quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mil Anos de Orações (A Thousand Years of Good Prayers, 2008)


Mil Anos de Orações (2008), do diretor chinês Wayne Wang, é um filme composto essencialmente de diálogos. Esqueça o gênero ação, magnificamente explorado em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008). Esqueça, também, a comédia barata e sem-graça de filmes massificados, grande parte deles norte-americanos. Há, sim, humor nesse filme. Mas é um humor de qualidade superior: é necessário estar atento para notá-lo. Caso contrário, algumas cenas (mui!) cômicas passam literalmente despercebidas.

Afora as tiradas bem-humoradas de Wayne Wang, o que marca mais são as tomadas fotográficas, com as quais o espectador certamente irá se maravilhar. Se as história (plot) conduz a atenção de quem assiste, o fato é que são as fotos o que mais prende esse mesmo olhar. Se não já bastasse o filme ser, aliás, muito bem norteado pelo enredo, a cinematografia é de se espantar.

Um filme que prima, sobretudo, pela qualidade e pelo conteúdo. Cada diálogo é uma abertura do que se passa no interior das personagens, e, dessa maneira, revelam todo uma dimensão de conflitos entre culturas e modos de se ver o mundo radicalmente diferentes. Um pai comunista que visita a filha nos EUA, seio - porém não o berço, esse papel é da Inglaterra - desse capitalismo tantas vezes alcunhado de selvagem... já dá por si uma ótima história, não?

Pois é, mas a verdade é que o filme não se detém nesse embate bipolarizador que recende à Guerra Fria. Ele vai muito além. Falamos todos a mesma língua? Habitamos todos o mesmo planeta, ou será que vivemos em mundos completamente distintos? Que liame ligaria um pai e uma filha há tantos anos separados geograficamente, sentimentalmente, munidos de mútua incompreensibilidade no reencontro?

Quanto a esta última questão, não é nenhum segredo a resposta: o único fio capaz de reunir duas pessoas após tantos rompimentos e desencontros de opiniões, é o mesmo elemento que sustenta qualquer possibilidade de existir algo exterior à nossa tão comprometedora subjetividade: a verdade.

Qual será a verdade?

Somente assistindo se descobrirá.

Para ver algumas fotos do filme, clique aqui.

Nenhum comentário: