Não fosse
Minha parva ignorância
E insuportável ânsia
De sempre saber mais
De arpão em mãos
Ou longa lança
Zarparia ao oceano
De aventuras viveria
Ereto sobr'a proa
Meu maná minha magia
Ver o mar bravio qu'escoa
Mal abre o corpo imenso
E fecha-se sem rastro
O céu de nuvens denso
Abala forte o mastro
Castro Alves poetava
Sobr'o navio negreiro
A insuperável saga
Do poeta condoreiro
Mi'a jangada não faz jus
À nau colossal
Que os cativos aduz
O bem sob o mal
Tantos negros deportados
Das suas pátrias natais
Em um tal vil estado
Um não poder sofrer mais
Uma cifra de milhões
Pouco ou nada diz
É preciso ter colhões
Pr'ainda assim ser feliz
Rebaixados como feras
Rudemente engaiolados
A infernal quimera
Gania o seu rosnado
Plaga branca, pele negra
Aferidos como posse
Uma vida tão acerba
Que de câimbras se contorce
A palavra da dor
Lavrava o bruto solo
Tão difícil até compor
Um mero e ralo consolo
Subjugados à faina
Do diário labor
O suor escravizado
Em nada tentador
A dor não amaina
Tão-só molesta
As vaias da História
Timbradas na testa.
Minha parva ignorância
E insuportável ânsia
De sempre saber mais
De arpão em mãos
Ou longa lança
Zarparia ao oceano
De aventuras viveria
Ereto sobr'a proa
Meu maná minha magia
Ver o mar bravio qu'escoa
Mal abre o corpo imenso
E fecha-se sem rastro
O céu de nuvens denso
Abala forte o mastro
Castro Alves poetava
Sobr'o navio negreiro
A insuperável saga
Do poeta condoreiro
Mi'a jangada não faz jus
À nau colossal
Que os cativos aduz
O bem sob o mal
Tantos negros deportados
Das suas pátrias natais
Em um tal vil estado
Um não poder sofrer mais
Uma cifra de milhões
Pouco ou nada diz
É preciso ter colhões
Pr'ainda assim ser feliz
Rebaixados como feras
Rudemente engaiolados
A infernal quimera
Gania o seu rosnado
Plaga branca, pele negra
Aferidos como posse
Uma vida tão acerba
Que de câimbras se contorce
A palavra da dor
Lavrava o bruto solo
Tão difícil até compor
Um mero e ralo consolo
Subjugados à faina
Do diário labor
O suor escravizado
Em nada tentador
A dor não amaina
Tão-só molesta
As vaias da História
Timbradas na testa.
2 comentários:
Gosto muito da sua escrita e de encontrar estilos dentro do seu próprio, o que eu iria citar mudou no meio do texto.
Basta dizer que os primeiro livro que li de poesia era de Castro Alves.
Abraços
hehe... Muito obrigado, meu caro Joakim. Sabe, às vezes me pego relendo um poema ou outro meu e refletindo sobre qual é o papel da arte nos tempos atuais? Como fazer face à contemporaneidade? Daria assunto pra horas, mas acho digno revelar que eu mesmo nutro esta ou aquela dúvida, não vejo o que escrevo como totipotente.
Muitas são as vezes em que me encontro no ato de escrever, para logo depois me perder novamente. Mas o que não se pode é largar mão da esperança.
Eu adoro livros de poesias. Estou querendo ler agora Manuel Curros Enríquez, um poeta galego. E eu também li Castro Alves. Acho-o soberbo, não importa o que digam os contemporâneos.
Arte é arte e ponto final. Se alguns creem fazer melhor hoje em dia, ótimo. Que contribuam também! Mas sem menoscabar os idos feitos poéticos. Isso jamais.
Abraço!
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