segunda-feira, 14 de julho de 2008

Bossa na Oca

Faz tempo que não posto. Não é à toa. Passei a primeira semana de julho tomando vergonha e fazendo provas e trabalhos que deixara de fazer na preguiça de ir à escola nas semanas anteriores - especialmente em dias importantes.

O que é um dia importante? Não deixemos passar batido tal afirmação "deixara de ir à escola em dias importantes". Se eu fosse definir o que é importante, certamente responderia que importante é tudo aquilo que envolve o aprendizado. Bom, tendo isso como verdade, desde o momento em que nasci até o momento em que morrer, dou-lhe minha certeza de que estarei aprendendo. Como tal, todo e qualquer dia em que falto à escola ou a qualquer outra responsabilidade, não deixa de ser importante, porque se aprendo diariamente, não há como aquele dia não ser importante. Bom, isso quer dizer que menti no primeiro parágrafo. Vou procurar não fazê-no novamente.

Então, comecei a trabalhar na exposição Bossa na Oca, e percebi que para ser bem sucedido em qualquer empreendimento, 50%, no mínimo, depende de como você trata as pessoas. Bem, tratá-las bem não é exatamente a resposta. Como diz o provérbio: "Dê a João o que é de João", não adianta sair de casa com um sorriso estampado no rosto que isso pode te trazer até mais problemas - não que você esteja automaticamente impedido(a) de fazê-lo caso sinta-se a tal ponto premido pela alegria, claro. Mas a qualquer lugar que tu vás, certamente encontrarás pessoas desagradáveis - e digo, enfatizo, sublinho: certamente.

Isso não o impede de conhecer o oposto de pessoas desagradáveis, aquelas pessoas que te entenderão quando você disser que pegou um engarrafamento diabólico e demorou 1h30min para chegar ao local de trabalho, quando, de fato, gastar-se-ia no máximo 55min em um dia normal. Há as pessoas que nem mesmo querem saber disso - vão logo te julgando, porque "atrasos não são justificáveis", e isso nunca irá acontecer com elas, mesmo - então pra que ter consideração com quem afirma ter sido prejudicado excepcionalmente naquele dia pelo "eficiente" transporte público que roda sobre o asfalto? Esqueçamos o metrô, que só atrasa quando alguém tem a original idéia de se suicidar nos trilhos. Estou falando do busão. Quem nunca se atrasou que atire a primeira pedra em mim. Toma cuidado, porque se tua casa for de vidro, é perigoso a pedra rebater um dia e aí tu já sabes...

Não vou fazer propaganda da exposição Bossa na Oca. Não porque ela seja ruim, ao contrário. Mas eu trampo lá e, assim como não fico pagando pau pra ninguém, também não vou virar puxa-saco do local onde estou muito satisfatoriamente empregado.

Quero, ao invés de tratar tudo de forma superficial, submergir um pouco: o que significa trabalhar? Bom, primeiramente, trabalhar significa passar parte de seu dia empreendendo algo que envolva um resultado não somente para você, mas para o(s) outro(s). O quanto seu trabalho irá influir na vida dos outros varia, bem como seu salário e o esforço que tu empreendes para realizá-lo.

Mas não é sobre o trabalho que quero especificamente falar. É sobre o que significa, para mim, trabalhar. É assim: quando estou lá, procuro dar meu melhor. Mas assim diria qualquer charlatão. Como não posso diretamente te convencer de que dou meu máximo, posso ao menos te passar uma idéia um pouco mais objetiva sobre o que é dar "de tudo". Após ter passado três horas em pé, dar o máximo é se esticar sem desejar estar em outra localidade naquele santo momento nem reclamar de dor em algum lugar. E quando vier um visitante perguntar-lhe informações, fornecê-las como se ele(a) fosse você mesmo. Isso é literalmente pôr-se no lugar do outro.

Mas mesmo assim, desempenhando seu trabalho tão gentilmente como poderia ser, você pode, de repente, ter que ouvir poucas e boas. Por exemplo, digamos que a exposição termina às 21h. Isso implica que a bilheteria feche às 20h e informe qualquer um que entrar às 19h59min de que só irá poder desfrutar da exposição durante uma hora, no máximo. Mas digamos que a bilheteria não tenha informado o seu concidadão, visitante da exposição - e você, orientador da mesma - desse relevante fato. Até porque a exposição Bossa na Oca, para ser aproveitada integralmente, requer, na melhor das expectativas, 3h de sua vida. E essa pessoa entrou com aquela vontade de fruir inabalada, achando que - e com todo o direito de fazê-lo, tendo em vista não ter sido informada - poderia fazer um corujão ali no local museográfico. E você é aquele mané que irá acabar com o prazer do cara, porque já são 20h57min e você ainda não sabe nada do que se passa na cabaça (cabeça é para os que retêm a faculdade de pensar) do indivíduo. Então você se aproxima dele de uma forma bem pouco polida, + ou - assim: "Com licença, senhor, venho lhe informar que a exposição fecha às 21h".... mas o cara é sangue quente e não tem metade dessa falta de educação que tu teves ao dirigir-se a ele... é prescindível dizer o que aconteceu depois - quero somente salientar o fato de que dormi rezando não sei pra qual deus e sentindo as têmporas latejarem como se fossem explodir. 'Magina, é tão fácil não levar as coisas pessoalmente, quase mesmo uma característica natural entre todos nós, não é mesmo? Aposto que você também não levaria pessoalmente. Só não aposto dinheiro, porque, bem, é uma aposta um tanto arriscada...

4 comentários:

Ju [Rumy] disse...

"Quem não tem teto de vidro que atire a 1ª pedra"
Canta a Pitty em "Teto de vidro"
(foi o que lembrei quando vc disse do ônibus)

Que bom que vc tá gostando do trabalho, apesar de seus pequenos (?) contras...
Nem tudo na vida são rosas mesmo né...=P

Lucas Pascholatti Carapiá disse...

"...você ainda não sabe nada do que se passa na cabaça (cabeça é para os que retêm a faculdade de pensar) do indivíduo."

Não compreendi ao certo esta parte. Poderia me explicar?

É eu sei, estava eu lá na porta o dia que isto ocorreu!

Que situação...

Acho que trabalho seria muito mais do que 50% de tratamento interpessoal. Dizia meu professor de Kung Fu no curso de instrução que está é uma das coisas mais importantes que qualquer pessoa leva a um ambiente de lavouro. Aprendi mesmo, na prática dos meus estágios. Acho que ninguém que NÃO saiba usar desta educação chegue a roma com sua boca.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camila disse...

E tú me contastes isto pessoalmente ( se não me falha a memória ...)
como qualquer novo-trabalho temos que ter em mente que encontraremos em nosso caminho pessoas de diversas personalidades, e como relacionar-se com o "outro" é difícil ás vezes acabamos assim, mas só no começo ...

Acho que vc já superou isso!

("Toma cuidado, porque se tua casa for de vidro, é perigoso a pedra rebater um dia e aí tu já sabes..."
muito legal isso!)