Este incrível filme eslovaco, de Martin Sulík, tem um sabor todo próprio. Afasta-se tanto dos parâmetros holywoodianos, que merece ser reassistido. E eu me empreitei a vê-lo uma segunda vez, e não perdi absolutamente nada. Ele é dotado de uma poesia e uma linguagem raramente encontradas nos cinemas (não é à toa que o apelo de marketing deve ser baixo, e, portanto, não passa nas grandes salas).
E é claro que eu devo fazer menção a um filme que passou no Cinemark (representativo dos filmes de grande cachê), o Rede de Mentiras (Ridley Scott, 2008). Com todo respeito, Leonardo di Caprio, mas você se meteu desta vez num monturo mal-cheiroso! Uma produção estadounidense que propaga vilmente as mentirinhas do Uncle Sam para melhor dominar o mundo e as mentes fracas. Dá-me nojo e ânsia de vômito perceber que a rede de mentiras é o título mais acurado para esse esterco fílmico.
O interessante dessas produções pouco conhecidas é o fator surpresa, a genialidade. Este filme não é a usual barra vitamínica, provida dos valores diários de ação, suspense e sexo, super-energética, ou sei-lá-o-quê. Não é um Red Bull, apesar de dar asas à interpretação, à imaginação, à poetificação. Esses enlatados que tanto sucesso fazem, com sua boa dose de dentes branquíssimos, corpos delgados e malhados, plots porcos e ininspirados, merecem, todos, a velha lata de lixo. Ou a porta, que é serventia da casa aos imbuídos de um mínimo de razão e autocrítica com o que fazem da vida.
Olha, antes um filme que levante perguntas e desarme o espectador, que um arcabouço de certezas absurdas.
Vem cá, o que há com este mundo? Este mundo globalizado em matéria de ignorância e pedantismo? Quantas ferramentas não inventarão os títeres globo-governamentais para massificar os gostos, homogeneizar os hábitos, dar a mesma cara à humanidade? Anti-tabagismo, terrorismo (criado por aqueles que mais se beneficiam do caos perpetrado), novos dogmas, todas essas imposições draconianas vêm sob o mesmo rótulo: 1984, George Orwell. Novilíngua. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley. Se já leu, está na hora de reler. Se não, meu caro, você não faz idéia do cabresto que te põem na cabeça todos os dias que sai de casa para o trabalho, para a escola, para onde quer que seja.
Pfah. Sabe o que estou lendo? Isto. Dói? Dói. Saber o quanto ignoro do que se passa neste exato momento a pessoas mais infelizes do que eu, submetidas à ditadura norte-americana. Mas eu não vou enterrar minha cabeça num buraco de ilusões apetitosas, deixando minhas ancas pra fora à vontade alheia. Recuso veementemente.
I say: No. Thank you.
Há 2 horas
4 comentários:
Belo texto Pimenta! Decididamente, eu concordo com você. Tenho feito coisas contra isso, ou pensado em fazer pelo menos...
Abraços cara
Parabéns pelo texto! Você escreve muito bem! Estou louco para ver esse filme, gostaria de saber como você o assistiu. Não acho em lugar algum! Me ajuda por favor! Obrigado. Um abraço
Bruno S., Zahrada é de fato um filme sui generis,. Assim que ler isto, deixe teu email pra combinarmos local e data de empréstimo do cd com o filme, que em breve irei gravar. Ou pelo menos tentarei gravá-lo (a primeira vez falhou). Ok? Abraço.
Fernando, que notícia boa! Fez valer o meu dia. O meu email é brunicolos@hotmail.com. Tenho um monte de filmes comigo, alguns que eu mesmo fiz a legenda, poderemos fazer uma troca. Aguardo o retorno. Obrigado mais uma vez. Grande abraço.
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