quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uma Duna una

Ah, os bárbaros berberes
Sobre as dunas do deserto
Camelos postos em série
Onde o Sol está tão perto

E a água tão distante
Nesta areia angustiante
Lunáticos beduínos
Entoando loucos hinos

Dez dromedários sedentos
Cem homens sob o céu pleno
Marcham ao oásis rente
Em seu passo penitente

E não é em busca d'água
Em busca do conhecer
O que todos vêm a ser
Dentre o mar que nos deságua

Confluindo vida e morte
Neste signo do mais forte
Quem virá prevalecer
Quando o dia amanhecer

Azenegues alma entregues
Beduí beduim - sim!
O teu não jamais nos segue
Vive a vida a vida em mim

Nossa cáfila descansa
Tudo quanto a alma alcança
Nosso caravançará
Fica onde a alma está

Costa à costa, mar a mar
Seco o solo, fértil lar
Dromedários, meus rosários
Contas do sacro colar

Pingentes do meu pescoço
Aparando o suor grosso
Escorrendo em minhas veias
Quando a lua já vai cheia

Cheios n'alma estamos nós.

2 comentários:

Renato disse...

Primavera!

Persevera na areia, chão que não vê chuva. Mas inunda vida; único jeito de vencer a adversidade desértica, que é demais, é demais, minha nossa.

Fernando disse...

É demais nos dois sentidos que demais abrange. O solo desértico coze o pão dos beduínos com seu calor de forno a sol, fogão a sol. Camelos e dromedários que chegam a ingerir 120L de água de uma golada para aguentar a rotina de intempéries solares.

50ºC durante o dia, 0ºC à noite. Sol e gelo, modos primitivos, redivivos do viver à exaustão. O que é a civilização para esses indivíduos cujos veículos são camelos e dromedários, cujas esposas recebem bofetadas quando não lhes agradam, cujos panos servem como o mais fiel filtro solar, suportando-os envoltos ao corpo no mais escaldante calor!

Haja vida!