domingo, 11 de abril de 2010

Maria


Um doce de moça
Me faz companhia
Um beijo que fosse
É nossa alegria

Tão bem lava a louça
Tão bem limpa a pia
Que prazer de moça
Mia virgem Maria

Gostoso ela ri
Cheinha de luz
Seus lábios sorri
E me põe na cruz

Tão pura, tão simples
Maria, Maria
"Cadê teus requintes?"
A gente dizia

A moça é comadre
Na dança arrepia
Atrai até padre
Tão bem rodopia

Maria, Maria
Você se escondia
Debaixo da pia
Brilhava e sorria

Maria, Maria
Tu és estrangeira
De Andaluzia
Lá eras parteira

Ao mundo trazia
Crianças prendadas
A grande alegria
Em ti revelada

Nasciam sorrindo
Olhando pra ti
O céu se abrindo
De estares ali

Um mundo magia
Pulava o saci
Maria, Maria
Tão bela te vi

Daria hoje tudo
Pra ver-te de novo
O sol rechonchudo
Eu louvo, eu louvo

***

Escrito após assistir ao lindo filme Mutum (2007, dir. Sandra Kogut), baseado livremente em um conto de João Guimarães Rosa - conto este que eu particularmente desconheço. Um filme muito inspirador, por remontar as origens do meu próprio pai. Maria, um nome tão comum, pode se transbordar de um sentimento bem incomum neste mundo nosso: o amor cordial, fraterno, ingênuo: o único real amor.

Nenhum comentário: