sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Do Alto Abaixo

Minha dúvida na vida
Minha dívida de vida
Serei quem almejo eu ser
Doa muito a quem doer

Doa, fira, decepcione
Serei quem almejo eu ser
Seja eu Sérgio Leone
Venha eu recrudescer

Se o que me importa é meu ser
Esta pútrida aparência...
Ou será mia séria essência
Pronta sempre a se esconder?

Esta larga porta aberta
Do outro lado, outra vida
E eu cá ensimesmado
Vejo a reta tão comprida

Encurtado o horizonte
Olho a meta indefinida
Que podia ser mia ponte
Entre esta e outra vida

Que atravessa o alto monte
Numa trilha tão dorida
É melhor que não me conte
Nada mesmo desta vida

Antes me tornasse insano
Procurando uma resposta
Afundado em desenganos
Preso à fria e crua encosta

Pétreo e rijo nesta crosta
Já acumulada em mim
Sem qu'eu nem mexer me possa
Enxergar no chão carmim.

2 comentários:

Rose Araujo disse...

Belo!!!

:)

Fernando disse...

Rose, muito obrigado. Escrever poemas é um processo muito estranho. Sempre que alguém os elogia, critica, ou os leio novamente, tenho a nítida impressão de que eu não tenho nada a ver com a autoria dessa obra. Por mais, isto é, que tenha saído do meu próprio punho, escrito a lápis, em folhas de caderno. Que é exatamente como os escrevo.