À hecatombe palestina
Celestina-mãe
De toda dor do mundo
Celestina-mãe
De toda dor do mundo
Deus nos deu seu adeus final
E eu dei-me por morto
Estendido no horto
No chão lodaçal
Botinas a esmagar
Mi'a terra e meu lar
Rotinas da guerra
Sempre certa,
Nunca erra.
De viés eu vi a arma
Do gendarme a marchar
Quão vil pisada
Quão teso olhar
As reiúnas do soldado
Orgulhosas a gerar
Medo, angústia
Dor e mal-estar
As lindas, fortes
Oliveiras derrubadas
A cartada da sorte
Sob mãos ensanguentadas
Alvo de piadas
De mau gosto
Humilhados tomamos
O tabefe no rosto
Deixados e sós
Ó, pata atroz!
Mãe do terror
Quem somos nós...
Filhos da dor!
Estrangulados em nós
Da corda genocida
Netos, pais e avós
Sem teto e sem vida
Querem nossa alma
Levam-na embora
Para a casa calma
Onde o diabo mora
Ele as devora
Sem demora
Num riso amargo
Livre do encargo
Da consciência
Que chora
Deplora e
Implora
Justiça e amparo
Um'outra vida
Mas custa tão caro...
Curar tal ferida
Covarde, infligida
Num povo inocente
Essa seca cuspida
Noss'alma sente
Todo dia mentem
E consentem
C'o nosso holocausto
Digno de versos!
Digno de Fausto!
Valores inversos
E nós no calabouço
Na escuridão.
Quer tamanha tristeza...
Viver no porão
Sem a luz
Sem razão...
O suíno nos conduz
À eterna prisão
Vítimas da cruz
E da difamação
Os bravos bradarão
Contr'a cruel invasão
E ilícita pilhéria
De nossas vidas
Detidas
Torturadas
Sucumbidas
Mas a mentira...!
Convence e prevalece
Suplanta qualquer ira
O invasor enriquece
Decreta morte à Lira
E assim fenece a
Nossa Nação
Não dirigi vós preces
A esta messe
Diabólica!
Não prestai atenção
À mentirosa
Retórica!
Sob borzeguins
Nós morremos
Sob a prole do demo
Uma queda sem fim
Sob o descaramento pleno
Lento veneno...
Inoculado.
Cristo no Jardim das Oliveiras, Andrea Mantegna
(...)Chegaram a uma granja chamada Getsêmani, e Jesus diz aos seus discípulos: "Ficai aqui enquanto Eu orar."
Depois tomou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir pavor e angústia. E disse-lhes: "A Minha alma sente uma tristeza de morte; ficai aqui e vigiai."
Adiantando-Se um pouco, prostrou-Se por terra e orava para que, se fosse possível, se afastasse para longe d'Ele aquela hora. E dizia: "Abba (Pai), tudo Te é possível: afasta de Mim este cálice; contudo, não se faça o que Eu quero, mas sim o que Tu queres."
Texto bíblico: Pe. FLORENT. Jesus, A Sua vida, narrada pelos grandes artistas plásticos. Lisboa: Verbo. 1985.
Depois tomou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir pavor e angústia. E disse-lhes: "A Minha alma sente uma tristeza de morte; ficai aqui e vigiai."
Adiantando-Se um pouco, prostrou-Se por terra e orava para que, se fosse possível, se afastasse para longe d'Ele aquela hora. E dizia: "Abba (Pai), tudo Te é possível: afasta de Mim este cálice; contudo, não se faça o que Eu quero, mas sim o que Tu queres."
Texto bíblico: Pe. FLORENT. Jesus, A Sua vida, narrada pelos grandes artistas plásticos. Lisboa: Verbo. 1985.
***
Ofereço este humilde poema e a sacra dedicatória que o segue aos palestinos e em especial a Ghassan Kanafani (1936 - 1972), o escritor dessa santa terra que tanto lutou com palavras contra o estado sionista vigente em Israel, e foi por isso assassinado pelas mãos da Mossad.
***
Outros dois poemas de minha autoria com inspiração palestina:
Gaza, em brasas, gritou
Wayward road to Gaza
Gaza, em brasas, gritou
Wayward road to Gaza
4 comentários:
Caro,
Muito obrigado por seu acesso e comentários em meu BLOG. Fico feliz por saber que você está me seguindo. Gostei muito do seu BLOG etmbám vou seguí-lo. Abração. E viva a poesia!
Puxa, muito obrigado, Fernando, meu xará.
Um brinde à poesia, sempre!
Senão ela, o que seria a vida?
Volte sempre, pois serei sempre grato com suas visitas!
Linda homenagem. Linda mesmo.
Jerusalém, Bagdá... até quando perderemos nossas cidades do passado para a guerra?
Muito obrigado, Bruno! Fico feliz por ter apreciado tanto. Abraço!
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