Nasce um pássaro de fogo
Denso silêncio da selva
No principado de Togo
Ensombrecido na névoa
Penas queimadas-carvão
Olhos brancos perolados
Perfuram a negridão
E a tumba do passado
Penetrar a ignorância
As chagas da violência
O destino ao qual se lança
Desd'a virgem mata densa
Crer ainda em homens sãos
Tira suas noites de sono
Um véu se põe entre irmãos
E os lega ao abandono
Como pode alguém ser dono
De alheia alma outra vida
Na alheia terra, o colono
Roga a um Deus fratricida
Ora em sua súplice hipócrita
Nomeia a si ortodoxo
Gera a irmandade inóspita
Engendra o seu paradoxo
Reza a si boas-venturas
Faz do vizinho seu pária
Leva uma vida segura
Entrega o outro à malária
"Demonizar-te eu irei!"
O algoz parece dizer
"Súdito, sou o teu rei!
Curva-te sob o poder!"
Tiranias e massacres
Vê do alto o sóbrio pássaro
Ó, Pandora, não há lacre...
O mundo é o enfermo Lázaro
Haverá hoje um Jesus...
Que o possa ressuscitar?
Sobram mártires na cruz
Negras candeias no altar
Sobram cárceres sem luz
Infames peias no lar
As verdades, quem traduz
Vira oferenda no altar
Falsidades vêm à luz
Quem quererá as olhar...
Mas o pisado alcaçuz
Derrubará o altar
Denso silêncio da selva
No principado de Togo
Ensombrecido na névoa
Penas queimadas-carvão
Olhos brancos perolados
Perfuram a negridão
E a tumba do passado
Penetrar a ignorância
As chagas da violência
O destino ao qual se lança
Desd'a virgem mata densa
Crer ainda em homens sãos
Tira suas noites de sono
Um véu se põe entre irmãos
E os lega ao abandono
Como pode alguém ser dono
De alheia alma outra vida
Na alheia terra, o colono
Roga a um Deus fratricida
Ora em sua súplice hipócrita
Nomeia a si ortodoxo
Gera a irmandade inóspita
Engendra o seu paradoxo
Reza a si boas-venturas
Faz do vizinho seu pária
Leva uma vida segura
Entrega o outro à malária
"Demonizar-te eu irei!"
O algoz parece dizer
"Súdito, sou o teu rei!
Curva-te sob o poder!"
Tiranias e massacres
Vê do alto o sóbrio pássaro
Ó, Pandora, não há lacre...
O mundo é o enfermo Lázaro
Haverá hoje um Jesus...
Que o possa ressuscitar?
Sobram mártires na cruz
Negras candeias no altar
Sobram cárceres sem luz
Infames peias no lar
As verdades, quem traduz
Vira oferenda no altar
Falsidades vêm à luz
Quem quererá as olhar...
Mas o pisado alcaçuz
Derrubará o altar
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