quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eu sou sul-americano

Eu sou sul-americano
Lá dos campos de algodão
Mãos de calos - mãos de amo
Apesar da plantação

Eu sou sul-americano
Cá nos campos da canção
Onde canta o ser humano
Apesar da escravidão

Eu sou um negro africano
Longos anos desertado
No seu choro o pelicano
Me relembra emocionado

Eu sou alto e muito forte
Não confiem no meu porte
Não me deu a maior sorte
De um dia eu ter digna morte

Eu sou de cor colorido
Preto, moreno e amigo
Olhos, orelha e umbigo
Homem, humano e parido

Eu sou pai do Jazz, do Blues
Pai do Martin Luther King
Eu sou negro e vim do Sul
Serei sempre o rei do ringue

Eu sou pai do Malcom X
Billie Holiday, meu bem
Estou vivo por um triz
Minha voz é como um trem

Passa e fica para sempre
Sarah Vaughan nos cativa
Não há quem jamais se lembre
Da Nina Simone - a diva.

Não há quem se lembre e diga
Isso já foi. É passado.
Pois na noite a voz amiga
Acompanha-nos no fado.

***

Escrito após ter visto o encantador filme O Sol é Para Todos (To Kill a Mockingbird, 1962, dir. Robert Mulligan), baseado na obra homônima da escritora, também estadounidense, Nelle Harper Lee. Recomendo-os (o filme, como o livro, que há pouco li e adorei) de coração.

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