Beduíno
Em meio ao deserto
Tórrido e distante
Lavarei mi'a vida
Num único instante
Uma bata açafrão
Usada e surrada
Será o meu roupão
E mi'a una morada
Prostrado de joelhos
Sobr'o rude chão
Cairei de velho
Na erma solidão
Do tempo me afasto
Meu ido amigo
Morrerei casto
Em nada envaidecido
A cálida temperatura
Zurzind'o meu corpo
Mi'a consciência pura
Meu cérebro absorto
A plena e funda arena
Estendendo-se sem fim
Pristina e serena
Seus ventos vêm a mim
E sobr'a lona da tenda
Fixarei mi'a vista
O pano como venda
Experiência mista
Poder mirar o céu
Qual João Batista
Ver por sob o véu
Ainda qu'eu insista
Em temer aos deuses
Em seus tantos planos
Tão puídos, tão arcanos
Tal o próprio ser humano.
Em meio ao deserto
Tórrido e distante
Lavarei mi'a vida
Num único instante
Uma bata açafrão
Usada e surrada
Será o meu roupão
E mi'a una morada
Prostrado de joelhos
Sobr'o rude chão
Cairei de velho
Na erma solidão
Do tempo me afasto
Meu ido amigo
Morrerei casto
Em nada envaidecido
A cálida temperatura
Zurzind'o meu corpo
Mi'a consciência pura
Meu cérebro absorto
A plena e funda arena
Estendendo-se sem fim
Pristina e serena
Seus ventos vêm a mim
E sobr'a lona da tenda
Fixarei mi'a vista
O pano como venda
Experiência mista
Poder mirar o céu
Qual João Batista
Ver por sob o véu
Ainda qu'eu insista
Em temer aos deuses
Em seus tantos planos
Tão puídos, tão arcanos
Tal o próprio ser humano.
2 comentários:
Se me for permitido qualificar como uma sublime descrição a sua composição, espero não incorrer em furibunda réplica, irmão! (Finado e caro Bunin que o dizia!)
E o "morrei" abaixo?
Do tempo me afasto
Meu ido amigo
Morrei casto
Em nada envaidecido
Refere-se ao amigo mesmo?
Opa, corrigirei! Era pra ser 'morrerei'. Pronto!
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