Fizeram de mim
Um covarde
Desceram o porrete
Sem ruído e
Sem alarde
Minha face carmim
De sangue que arde
Diminuído, preso
Esvozeando a verdade
Sair ileso
Não saí
De golpe a golpe
Eu caí
O corpo resiste
Ante à violência gratuita
Mas a alma fica triste
E perde-se a luta
Minhas primas amadas!
Rodeando mi'a cabeça
Quero amar-vos muito ainda
Antes qu'eu faleça
Abraçar-vos sorrindo
Neste dia luminoso
Límpido e lindo
Mas eis-me jogado
Na suja sarjeta
Amaldiçoada seja
A ditadura seca!
Espreitando da esquina
Nos lança ao porão
Os fortes extermina
Pouco a pouco matarão
Na truculência mesquinha
A esperança dum mundo são
Os verdugos edazes
Sulcando a estrada
Depredando cartazes
E a liberdade cassada
Um sombrio futuro
Paira sobre nós
Cercados de muros
Cerceados e sós
Por isso eu juro
Erguer a minha voz
Contra o infame monturo
A acercar-se de nós.
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crédito à imagem: Policiais da cidade de Selma, Alabama (EUA) detêm manifestantes pacíficos, na década de 1960.
crédito à imagem: Policiais da cidade de Selma, Alabama (EUA) detêm manifestantes pacíficos, na década de 1960.
2 comentários:
A liberdade contém todos os direitos.
Pois então gozamos apenas parcialmente dessa liberdade. O direito a protesto político está contido na Constituição, mas parece estar sujeito à livre interpretação dos governantes e seus subordinados.
Se estiver ferindo grandes interesses, é melhor ceifar esse "pequeno" direito de forma que apenas os próprios manifestantes fiquem sabendo, e sejam alvo de dúvidas de quem quer que seja que ouvir, posteriormente, sua história.
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