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domingo, 28 de março de 2010
Vida versus obra
Vida é uma coisa, obra é outra. O intelecto é incapaz de guiar igualmente duas substâncias tão distintas entre si. Valho-me de palavras na arte, e delas erijo um mundo próprio a si, conquanto na vida valho-me de ações - e não há outro modo.
As palavras visam o mundo numênico kantiano: a impalpável realidade pressentida, cogitada, mas ainda assim alheia. Essa realidade de caráter etéreo e tangível ao espírito é o eremitério do artista. O artista como um estranho ao mundo que habita, pois a ele sente não pertencer.
Sobretudo a essa sordidez e a à frígida, leviana concupiscência predominante, mascarante, massacrante. Conquanto viva na efemeridade mundana, o poeta desde cedo entrevê uma essência tênue e atemporariamente eterna, mantenedora da ordem do universo. Um universo que misteriosamente rompe com as barreiras de seu mundo e de sua frívola, diminuta consciência. O poeta é pequeno - o universo, infindo.
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3 comentários:
Parabéns!Belas palavras e bela homenagem ao grande gênio René Magritte!
Muito bom. Bela definição de poeta.
Obrigado, Edison e Glen. É no entanto um texto bastante sucinto.
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