No derradeiro momento
Na hora final. Adeus
Neste assento em que me sento
Eu morri por erros meus
Minha certeza almejada
Minha ilusão construída
Ruiu a minha morada
Destruiu a minha ermida
Confiei no corpo, inércia
De estar bem até o além
De por muitas peripécias
Encontrar-me eu lá também
Tornar-me um herói da Grécia
Enganar... não sei a quem
Fiei-me no acaso, o prazo
De chofre expirou, se foi
Veio talvez com atraso
E eu pereci como um boi
Não fosse esse sol nascente
A me dizer: ei, acorda!
Pondo-me aos olhos a lente
Ver em meu pescoço a corda
A corda da morte aqui
Enlaçada firme e forte
Por fim eu a vi, a vi
A vida rumo a um norte
Tortuosos bairros, ruas
A noite escurece o olhar
Dia a dia a alma nua
Não consegue se mirar
Se o corpo rege a mente
O tirano toma o trono
A descrente mente mente
É o meu mundo sem dono
Barreiras intransponíveis
Pedras, cacos e destroços
Desce-se ao inferno em níveis
Já não posso... eu não posso
Talvez possa e quem dirá
O contrário, a negação
Desse sonho acolá
Antevendo a salvação
Morrer de uma vez pra sempre
Sorrindo por dentro ainda
Sem vergonha que me lembre
A terrível vida infinda
Semivida dum zumbi
Semimorto, semivivo
Em seu receio de si
Sem poder dizer: eu vivo.
Desacorrentado enfim
Não nos outros, mas na vida
Não em sonho, mas em mim
Minha terra prometida
Ancorar na tempestade
Na luta épica da alma
Coroar-me majestade
No deserto que desalma
A futilidade orgânica
Duma vida sem sentido
O pó, a cinza vulcânica
Dum nobre vulcão extinto
Cospiu feroz - e morreu
Tossiu, engasgou-se em si
Embevecido no eu
Múltiplo, vário, saci
O perneta traiçoeiro
O curupira nostálgico
Meteu o pé no bueiro
Perdeu a noção do mágico
Não escondido ou obtuso
Mas real, escancarado
Ai de mim quando eu acuso
Ser a vida eterno fardo.
Na hora final. Adeus
Neste assento em que me sento
Eu morri por erros meus
Minha certeza almejada
Minha ilusão construída
Ruiu a minha morada
Destruiu a minha ermida
Confiei no corpo, inércia
De estar bem até o além
De por muitas peripécias
Encontrar-me eu lá também
Tornar-me um herói da Grécia
Enganar... não sei a quem
Fiei-me no acaso, o prazo
De chofre expirou, se foi
Veio talvez com atraso
E eu pereci como um boi
Não fosse esse sol nascente
A me dizer: ei, acorda!
Pondo-me aos olhos a lente
Ver em meu pescoço a corda
A corda da morte aqui
Enlaçada firme e forte
Por fim eu a vi, a vi
A vida rumo a um norte
Tortuosos bairros, ruas
A noite escurece o olhar
Dia a dia a alma nua
Não consegue se mirar
Se o corpo rege a mente
O tirano toma o trono
A descrente mente mente
É o meu mundo sem dono
Barreiras intransponíveis
Pedras, cacos e destroços
Desce-se ao inferno em níveis
Já não posso... eu não posso
Talvez possa e quem dirá
O contrário, a negação
Desse sonho acolá
Antevendo a salvação
Morrer de uma vez pra sempre
Sorrindo por dentro ainda
Sem vergonha que me lembre
A terrível vida infinda
Semivida dum zumbi
Semimorto, semivivo
Em seu receio de si
Sem poder dizer: eu vivo.
Desacorrentado enfim
Não nos outros, mas na vida
Não em sonho, mas em mim
Minha terra prometida
Ancorar na tempestade
Na luta épica da alma
Coroar-me majestade
No deserto que desalma
A futilidade orgânica
Duma vida sem sentido
O pó, a cinza vulcânica
Dum nobre vulcão extinto
Cospiu feroz - e morreu
Tossiu, engasgou-se em si
Embevecido no eu
Múltiplo, vário, saci
O perneta traiçoeiro
O curupira nostálgico
Meteu o pé no bueiro
Perdeu a noção do mágico
Não escondido ou obtuso
Mas real, escancarado
Ai de mim quando eu acuso
Ser a vida eterno fardo.