sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Bojador: Outrora Homem, Aurora e dor

Sem antecipação, corre à roda
A vida, corre solta:
E viva, desenvolta.

Até quando o realizar
Dos sonhos trás à mente
Débeis assunções d'um porvir,
Que termina por ruir e destroçar-se!
E isso a alma sente...

Por que perde o sono em devaneios do amanhã?
Cabeça quente, coração pulsante, qual febre terçã?
Se no sono o sonho lhe seria recompensador?
Mas, não...
Flébeis mãos tateiam a esmo o escuro...
E perdem o melhor:
A aurora e o desabrochar da flor...
Como outrora,
A lição não-aprendida faz-lhe a perda do amor...
Bem, sem rancor...
Pois toda a vida trás em si um desamor,
Para das cinzas renascer em esplendor!

O mundo gira, as pessoas vivenciam,
E as lições vão sempre além
Do cabo do Bojador...
Além da morte.
Além da... dor.

2 comentários:

Francisco Castro disse...

Olá, esse seu lindo poema retrata fielmente a padecer das pessoas que amam ou que já amaram. O amor leva consigo a dor, a dor da saudade, da perda, do engano e da solidão.

Abraços

Fernando disse...

Obrigado!

De fato, é isso o que acontece.

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