terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sorte Citadina

Qual sorte a nossa!
O perfume pós-banho
Cheirar a Tietê -
Vulgo: fossa.

Curtir o forninho do vagão
A encoxada do busão
Epa, rapaz! Ó a mão!

Funk gostoso esse, mermão
Esse samba tamém é legal
Só não quero morrer nesse caixão
Que nada tem de genial...

Passa a mutuca, Joe!
Vamo incinerar
Esse charles charmoso
Pra relaxar

O dia foi duro
A mulherada disse não
Uma puxada tudo passa
Os óio fica vermeião

Dá uma fome que embaça
E aquela sede de cão
Puxa de novo que passa...
Ah... Paz...
Essa é a nossa religião

Disse o barbudo:
A religião é o ópio do povo
Mas o povo, papudo, se encheu da analogia
A gente quer é maconha
E fumar sem vergonha...
Nossa ordinária orgia

Pão e circo que nada...
A gente é mais beque e muié pelada...

2 comentários:

Marina disse...

acabou com qualquer comentário que eu poderia fazer (y'
simplesmente...(me faltam adjetivos)
tem toda a musicalidade e todo o recheio crítico das idéias das música de Gabriel, O Pensador...lembrei dele enquanto lia.
parabéns!!

Fernando disse...

Gabriel, O Pensador é a genialidade e a criatividade líricas incorporadas. Admiro esse cara, e pode ter certeza que compus tendo em mente o trabalho dele.

A musicalidade não está perfeita, mas tentei dar um toque do cotidiano, algo que pudesse ser dito, declamado - abdiquei da temática pequeno-burguesa nesse poema.

Rs.