sexta-feira, 2 de abril de 2010

Poeta Profano Sonha Com Deus


Nutre o poeta um desdém
Abstêmio em seu coração
Por coisas do mundo aquém
Pronto a dizer sempre um não

Asceta d'alma e de vida
Difícil fundir-se ao mundo
É sua alma sua querida
Mergulhá-la no profundo

Sonhar à noite com astros
Fatos calcados em si
Veleja ao mar sobr'o mastro
Ouve o silente cri-cri

Coisas quais eu nunca vi
Surtem efeito em meu imo
Livros quais eu jamais li
Lançam-me ao monte e ao cimo

Estou cá, posto defronte
A Deus, Iavé e Alá
Cá eu leio Xenofonte
Embebido em meu maná

As histórias do orbe
As memórias do globo
Meu espírito absorve
E ausculta a tudo probo.

***

Xenofonte de Atenas, filósofo e historiador grego (Erkhia, Ática, c. 430 a.C. - ? c. 355 a.C). Foi discípulo de Sócrates, cujos ensinamentos o marcaram em definitivo. Sua obra inclui tratados relativos a Sócrates (Memórias de Sócrates), relatos históricos (Helênicas), obras técnicas (A economia, A equitação), políticas (A República dos Espartanos), e um romance histórico (A Educação de Ciro).

[Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998]

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