Às vezes acordo sem vontade de ir à escola. Raramente sigo essa vontade. E não me arrependo. Às vezes vou mal nas provas mesmo estudando, mas não fico mais desapontado. Se fiz o que podia, e errei em detalhes triviais, não é a nota que vai me destruir. O que me destrói é o ambiente escolar. Querer tirar as maiores notas, querer ser "o melhor da sala".... Tudo isso é bobagem. Não que a escola seja bobagem, mas estudar somente pela "recompensa" de um 10 certamente o é. Einstein não era o melhor dos alunos e, quando entrou na faculdade de física, não ia quase a aula alguma. Os professores não o conheciam. O porquê? Ele cabulava para estudar. Darwin, o homenzinho que criou a teoria da Evolução do Homem, também cabulava. Pra quê? Pra estudar espécies de besouros no campus da facul. Pois é, "melhor estudante" não está estampado na cara de ninguém. E, às vezes, até os melhores alunos repetem de ano.
Semana passada eu não fui bem nas provas, mas e daí? Li quatro livros, conversei com meus amigos, joguei sinuca e minha vida continua. Se tem uma coisa que eu venho aprendendo na escola, é que as provas não provam mesmo nada. Pelo menos não as provas da escola. A escola não é o centro das minhas atenções - eu prefiro ler a estudar, e certamente prefiro conhecer novos lugares a sentar-me todos os dias na mesma sala blasé, no mesmo ambiente que me desconcentra na hora de estudar. Se alguém já estudou ao ar livre, sem conversas intermináveis zumbindo no seu ouvido ao resolver um problema de Matemática, saberá do que eu estou falando. Às vezes aprendemos mais sem pressão de provas, sem obrigação de trabalhos, sem necessidade de acordar todos os dias antes do sol raiar. Às vezes eu estudo mais nas férias, balanceando cada hora estudada com uma cavalgada na roça, com uma pedalada no interior, com um futebol de rua. Estudar e divertir-se. Divertir-me estudando. Aprender me divertindo. Isto sim é vida. Aprender vivendo, e viver a aprender novas lições, com ou sem livros escolares, com ou sem provas - mas sempre me auto-avaliando. Não existe avaliação mais fiel do que aquela que fazemos sem nos compararmos com os outros. Pois enquanto eu não me conhecer por dentro, os outros serão sempre os outros, e eu, um indivíduo como os demais.
Grandes são os homens que se conhecem - e estão sempre aprendendo, dentro ou fora da escola. Na sala de aula fabril da escola, ou na salas de aula deste mundo. Pois o mundo é uma grande escola - e viver é o que há!
Há 9 horas
7 comentários:
Desvendando o prazer da incógnita. Descobrindo o mundo. A escola é o anti-prazer da incógnita de descobrir o mundo, de aprender com prazer. E não é atoa que ninguém aprende quase nada na escola. Quase nada. A educação brasileira é uma vergonha.
A escola em si não é ruim. A falsa disciplina que tentam impor lá dentro é o que mais nos estraga como alunos, e sempre nos deixa deficitários em uma matéria ou outra.
Platão, Sócrates e muitos outros filósofos da antigüidade sabiam mais do que filosofia: sabiam astrologia (que depois viraria astronomia), matemática, física, formulavam questões de química, procuravam sistematizar as espécies (biologia), e muito mais.
.... Talvez o maior desafio seja cada aluno dar o seu máximo tentando ligar os elos perdidos entre uma matéria e a outra.... Quem sabe?
uuual !
E salve o Fernando que é mais um que me entende =)
E Gilberto Dimenstein nos propõe a mesma idéia perante que vc tem, no livro :"Fomos maus alunos".
Pois a vida seria inútil sem o nosso auto-conhecimento.
muito bom.
vc verá o artigo que publicare agora sobre educação
Hahaha! Perfeito!
Essa filosofia eu tenho adotado há muito tempo, quando percebi que meus amigos que tiravam 10 eram mais alienados do que pareciam...
Essa postagem deve ser lida, obrigatoriamente, por muitos alunos chatos da federal que presumem ser superiores aos outros só por que tiram notas maiores... isso é deprimente.
Concordo com você, Arthur, porque eu já fui um desses alunos (chatos, que se vêem como superiores aos restantes).
Há muito mais na vida.
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