(fonte)
Em Fary L'anesse, o diretor senegalense Mansour Sora Wade presenteia-nos com um causo curioso. Serigne Ibra, um camponês rico, solteiro, e dotado dum gênio um tanto forte, decide por casar-se, mas com uma condição: sua esposa tem de ser perfeita - ele não aceita um defeito físico qualquer - é sua tia quem inspeciona as candidatas.
Ricardo Reis resume maravilhosamente bem a parábola numa de suas odes:
QUER POUCO: terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.
Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre: quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.
Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre: quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses.
Como já diziam meus avós, "Quem tudo quer, nada tem". A surpresa que o filme guarda é a magia e o encanto. É a viva representação duma fábula digna de Esopo.
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