talmudistas. Apenas essa 'conversão' pode superar o que se vê em casa... não se trata de ingenuidade romântica mas de sabedoria prática: o exemplo está na própria Alemanha pós-guerra onde o tratamento humano, tão diferente dos termos aplicados após a Primeira Guerra Mundial, preservaram o melhor da cultura germânica... É tempo dos israelenses aprenderem a se?gunda parte da lição... ou se esquecem que os palestinos serão capazes de algo muito maior que o levante do gueto de Varsóvia?

Minha resposta segue:

Bem, por tudo que Israel faz, dificilmente diria que é uma democracia. Está mais para um governo totalitário e expansionista disfarçado de democracia, que é o que o mundo aceita. Como o lobo vestido de ovelha, a clamar que "nações árabes o cercam", e que "se vê constantemente ameaçado". Israel tem o exército mais potente do mundo, armado e financiado pelos Estados Unidos da América. Israel é governado por sionistas, que muitas vezes desprezam os próprios judeus e as passeatas que ocorrem dentro do próprio país para uma solução de dois estados e a libertação dos presos inocentes palestinos (aos milhares, em prisões não documentadas, sofrendo abusos inenarráveis diariamente).

Se fosse somente isso. Israel vem massacrando os palestinos desde o início de sua existência. Uma existência falsa, porque os palestinos habitavam aquelas terras muito antes. Instalaram-se no território que lhes foi dispensado pelas potências econômico-mundiais daquela época, Inglaterra as encabeçando, e não pararam até hoje de tomar para si terras alheias. Usurpar a liberdade, dominar, estuprar, trucidar. Sem piedade. Mais de 400 vilarejos e aldeias palestinas foram varridos do mapa nos primeiros anos. Mais de 400!

Você tem idéia do que é isso? Genocídio. O extermínio deliberado de um povo. Não é à toa que vários grupos israelenses tenham se formado, defendendo um processo pacífico de se solucionar esse assassínio de um povo sem terra. Mas um povo desterrado, isto sim, porque possuía belas plantações de olivas antes do implante de um povo estrangeiro e cujos ascendentes familiares nada têm a ver com os habitantes precedentes daquela região. Ou seja: uma terra que não deveria estar sob as suas posses.

Não, um genocídio só tem solução quando as vozes se erguem e são feitas sentir. A tendência dos fatos atuais é uma eclosão vulcânica, e não temos muito o que esperar. Mais e mais palestinos, crianças, velhos, mulheres grávidas, são mortos sem o menor resqüício de remorso, ou sombra de dúvida.

É tudo muito fácil, e tudo muito desumano. É como jogar um jogo, e os soldados israelenses são amestrados como cães, para farejarem suas vítimas. Devem inclusive competir quantos matam. Devem achar que estão jogando Doom. Que são as forças supremas do Bem, contra as onipresentes do Mal. Devem achar muitas coisas. Todas mentirosas e caluniosas.

Tudo em que creem uma grande pilha de esterco. Fedorenta, asquerosa, terrível. Terrível para as pessoas que têm alma e que não estão no poder, e que veem o que os psicopatas que estão no poder estão fazendo: jogando povo contra povo, numa colisão de forças que anulará a civilização.

O caos é imposto de cima para baixo - e vê-lo é somente o primeiro passo. O segundo é escrever sobre isso, divulgar.

Sem meias-verdades, como uma "promessa de esperança". Não há esperança alguma enquanto houver psicopatas nos governando, e revirando as concepções que nos tornam essencialmente humanos. O mais notório dos quais, para os brasileiros, Maluf: "Estupra mas não mata. Rouba mas faz."

Para ele, está muito bem. Mas e para nós que vemos os psicopatas no poder?

Sobre psicopatia, o site mais sério, didático e instrutivo sobre o tema: http://www.cassiopaea.org/cass/site_map_qfg.htm [ver o tópico "Studies in Psychopathy", descendo, no canto esquerdo da página]




E falando em esperança, republico a gravação musical abaixo, que me emocionou pela profundidade de suas palavras - e de todo o processo de composição que permitiu a este artista palestino, Doc Jazz, expor tão bem o que está acontecendo:


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