segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guarda-me meu bem

Certa vez uma criança
Me disse assim baixinho
Ouça tua alma que dança
Tão mansa ao som do caminho

Saracoteia, rodeia
Te faz tão feliz, não é?
Por que você a odeia?
Anda no mundo sem fé...

Teu pé metido na meia
Não cheira nunca a chulé
Tua alma dentro do corpo
Não mostra quem você é...

Trato por tu a você
Que finge jamais me ver
Sempre entretido a ler
Tudo em que você não crê

Foges de mim, foges sim
Tu corres desesperado
Tentando alcançar o alado
Ágape do querubim

Mas o amor está na terra
Se o ler não te ilumina
Não verás o fim da mina
Rodarás como uma esfera

Saber dói, mas esclarece
Se doer, sussurre a prece
Que eu hoje te ensinei
Do universo a nossa lei

Seja bom, seja sincero
Veja como eu te quero
Sempre bem, com todo esmero
Sem vã glória, lero-lero

Sempre assim te quero bem
Vosso pai e mãe também
Se tu queres ir além
Não se faça de refém

Vitimar-se é a perdição
Olha bem tua própria mão
Só há está condição
Conhecer-se de antemão

E saber-se acompanhado
Pelo céu anil dos astros
E no balouçar dos mastros
Poder rir frente ao trovão

E durante o teu cansaço
Venha unir-se ao meu abraço
Tua mãe é minha mão
E teu pai, meu coração.

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