Austera sombra silvana
Ambivalente suástica
O meu espírito emana
Da insana Via Láctea
Percorrida madrugada
Só querendo um sinal Vosso
Minha cama arrumada
E sequer dormir eu posso
Quereria eu afirmar
Hoje o dia não me agrada
Sinto falta de um mar
Mas... desculpa esfarrapada
Quentes pés na areia fria
Solidão e completude
A luzidia abadia
No campo inóspito e rude
A penitência era a lei
E por nós era seguida
Mas já pouco agora eu sei
Da sagrada e ida ermida
Pelos vícios volteei
Rebuscando uma virtude
Ser meu vitalício rei
Tão embora a vida mude
Aos céus alcei os meus sonhos
Mal meus pés roçando o chão
Os outros, tão enfadonhos
Eu gigante, o mundo anão
De antemão não saberia
Todos próximos pesares
A catástrofe do dia
Ares nada salutares
O enforcamento da alma
No patético patíbulo
A morte cruel e calma
Deste índio desgarrido
Ó, Sol, teus raios não bastam
Para alumiar-me a face
Por ter crido n'algo casto
Antes o algo me matasse
Mas morrer sem direções
Pasmo, inerte, vegetal
Dado à boca dos leões
Eis o mais supremo mal
Ter crido no colorido
Avesso ao vão preto e branco
Para achar-me aqui tolhido
Cego, surdo, mudo e manco
Estupraram meu orgulho
Restou-me este roto corpo
Na raiva e no ódio eu mergulho
Em meu panorama morto
A perspectiva infértil
Ladra uivosa do meu âmago
Já alojou-se o projétil
Tornando o vivaz em lânguido
Foram-se as minhas proezas
Exaltadas, aclamadas
Minha voz, refém e presa
Corre interminável escada
Fraqueja o brilho celeste
Minha alma gela e inverna
Não foste tu quem disseste...
Ser a vida chama eterna?
Pois a luz ensombreou-se
Mutilou-se a mão da tocha
E verteu-se amaro o doce
Do coração feito em rocha.
Ambivalente suástica
O meu espírito emana
Da insana Via Láctea
Percorrida madrugada
Só querendo um sinal Vosso
Minha cama arrumada
E sequer dormir eu posso
Quereria eu afirmar
Hoje o dia não me agrada
Sinto falta de um mar
Mas... desculpa esfarrapada
Quentes pés na areia fria
Solidão e completude
A luzidia abadia
No campo inóspito e rude
A penitência era a lei
E por nós era seguida
Mas já pouco agora eu sei
Da sagrada e ida ermida
Pelos vícios volteei
Rebuscando uma virtude
Ser meu vitalício rei
Tão embora a vida mude
Aos céus alcei os meus sonhos
Mal meus pés roçando o chão
Os outros, tão enfadonhos
Eu gigante, o mundo anão
De antemão não saberia
Todos próximos pesares
A catástrofe do dia
Ares nada salutares
O enforcamento da alma
No patético patíbulo
A morte cruel e calma
Deste índio desgarrido
Ó, Sol, teus raios não bastam
Para alumiar-me a face
Por ter crido n'algo casto
Antes o algo me matasse
Mas morrer sem direções
Pasmo, inerte, vegetal
Dado à boca dos leões
Eis o mais supremo mal
Ter crido no colorido
Avesso ao vão preto e branco
Para achar-me aqui tolhido
Cego, surdo, mudo e manco
Estupraram meu orgulho
Restou-me este roto corpo
Na raiva e no ódio eu mergulho
Em meu panorama morto
A perspectiva infértil
Ladra uivosa do meu âmago
Já alojou-se o projétil
Tornando o vivaz em lânguido
Foram-se as minhas proezas
Exaltadas, aclamadas
Minha voz, refém e presa
Corre interminável escada
Fraqueja o brilho celeste
Minha alma gela e inverna
Não foste tu quem disseste...
Ser a vida chama eterna?
Pois a luz ensombreou-se
Mutilou-se a mão da tocha
E verteu-se amaro o doce
Do coração feito em rocha.
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