terça-feira, 22 de julho de 2008

Amor

Eu estava pensando o seguinte: amor. Uma palavra tão bonita (pelo menos para a maioria das pessoas), tão cheia de significado....mas, por algum acaso do destino, dois garotos acabam gostando de uma mesma garota. Eles são da mesma escola, vêem-na todos os dias... Hum, dois garotos sentem do fundo do coração que amam uma menina. Porém, um não sabe do amor do outro. E então as coisas vão indo, até que um dia: BUM!


Um dos dois está namorando com ela e o outro não sabia que havia outro que gostava daquela mesma menina. Ele entra em desespero porque ela supostamente deveria ser SUA namorada. Aliás, ele amava tanto ela, não é mesmo?

Ou pelo menos acreditava amar. No tempo livre que ele tinha entre a escola e o técnico ele fazia a lição. E depois? Dedicava-se a escrever e pensar em poesias para sua "amada". Bom, mesmo assim, ela ficou com outro, né.... Mas por quê? Por que eles não ficaram juntos, mesmo ele gostando tanto dela? Então quer dizer que para cada casal que 'realiza' seu amor, há pessoas que ficam para trás, pois, aliás, o amor é monogâmico, certo? Quer dizer que, se um ama o outro, acabou para os demais, uma vez que o amor é restringido a no máximo duas pessoas, não é mesmo? Ué, o que era aquele amor que ele sentia, então? Uma ilusão, apenas? E todos os sentimentos tenros e bonitos e todas as poesias que ele gastara tanto tempo e tanta energia escrevendo, acreditando profundamente em tudo que fazia, porque ele achava que era tudo para ela....O que acontece com tudo isso? Lixo, apenas uma memória? Meu Deus, e a garota nem era tão bonita assim, no meio tempo outras quiseram ficar com ele e ele as recusou, porque ele acreditava que aquela era a menina da vida dele, que valia a pena deixar de ficar com as outras, mesmo sendo elas mais bonitas, porque aquela era A Menina, não era uma qualquer......

Mas ele se enganou, não é mesmo? E no final, ele concluiu que o amor é egoísta, porque ao mesmo tempo que você ama uma pessoa, você é obrigado a excluir diversas outras que crêem te amar também. Após ter refletido sobre o quanto ele errara em amar a garota errada, o quanto ele errara em olhá-la, em observá-la, em dedicar seu tempo a escrever poesias em inglês e em português para aquele anjo, aquela beldade que ele imaginava ser de outro mundo, ela o recusou.....

Mas será que ela chegou sequer a pensar no que ele fez após aquilo? Ele se matou....ele se matou. Como o amor é egoísta. Ela nem sequer ligou para a morte dele....mas se fosse a morte do namorado...ou talvez nem a do namorado. Quem sabe, é possível que ela tinha um coração de ferro, e nunca deu a mínima para nenhum garoto, mesmo....

Mas, então, o que é esse amor do qual todos gostam de falar e ninguém entende?

Hoje sei que esse amor não é amor. É uma ilusão wertheriana do que é amor e está mais próximo de uma obsessão do que qualquer outra coisa. E toda ilusão implica uma desilusão, cedo ou tarde. Sem desilusões qualquer aprendizado tornar-se-ia impossível, inconcebível, inconcretizável. Viva as desilusões! pelo aprender, pelo renovar. Pelo verdadeiro amar. Aprender a amar. Amar o aprender. Aprender = amar.

Um comentário:

Eraldo disse...

Bem, sou neófito em sua obra (escrevi alma... lapso?...xD), mas percebo que ela é marcada profundamente por uma espécie de revolta... Uma revolta doce (por isso amarga)...Ou melhor, por um grito chamando por mobilidade no meio da inércia...Isso transborda da sua prosa mais recente (até o que pude ler). Quanto aos poemas, acredito que optar pela rima, na maioria das vezes, acaba assassinando o sentimento... Acredito, pelo que percebo, que se produzisse poemas mais narrativos, ao estilo de Pneumotórax (Manuel Bandeira), eles teriam enorme força expressiva, dada a já força da sua prosa.
Eraldo