Na aula de história de ontem, 16 de maio de 2008, a nossa professora indicou este ao mesmo tempo chocante e insubstituível filme: Anjos do Sol. João Hélio, o menino de classe média que virou notícia ao ser brutalmente morto por ladrões que fugiam de carro - enquanto ele se encontrava dependurado pelo cinto, em encontro com o asfalto - fez notícia por todo o país e ganhou a simpatia de milhares, senão milhões de mães, que choraram mais uma vida tirada por "pessoas" que só são capazes de dar valor a sua própria vida, banalizando a dos outros, com crimes cometidos contra criança inocentes como no caso do infeliz João Hélio. E recentemente houve o caso da garota que foi estrangulada pela madrasta e arremessada pela janela do edifício onde morava, pelo pai. Mais uma crueldade cometida, por pessoas com sinais evidentes de psicopatia.
O que todos esquecemos no calor da tragédia, no entanto, é que ambos são vítimas pertencentes à classe média. E todas as crianças que morrem em chacinas praticadas por policiais revoltados pelo assassinato em ação de um companheiro? E todas as crianças faveladas e marginalizadas que já viram parentes apanharem de policiais em represália, e viram amigos seus serem alvejados por policiais que "entram para matar" - independentemente de quem? Será que as estatísticas só alcançam as vítimas pertencentes à classe média para cima, enquanto centenas morrem sem qualquer holofote da imprensa para revelar os mesmos sinais de brutalidade cometidos contra elas, com a única diferença de que os assassinos representam o poder coercitivo do que chamamos de democracia?
E ampliando a discussão: como já diz meu professor de Sociologia, "A democracia em que vivemos é uma farsa". Nos Estados Unidos - "Uncle Sam"- há dois partidos políticos - o Republicano e o Democrata. Você vota no Republicano e o país entra em guerras intermináveis, ilícitas e anti-éticas - porque baseadas em mentiras e falsidades, usadas por políticos corruptos de forma tão eloqüente que chegam a parecer argumentos convincentes, as mentiras se transformam em verdades, com a capacidade incrível de mentir que os políticos norte-americanos no poder vêm desenvolvendo. E nada como mentiras ditas como verdade para enganar o público, cansado de procurar nos meios de imprensa usuais e nada encontrar de verdadeiro, apenas artigos promovendo a guerra e os tão chamados "neutros", ou mesmo os que dizem ter-se encontrado "provas conclusivas" contra tal e tal país. História antiga essa...
Enfim, enquanto houver centenas de milhares de crianças em meu país sofrendo abuso doméstico e comercial, seja ele físico ou sexual, nunca poderei considerá-lo uma democracia. Enquanto políticos continuarem fazendo todas as sacanagens do mundo com o dinheiro que é nosso, e mesmo assim continuarem sendo eleitos por votos ditos "limpos", e em seus mandatos roubarem mais dinheiro ainda do cofre público, enquanto um terço do país passa fome, nunca que este rincão de terra poderá ser chamado de democracia. E o latifundiário que mandou matar Dorothy Stang foi absolvido, após ter sido previamente condenado a 30 anos de prisão. Que bom! O crime já adquiriu uma áurea de impunidade neste país onde reinam as saúvas, e a saúde que se cuide...
Enfim, por todas as razões acima, eu recomendo de coração o filme Anjos do Sol (2006, do diretor Rudi Lagemann), porque retrata a realidade de muitas pessoas neste país. É um filme doloroso de se assistir, mas assim como todo bastão tem duas pontas, onde há impunidade e desgraças, quem tem um olho é rei - e, como sabiamente disse Tolkien, na majestosa obra Senhor dos Anéis: "Enquanto há vida, há esperança". A meus caros leitores com consciência, solto um brado: Não Deixemos a Esperança Morrer! Estamos vivos, e enxergar por trás das lentes nos faz senão ainda mais vivos, despertando nosso olhar para a faceta freqüentemente negligenciada de nosso amado País. A reflexão que o filme possibilita é profunda e real: e cheguei à conclusão de que a realidade é certamente mais assustadora que a própria ficção.
Há 12 horas
4 comentários:
Pois é ...
De expectativas, estamos de saco cheio Ninguém aguenta mais as explicações verborrágicas de como chegamos à situação atual e qual a receita para dela sair.Os especialistas servem para isso:criar expectativas.
O Brasil precisa é de esperança. E já que os donos do poder, esfregados em nossa cara a cada minuto pela mídia, não nos dão a esperança, a gente vai buscá-la noutro lugar.
*E,nessa hora,meu caro,até mancha em vidro vira santo.
E notícia.
E catarse.
Pobre Brasil, cheio de expectativas.
Quisera fosse esperança.
haja santo !
(*)santo é por causa daquela história, não sei se vc sabe, que apareceu uma mancha num vidro de uma senhora e todos disseram que parecia um santo, saca?
e eu gostei muuuito da foto que vc colocou =D
Obrigado pelo elogio à foto!
Eu lembro sim da mancha no vidro que virou santo. Acho que quando as pessoas estão em um estado emotivo extático, seja ele religioso ou induzido por drogas (os efeitos bioquímicos que ocorrem no cérebro são muito similares, nos dois casos), elas acabam vendo "coisas", o que muitas vezes não corresponde com a realidade. Além do mais, tal estado pode ocorrer em grupos enormes, porque todos estão ansiosamente esperando que o outro veja, e mesmo se ele não vir, mentirá para se sentir parte do grupo. Enfim, cada qual com suas visões - mas nada de tentar impô-las em quem não quer nada com isso...
Adoraria ver essa dissertação sua num editorial da Folha, ou no Jornal Nacional (Algo tão improvável, que chega a ser impossível)!
O ultimo parágrafo já te elogia elegantemente com toda essa nobreza Nietzschiana que você escreveu!
"Enquanto há vida, há esperança"
E eu digo, "Aos vencedores, as batatas" Algo que um cara chamado Machado de Assis, disse como Quincas Borba.
"Aos perdedores, o ódio ou a compaixão"...
Se há pessoas como nós, ou como você, escrevendo na média de internet, para divulgação de matérias como essa! Estamos sendo vencedores!
Já, em outro lado, temos os perdedores, pessoa que sofrem de impunidade e corrupção! E não tem a mínima condição de se expor mais tarde... Por medo, ou falta de cultura. Imposta por esta dita "democracia", teria hoje o Brasil uma completo democracia? Teria algum outro país...
A resposta é negativa. E enquanto ao futuro ou às batatas... depende de pessoas como nós ou você.
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