segunda-feira, 5 de abril de 2010

Fluxo Doentio

Anita Malfatti: O homem amarelo II (1915)

Eu me olho nos seus olhos
Eu me enxergo tão simplório
Pelo reflexo molhado

O que é que há em mim
Eu me vergo em meu jardim
Vou em busca de jasmins

Cavo a terra com mias mãos
Faço minha ablução
Grãos e sementes desterro

Garras ferrenhas me arranham
Soco o chão em solidão
Vozes atrozes me chamam
Não aceitam negação

São minhas as vozes
São minhas neuroses
São meus os algozes

Vozes velozes
Me tornam um celerado
Tresloucado acelerado

Não posso apartar
Virtude e pecado

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