domingo, 15 de agosto de 2010

Insônia dos Sonâmbulos

Em meu sono insone os sonhos
Aparecem como alerta
São meus medos mais medonhos
A vontade me desperta

A vontade de acordar
E fazer quando acordado
E sorver de novo o ar
Majestoso desse estado

Onde as fendas mais escuras
Permanecem escancaradas
E aos meus males acho a cura
Sem a cura não sou nada

Logo desperto, adormeço
Fundas sendas sem saída
Meu retorno ao recomeço
Minha vontade esquecida

Como pude eu esquecê-la
Uma náufraga ilhada
Sem nem mesmo nunca tê-la
Nesta infinita escada

Demarcada por degraus
Perfazendo o labirinto
Onde medram bons e maus
E minhalma pouco eu sinto

Corpo e cor descompassados
Repetidos cada instante
Meus simultâneos passados
No tarô da cartomante

Morte ao bravo cavaleiro
Vida ao astuto rapaz
Paira em mim um nevoeiro
Negro, intrépido, sagaz

Anoitece novamente
Rumo ao novo limpo dia
Num mormaço deprimente
Antevendo a carestia.

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