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domingo, 4 de maio de 2008
O papel das reservas indígenas contra o desmatamento
Estava lendo a Folha de hoje, quando me deparei com mais um estudo mostrando a importância das reservas indígenas. Uma importância bastante prática, deve-se dizer. Segundo o levantamento feito pelo ISA (Instituto Socioambiental), as reservas são eficientes em conter o avanço da grilagem e do desmatamento. E na maioria delas, o desmate acumulado até 2006 é igual ou menor que 1% de sua área.
Ao contrário do que afirmou o general Augusto Heleno, cujo argumento expus em outro artigo deste blog, os novos dados mostram que não há ameaça do ponto de vista da integridade ambiental do território brasileiro. Além do mais, o papel dos índios de frear a expansão das atividades predatórias na Amazônia representa uma proteção ativa: papel este ainda maior que o dos parques nacionais.
Um estudo publicado em 2006 na revista "Conservation Biology" também mostrou que as terras dos índios são "hoje a maior barreira contra o desmatamento na Amazônia". O grupo mediu o dematamento dentro e fora de 121 terras indígenas, 15 parques nacionais, 10 reservas extrativistas e 18 florestas nacionais. Descobriu que o corte raso (retirada das espécies com valor comercial, sendo o restante da floresta derrubado e queimado, logo após) fora de parques e áreas indígenas era 20 vezes maior que dentro dessas reservas, mas com uma diferença: os parques estão geralmente fora do alcance da agropecuária e as terras indígenas, não. Muitas vezes elas são cortadas por estradas ou linhas de transmissão de energia.
Ou seja, mesmo as reservas indígenas estando ao alcance da agropecuária, não são desmatadas. Elas não estão isoladas. Como dito acima, muitas vezes elas são cortadas por estradas ou linhas de transmissão de energia.
A proteção, segundo o artigo da Folha, acontece por dois motivos principais: primeiro, uma vez demarcadas, tanto unidades de conservação quanto terras indígenas "saem do mercado", ou seja, tornam-se arriscadas demais para a grilagem, porque ganham limites geográficos facilmente verificáveis e um dono - a União.
O artigo continua: No entanto, diferentemente dos parques, as terras indígenas excluem ativamente os invasores. "É onde tem gente tomando conta", diz André Lima, diretor de Políticas para o Combate aos Desmatamentos do Ministério do Meio Ambiente. Lima cita o caso dos ashanincas, um povo do Acre que habita a fronteira com o Peru. "Eles freqüentemente pedem ajuda à Polícia Federal para ajudar a combater madeireiros peruanos".
Pois é, a impressão fica cada vez mais forte que os argumentos contra a criação de reservas indígenas, e especificamente contra a reserva Raposa Serra do Sol, são, acima de tudo, favoráveis ao agronegócio. E servem aos interesses deste muito bem.
Do artigo da Folha, "Terras Indígenas Detêm Devastação na Fronteira", de Claudio Angelo.
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2 comentários:
Artigo luzente, meu irmão; E agora estou crente de que índio e reservas; São solução!
}:)
Precisa-se comentar com rimas? huahuahau
Não digo que são solução - pois eu teria que pesquisar muito mais do que isso. Podem ser o pontapé inicial, no entanto...
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