sábado, 17 de abril de 2010

O que o vento não leva


Ver o verde de verdade
Vislumbrar a tal visão
A virtude e a vaidade
Já vêm vivas no verão

Viver sem ver a verdade
Dói-me enquanto humano
Vejo apenas veleidades
O obscuro véu insano

Vilifico minha vida
Em busca de instantes
Desvaneço em mia lida
E vivo inconstante

Em vão verto o vaso
De vinho vermelho e velho
Eu sou oco e raso
E ainda em mim me espelho

Sou o oco eco seco
A ruflar no mar vazio
Trecos, cacos, cacarecos
De meu terreno baldio

Vinténs voando ao vento
Varridos e sem valor
Serei eu este momento
Sem vocábulos de amor?

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