Em Lettre Paysanne, Safi Faye mostra um árido vilarejo no Senegal, do qual Ngor, jovem que se deseja casar com a bela Coumba, vê-se forçado a sair, partindo à cidade. Chegando lá, passa do emprego ao desemprego numa questão praticamente diária.
Se fosse por incompetência, estaria esgotado o assunto, Mas o fato é que Ngor se depara com hábeis e falaciosos empregadores, que após se utilizarem dos frutos da mão-de-obra do camponês, sabem com ardil alegar falhas ou má-fé no serviço, contra o que Ngor há de aprender a lidar.
Após breve estadia, o jovem retorna à aldeia e é recebido com pompa - é chegada a hora da colheita!
Filme com tom otimista, contrastando os 'passos mágicos' do Bobo ("feiticeiro") da aldeola, com o incessante bruaá da cidade, sem apelar à ridicularização ou estipulação do que seria o retrógrado e o moderno.
Tal qual Fad'Jal(Safi Faye, 1979), Crônica Camponesa é um retrato descompromissado da vida africana na seara, da seara, justapondo as alegrias e agruras dum povo intrinsicamente ligado à terra, no cultivo e usufruto de seus bens.
Refulgem de beleza as tomadas que registram o cultivo e semeadura coletivos, duras fainas suavizadas ao som de canções entoadas pelo grupo, às vezes alternando o coro dos mais velhos, seguido dos mais novos, resultando numa música revigorante, estimulante, de todo modo gratificante.
É belo. É a expressão cultural do lavrar cotidiano.
Há 5 horas
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